High on Fire - Blessed Black Wings


Para alguns fãs, a notícia de que Steve Albini tinha sido indicado para produzir o terceiro album do High on Fire foi motivo de grandes preocupações por vários motivos. A maior delas, o renomado produtor de rock alternativo tem uma notoriedade em deixar os sons das guitarras ultra comprimidos. O que parecia ser um grande contra com a arma mais letal do trio da California: a riffagem estrondosa do guitarrista e homem de frente Matt Pike. Felizmente, tais temores provaram-se injustificados quando o resultado final, "Blessed Black Wings" de 2005, apareceu esbofeteando com um heavy metal galopante com cada nível de volume e distorção do famoso album anterior, "Surrounded by Thieves". Até então tudo bem mas a pergunta que não queria calar tornou-se então: "Os dois albuns são muito parecidos?" Esteticamente, a resposta mais acertada seria sim, sendo que a seção rítmica do High on Fire (agora com a participação do novo baixista Joe Preston, juntando-se ao baterista de longa data Des Kensel) continua moendo seus ritmos, e a supremacia nas seis cordas de Pike continua imperando, seus solos continuam prostrando-se perante o massacre neolítico de power chords com suas paletadas. Faixas como "Devilution", "Cometh Down Hessian" e "Silver Back" são cospe fogo, porradarias semi-thrash. O metal velha guarda retumbando na faixa título e a última instrumental "Sons of Thunder" são claramente reverenciais ao amado de Pike, Celtic Frost. O impressionante colosso de power chords "Brother in the Wind", de arrancar pele da ponta dos dedos, facilmente qualifica-se como ponto alto da carreira da banda tão quanto qualquer coisa de seu predecessor "Surrounded by Thieves". De fato, "Blessed Black Wings" poderia ter usado mais apelo épico de seu predecessor, porém tem algumas nuances diferentes do usual da banda como as passagens mais limpas e semi grunges em "The Face of Oblivion" e na já tocada ao vivo na época "To Cross the Bridge", alguns elementos punks obscuros nos riffs apertados de "Anointing of Seer", tudo isso prova uma sutil inovação. Em outras palavras, o grosso de "Blessed Black Wings" segue a mesma fórmula que provou-se bem sucedida para o High on Fire anteriormente. Talvez até um problema para o futuro, mas dificilmente uma coisa ruim sendo que o ponto de origem foi algo que deu muito certo. E a verdade é que, poucas bandas seriam capazes de atingir um heavy metal tão visceral e ainda assim moderno, mesmo em seus momentos mais insiprados.
Accessible straight to the point metal.

Mastodon - Blood Mountain


O metal em excesso voltou: como prova principal veio "Blood Mountain" após a grande façanha de 2004, "Leviathan", que pegou "Moby Dick" de Herman Melville e repaginou-o em uma canção de marinheiros infernal dos mares profundos. A banda de Atlanta consiste de quatro caras que parecem mecânicos tatuados, mas soam como se usassem capas e cuspissem fogo. "Blood Mountain" transforma embromações de auto-ajuda sobre superar grandes obstáculos em uma jornada fascinante de ficção através de uma terra infestada de bestas ou feras, incluindo um ciclope ("Circle Cysquatch"), guerreiros do povo árvore ("Colony of Birchmen") e algum tipo de gigante adormecido. Por baixo de todo esse sangue e trovão medievais existem na verdade tonalidades transbordantes com riffs à la montanha russa ("Bladecatcher" merece uma indicação para o Air Guitar Hall of Fame), sensações de estar perdido em catacumbas ("Sleeping Giant") e traçantes ofuscantes de brilho estelar acústico ("Pendulous Skin"). Melodia interessa tanto quanto porradaria, e as traiçoeiras mudanças de tempo são conduzidas brilhantemente pelo baterista Brann Dailor, que transforma "Capillarian Crest" em uma estonteante perseguição através de uma nevasca. Sim, algumas vezes mais é melhor.
Brutal yet beautiful.

Dying Fetus - War of Attrition


O lançamento de 2007 do Dying Fetus, "War of Attrition" continuou no mesmo caminho de metal extremo que eles seguiram através da carreira toda. Em outras palavras, letras indecifráveis (mas fica fácil deduzir que são malvadonas), bateria precisa no metrônomo e riffs técnicos agressivos sem parar. O album veio com uma formação completamente reformulada, exceto pelo vocalista principal e guitarra John Gallagher. A banda continuou uma máquina afiada de metal. Tanto que em certos pontos, parece que são máquinas mesmo tocando para eles, especialmente em faixas como "Fate of the Condemned" e "Insidious Repression". Este sexto lançamento da banda é basicamente um death metal tocado com precisão extrema, ponto final.
Intense death metal.


