U.K. - Danger Money


Segundo e último album de estúdio da banda com Terry Bozzio assumindo a bateria. O som apresenta um trabalho excepcional de sintetizadores por Eddie Jobson e baixo e vocal de John Wetton.
Mesmo não sendo tão forte como seu predecessor auto-intitulado, continua uma deliciosa fatia do rock progressivo dos anos 70 (apesar da capa desanimadora).
Dangerously well played.


Garota fantasma com caganeira. Escatologia do além.

Yes - 90125 [Remastered Expanded Edition]


Uma surpreendente reinvenção de uma banda que muitos davam como morta, "90125" foi o album que introduziu uma nova geração inteira para o Yes. Começou como Cinema, uma banda nova de Chris Squire e Alan White, o projeto cresceu até incluir a produção esperta de Trevor Horn, o sangue novo (e distintivo som de guitarra dos anos 80) de Trevor Rabin, e de lambuja os vocais marcantes do fundador que retornava Jon Anderson. Sua reinclusão garantiu que Rabin e Horn tivessem uma inflência pesada no som. O album também marcou o retorno do tecladista prodígio Tony Kaye, que descascou um trabalho de sintetizadores em "Changes" marcando uma quebra definitiva da banda com suas raízes arte rock. "Owner of a Lonely Heart" foi um imenso sucesso em vários âmbitos, e sua quebrada orquestral foi sampleada largamente por rappers desde então. As harmonias vocais de "Leave It" e a lindamente fundada "Hearts" são destaques adicionais, apesar de não haver alguma faixa relamente ruim para citar.
The 80s re-born.

Rush - Caress of Steel

Quando Rush terminou seu terceiro album, "Caress of Steel", o trio tinha certeza que criou sua maior obra prima. Mas quando o album caiu das paradas logo após o lançamento, ficou provado outra coisa. Ainda que tenha sido o primeiro lançamento do Rush que explorou completamente seu lado rock progressivo, ele não contém os cativantes e mais tradicionais elementos de seu trabalho popular posterior. Frequentemente é muito pretencioso e indulgente para uma audiência de rock mainstream apegar-se. E mesmo que o Rush tenha sido excelente em compor longas canções, as duas músicas grandes do album, "The Necromancer" de 12 minutos e meio e "The Fountain of Lamneth" de quase 20, mostram que a banda ainda estava longe de aperfeiçoar o formato. O lado A do antigo vinil contém duas faixas fortes e mais sucintas, a abertura empolgante, "Bastille Day", e a mais relaxada "Lakeside Park", ambas as quais tornariam-se parte do repertório da banda para shows nos anos 70. Mas a fraquíssima "I Think I´m Going Bald" (que liricamente lida com o envelhecer) beira o ridículo, o que confirma que "Caress of Steel" é um dos albuns mais fora de foco do Rush.
Maybe underrated, whatever.


Devo - Freedom of Choice


Com "Freedom of Choice", Devo completou sua transição para um grupo de synth-pop amadurecido, produzindo seu esforço mais musicalmente coesivo no processo. Os sintetizadores passaram a ser totalmente integrados no som da banda, frequentemente dominando os arranjos e pelo menos dividindo igual espaço com as guitarras. Tudo é tocado com uma polidez e precisão bem legal que reflete a uniformidade estilizada no visual da banda. A dissonância é mais controlada que no passado, e os ritmos tensos deixaram de ser tão perturbadores, ao invés disso colocando a banda em prumo. Estranhamente, mesmo que a música seja a menos humanamente tocada que o Devo jamais produziu, as observações sociais deles estavam crescendo menos insulares e mais empáticas. Vários sons (como a frequentemente copiada "Girl U Want") têm uma angústia romântica nerd que era novidade nos albuns do Devo, mesmo que a visão da banda sobre relacionamentos seja ocasionalmente colorida pelos seus temas culturais de competição e dominação. Essas preocupações dão a pista para o single de sucesso que veio no disco, "Whip It", apesar de em todo o resto, eles estarem encontrando conexão suficiente com o resto do mundo para moderar seus cinismos, pelo menos um pouco. Músicas como "Gates of Steel", "Planet Earth" e a faixa título revelam um idealismo frustrado por trás de suas ironias, um idealismo que não consegue entender por quê os americanos não fazem mais uso de suas liberdades para encontrar felicidade. No geral, há um pouco menos da energia do começo, e também um pouco menos de variedade. Mas as letras estão em um nível de consistente qualidade, e mais adiante, a música de "Freedom of Choice" é o som que define Devo na mente de muitos. Para finalizar, um album essencial para qualquer coleção.
I love Devo fck yea!

Rollins Band - Weight


Em "Weight", Rollins Band consegue misturar punk, jazz e progressivo transformado tudo em um hard rock/metal bem doido. As letras de Henry Rollins também começaram a sair de sua implacável auto-crítica, dando um toque de humor à sua auto-flagelação. A nova dimensão lírica acabou dando uma profundidade maior ao som da banda, fazendo de "Weight" o melhor album deles até então.
Though Rollins as usual.

O espantalho do mal das colheitas malditas do Piaui.

Jane´s Addiction - Strays


Mais de duas décadas atrás, Jane´s Addiction emergiu da bagunçada cena punk/metal/glam de Los Angeles como uma bola de sons e imagens mutantes. Liderada pelo enigmático Perry Farrel, a banda lançou-se à frente com sua mistura única de influências musicais, abrindo caminho para o gênero que tornaria-se conhecido como alternativo.
Uma breve carreira se encerrava enquanto a banda desmontava-se em uma névoa de drogas e amargura, deixando somente um punhado de registros (com uma impressionante reputação entretanto) como legado. A importância de Janes´s Addiction para a germinação da música dos anos 90 é uma dádiva, e é surpreendentemente irônico que o grupo não estivesse em pé tempo suficiente para aproveitar os resultados. Depois do grupo desmanchar-se, Farrel formou o Porno For Pyros com o baterista Stephen Perkins, e alavancou o conceito do bem sucedido festival Lollapalooza. O baixista Eric Avery buscou outros interesses, enquanto o guitarrista Dave Navarro focou-se em seu talento como membro substituto no Red Hot Chili Peppers (A relação incestuosa entre Jane´s e Peppers continuou, até o ás baixista dos Chili, Flea juntou-se a Navarro, Farrel e Perkins por um breve período em 1997).
Após tão extenso período de tempo separados, parecia pouco provável que Jane´s Addiction se reconciliaria para gravar um novo album, tão pouco produzir um belo trabalho como "Strays". Foi exatamente o que a banda fez.
Mais velhos, mais maduros, mais tolerantes, e em geral mais limpos, Farrell, Navarro e Perkins juntaram forças com o baixista Chris Chaney na versão novo milênio de seu reverenciado grupo (Avery preferiu não voltar grande parte por suas pendengas ainda existentes com Farrell). Enquanto os fãs leais ficaram felicíssimos com o novo disco, ele foi um salto à frente do Jane´s Addiction que as pessoas conheciam e amavam de muitos anos atrás.
Talvez um sinal do amadurecimento do grupo, talvez meramente um reflexo dos novos tempos, "Strays" é um album de rock feito a nível de expert, com uma latente falta da sensibilidade alternativa da Jane´s do início. O choro agudo atormentado de Farrell se foi, substituído ao invés por vocais mais ricos e cheios de emoção. O estilo poderoso porém limitado de Navarro amadureceu em riffs pesados mais ornamentados remanescentes dos melhores trabalhos de Slash. A bateria de Perkins é complementada pelo alto nível de estúdio de Chaney, fazendo assim uma fundação rítmica precisa. Adicione à mistura os talentos monstruosos de Bob Ezrin na produção, o resultado final acaba sendo "Strays".
A visão e as letras de Farrell sempre foram a força guia por trás dos sucessos gravados da banda, particularmente o aclamado album "Ritual de lo Habitual". Há lembranças do som tradicional da Jane´s nas novas canções "Price I Pay" e "Everybody´s Friend", onde a sensibilidade de Farrell é enfatizada pela familiar melancolia, fazendo esse par de faixas ficar o mais perto do Jane´s antigo do que qualquer outra em "Strays". Mesmo que o conteúdo lírico do album seja consistentemente forte, as nove faixas restantes adquirem verdadeira vida através do eletrizante trabalho de guitarra de Navarro. "True Nature" e "Just Because" podem ter sido mais visíveis por causa da exposição de radio/video, mas "Superhero" e "Wrong Girl" servem como a revelação do guitarrista, enquanto ele impressiona os ouvintes com uma superba execução e estampa o album com seu distinto estilo pesado.
Até mesmo Perkins teve a chance de curtir estar sob os holofotes, quando sua feroz bateria abre caminho em "Hypersonic", três minutos e meio de boa música veloz. É facilmente a faixa mais dinâmica das 11 oferecidas.
No começo dos 90, comparações entre Jane´s Addiction e bandas de rock pesadas poderiam ser vistas como heresias de música alternativa. Dito isso, essa nova encarnação da banda, com seu som mais orientado para os riffs, lembra mais de perto a destreza original de Led Zeppelin do que qualquer coisa da era original da Jane´s.
O album de qualquer forma recebeu críticas positivas em geral e serviu como um reencontro longamente esperado pelos fãs. Além do mais, mostrou um amadurecimento da banda em vários sentidos, inclusive entre eles mesmos e suas desavenças do passado.
This addiction isn´t bad for you.