Com suas composições intrincadas de dar nó na cabeça e aquela ferocidade urbana, o primeiro album do Suffocation, "Effigy of the Forgotten", deu um verdadeiro modelo para o death metal dos anos 90. Então a expectativa para o album seguinte estava bem elevada. O pior aconteceu com este album de 1993, que foi duramente criticados pelos fãs e mídia por vários motivos, desde sua curta duração até a repetição da mesma fórmula de seu predecessor (um pouco injusto pois o som continuou mais complexo aqui), e talvez a crítica mais justa seria a mixagem final bem porca que carece das linhas de grave do "Effigy". Sem dúvida as navalhadas acústicas de "Beginning of Sorrow", "Anomalistic Offerings" e a faixa título perderam todo seu fio, enquanto faixas secundárias como "Marital Decimation" e "Ornaments of Decrepancy" caíram em um embolado marasmo death metal. A performance da banda certamente não perdeu a intensidade, com os guitarristas Doug Cerrito e Terrance Hobbs e suas guitarras hiperativas e técnicas (mesmo que algo tenha se perdido na cocofonia geral), o baterista Mike Smith moendo com seus blastbeats manuais e o monstrinho da bolacha Frank Mullen urrando ininteligivel porém convincente, como esperado. Dito isso tudo, ninguém irá negar que "Breeding the Spawn" falhou em pegar a tocha acendida pelo seu predecessor, porém não mancha seu legado, e mesmo assim seria recomendado para qualquer fã de carteirinha da banda.
Terrible production.

Autopsy - The Tomb Within


"The Tomb Within" poderia ser considerado um retorno estilístico à velha forma da banda, e provavelmente o melhor deles desde "Mental Funeral", porque o que seguiu o clássico de 91 foi uma lenta transição para o que se tornou o Abscess, uma banda que não valia muito a pena dar atenção. O que pode-se esperar aqui em uma primeira audição é um par de clássicos death metal, no mínimo. Bem melhor que as tentativas de volta à velha forma do Helmet por exemplo.
Preto no branco, "The Tomb Within" é um EP sólido mas longe de alguém poder dizer que realmente seja um retorno à velha forma. O Autopsy volta a gravar sons mais longos que dois minutos, e mais uma escrevendo músicas de death metal direto ao ponto, porém através dos 20 minutos de duração do album fica claro que alto está faltando. "The Tomb Within" não tem aquele fedorzinho de podridão que definiu seus melhores trabalhos. Sem dúvida esses cinco sons foram um passo na direção certa, e a energia e virilidade da faixa de abertura mostra que eles ainda têm a manha de tocar o gênero que eles ajudaram a fundar, porém com exceção de "Mutant Village" o EP todo parece feito às pressas ou nas coxas. "Seven Skulls" soa como uma barulheira desorganizada e "My Corpse Shall Rise" não passa de alguns bons riffs passando por transições mal feitas. Até "Human Genocide", uma faixa que a banda demorou quase 23 anos para aperfeiçoar, parece inacabada.
Nenhuma música do disco é realmente ruim porém no todo acaba sendo um daqueles que ficarão empoirados na prateleira. Outro aspecto presente são os vocais de Reifert que parecem ter perdido força.
No geral "The Tomb Within" é um esforço no caminho do que veio a se tornar "Macabre Eternal", nada mais.
A little taste of death.

Entombed - Serpent Saints: The Ten Amendments


"Serpent Saints" é o primeiro album do Entombed em quatro longos anos, e ainda assim incrivelmente parecido com seu predecessor, "Inferno" de 2003, não somente em termos de som mais também de estilo, como se tivesse sido gravado na mesma sessão de estúdio. Na verdade, todos os albuns de estúdio do Entombed dos anos 2000 ( "Uprising" de 2000, "Morning Star" de 2002, "Inferno" de 2003, e até mesmo o album ao vivo "Unreal Estate" de 2005) são incrivelmente similares, ao contrário dos albuns dos anos 90, que são bem diversos. A consistência do Entombed mais recente é uma faca de dois gumes: por um lado, é uma consistência bem vinda, sendo que os fãs podem saber o que esperar de cada lançamento; por outro lado, os fãs ficam menos inclinados a comprar todos os lançamentos, sendo eles uma mesmice em vários aspectos. Ainda bem que qualidade é um dos aspectos presentes nesses últimos albuns. Os veteranos suecos, que estreiaram em 1990 na Earache Records com o marco do death metal "Left Hand Path", têm um firme comando sobre seus talentos. O vocalista L.G. Petrov permanece vociferante após todos esses anos, enquanto os puristas do death metal possam sentir falta do gutural que tornou-se marca registrada desse estilo de música, é até legal conseguir compreender tudo o que está sendo cantado palavra por palavra, apesar das letras serem sérias e obscuras e até bem escritas algumas vezes, o resultado final é um blá blá blá cheio de negatividade. As dez músicas são creditadas à todos os quatro integrantes (Petrov, Alex Hellid, Nico Elgstrand e Olle Dahlstedt), e o resultado de fato parece um esforço em grupo. Novamente, fica evidente que esses caras se acomodaram em uma fórmula repetida. Desenvolveram um estilo que serve bem para seus propósitos; longe de ser inovador, acaba sendo não menos potente e satisfatório para qualquer um que curta metal pesado direto na veia livre de teatrinhos black metal, pompa e pretensão. Os 41 minutos parecem pouco, porém até satisfatórios. Começando com duas boas músicas, "Serpent Saints" e "Masters of Death", a segunda com participação especial de Killjoy do Necrophagist nos backings, há pouca enrolação e a banda vai direto ao ponto. Metal na veia como sempre. "Serpent Saints" acaba sendo um album para os fãs costumazes da banda, nada de novo.
New and old.