Nat King Cole - Nat King Cole Sings/George Shearing Plays


Mesmo que teria sido mais interessante escutar Nat Cole tocar o piano e talvez acompanhar um vocal de George Shearing ao invés de exclusivamente da outra maneira, esta sessão gravada foi um grande sucesso. Cole está em plena forma em canções como "September Song", "Pick Yourself Up" e "Serenata". O acompanhamento de Shearing é de bom gosto e um pouco suingado, os arranjos de cordas ajudam a acentuar os climas românticos.
Som de macho.
An album for the ages.

  


Para conseguir mais liberdade musical, Charles assinou com a ABC Paramount e conseguiu tirar vantagem de seu contrato de "cláusula de liberdade artística" com esta coleção de velhos clássicos country repaginados. Cobrindo um período de 1939 até o começo dos anos 60, as 12 faixas aqui tocam um tempo antigo ("It Makes No Difference To Me Now" de Floy Tillman), honky tonk (três canções de Hank Williams), e os primeiros countrypolitanos ("I Can´t Stop Loving You" de Don Gibson). Além de uma subida ao Top Ten com "You Don´t Know Me" de Eddy Arnold, o cover de Don Gibson foi o que realmente manteve Ray no topo das paradas por quase três mese e lhe trouxe fama internacional. Um album com performances únicas e imortais.
Old but still unique.




Mimi´s Art - Stop!


In the name of looooooooooove!

Van Morrison - Days Like This


Van Morrison é um letrista. Ele é pago para escrever sobre romance. Nós sabemos disso porque ele nos diz em "Songwriter". Uma lista de clichés, presumidamente para ser irônico. A canção sem querer revela o problema com "Days Like This". Van Morrison está só fazendo mais um disco. "Days Like This" desliza sobre as bordas irregulares do predominantemente R&B "Too Long in Exile", sem retornar para as explorações jazzísticas meditativas de seus trabalhos dos anos 80. Ao invés, o album resultante é completamente competente porém um trabalho pop-R&B sem inspiração, com Van soando como se não desse a mínima para as palavras saindo de sua boca. E isso, de certa forma, explica as rimas vazias de "Songwriter". É apenas um trabalho e Van será pago da qualquer jeito.
Para não ser injusto, devo destacar a faixa título. Uma bonita canção com a participação da bela Kate St John no sax alto.
Transition album, not that Van the Man people used to know.



The Doors - Morrison Hotel


"Morrison Hotel" abre com um blues rock cru e poderoso chamado "Roadhouse Blues". Apresenta um piano afiado, guitarra intensa e feroz, e um dos vocais mais apimentados e convincentes que Jim Morrison jamais gravou. Esse é  um hard rock raivoso o qual The Doors sempre fez de melhor, e nos deram tão raramente, essa faixa é uma de suas melhores, com uma letra amarga que soa friamente, verdadadeira: "I woke up this morning and I got myself a beer/The future's uncertain and the end is always near."
De lá em diante, entretanto, a coisa vai quase toda ladeira abaixo. Realmente uma pena, também, porque de alguma forma enquanto alguns tinham grandes esperanças sobre o album e queriam muito acreditar que seria bom enquanto outros ficaram simplesmente com medo de escutá-lo quando foi finalmente lançado. A música afunda em um tipo de amor meia-bomba, com arranjos mecânicos esteriotipados de rock que tanto atrapalharam os sons do passado dos Doors. "Blues Sunday" e "Indian Summer" são mais duas peças insipidamente líricas vocalizadas por Morrison em seu estilo Hoagy Carmichael sacarinado. "Maggie M´Gill" é uma progressão monótona na veia de (mas nem perto da relevância de) "Not to Touch the Earth", e "You Make Me Real" é um hipertireoidismo de energia manufaturada digno de milhares de grupos medíocres.
Reconhecidamente, essas são as piores faixas, o resto varia entre o meramente escutável e uma vaga lembrança do brilho de "Roadhouse Blues" ou a alegre e contagiante "Land Ho!", uma daquelas músicas bobinhas que podem acabar tirando um sorriso de sua face toda vez que tocam.
Este poderia ter sido um grande album. Mas a inegável verdade, que parece ser um problema grande demais para se ignorar tratando-se dos Doors, é que quase tudo vem das mesmas coisas já feitas em todos os outros albuns. É impossível julgar fora do contexto do resto do trabalho da banda. A guitarra reptiliana de Robbie Kreiger, e o orgão de carnaval de New Orleans e pianos de bordel de Manzarek são o perfeito complemento para as visões rococó de Morrison. Mas todos nós já ouvimos isso, exaustivamente antes, e o poço da inspiração deles parecia estar secando. Acaba sendo um disco para os mais interessados no grupo.
Strong start, weak finish.