T-Bone Walker - T-Bone Blues

Album indispensável deste guitar hero que é um dos maiores de todos os tempos. O som é excelente para gravações de meados dos anos 50 e limpas como cristal, na regravação de "Call It Stormy Day" por exemplo é possível imaginar T-Bone tocando onde você estiver. A gravadora Atlantic arriscou mandar T-Bone para Chicago em 1955 para encontrar-se com Junior Wells e Jimmy Rogers, o resultado foi "Why Not" e "Papa Ain't Salty", duas pérolas. Após essa boa surpresa como resultado a gravadora mandou T-Bone para L.A. em 1956-57 para mais encontros com outros artistas, o resultado foi a furiosa instrumental "Two Bones and a Pick", em que T-Bone duela com seu sobrinho R.S. Rankin e o jazzista Barney Kessel.
É um daqueles albums que fazem a gente pensar onde foi parar a música negra atualmente, onde 50cents da vida cospem porcaria e envergonham até mesmo o espectador.
Top-notch T-rrific.
A capa deste primeiro album de Chuck Berry apresenta sua imagem alavancada pela sua aparição no filme vintage rock & roll de 1956 "Rock Rock Rock". É uma pose audaciosa para a época e engraçada para os dia de hoje, porém o retrato do cantor, guitarrista e compositor mostrado é uma atitude bastante audaciosa para um filme inter-racial da época, atravessando a imagem com sua guitarra em punho e mandando ver. Dito isso, "After School Session" veio um tanto atrasado, sendo que seu primeiro hit, "Maybellene", é do verão de 1955. Isso devia-se ao esquema que rolava na indústria de LPs de rock & roll. Durante aquele período somente uma parte chegava ao público, e a maior parte eram trabalhos de Elvis Presley ou Bill Haley, os quais tinham associações com os selos gigantes RCA Victor e Decca respectivamente, em um universo completamente separados do resto, especialmente de Berry que gravou com o minúsculo selo independente Chess Records. A Chess Records não tinha nem lançado seu primeiro LP até o final de 1956, e quando saiu o LP trilha sonora "Rock Rock Rock", estava incluída "Maybellene". "After School Session" foi o segundo long play da gravadora e seu lançamento retardado foi devido ao fato de que após "Maybellene" Berry não emplacou mais nenhum hit pop em dois anos. Entretanto ele fez alguns grandes hit R&B que estão incluídos neste album, entre eles o blues "Wee Wee Hours", que era o que idealmente Berry queria representar de seu som, além das mais rítmicas "No Money Down" e "Brown Eyed Handsome Man".
Foi o lançamento e estouro nas paradas de "School Day" no início da primavera de 1957 que alavancou este album, que é um bonito compêndio de alcance, profundidade e extensão da música de Berry nos seus dois primeiros anos na indústria da música. As canções variam da famosa e juvenil "School Day" até R&B e clássicos blues, assim como a quase ranzinza "Deep Feeling", com tempero latino e influenciada por calypso "Havana Moon", a lenta e romântica balada "Together" que mostrou Berry trabalhando em um modo similar ao R&B dos anos 40 parecido com Ink Spots e tentando um estilo mais suave de cantar estilo Nat King Cole, mas seu maior sucesso na veia das baladas foi "Drifting Heart", além disso vem a misteriosa e obscura "Downbound Train" que poderíamos interpretar como a resposta de Berry (e talvez da música negra) à música "Ghost Riders in the Sky". O reedição de 2004 de "After School Session" inclui três faixas bonus que aumentam grandemente o alcance do album original. A rocker "You Can't Catch Me" (a qual a letra viria a complicar bastante a vida de John Lennon mais tarde quando ele plagiou ela para o início de "Come Together" nos Beatles), ainda mais agitada "Thirty Days" e o primeiro hit "Maybellene". Tudo isso (incluindo o resto das gravações originais) apresenta uma ótima remasterização que permite o ouvinte sentir o ambiente do estúdio da Chess e seu clima com Chuck Berry e banda.
Quality reissue.

Mimi's Art - Raped by Elephants

Mais uma arte do Mimi, desta vez sobre uma música que gostamos muito da banda Torsofuck chamada "Raped by Elephants".
Não tem como não rir.
Elefa marotão hehehehe

The Rolling Stones - 1969 Soundboard Collection

Bootleg da banda contendo 14 faixas de quatro shows diferentes, 3 da tour americana e 1 em London, todos em 1969. A qualidade do som deixa a desejar mas para os fãs da banda é uma boa pedida. Inclui grandes sucessos como "Jumping Jack Flash" e "Sympathy for the Devil".
Have fun.

U2 - Rattle and Hum


Enquanto o U2 fazia sua tour pelos estádios no ano de 1987, membros da banda diziam aos entrevistadores como tornaram-se fascinados pela música americana, especialmente a black southern nas raízes do rock-and-roll-blues, gospel e soul. Ao mesmo tempo, o album da banda irlandesa de 1987, "The Joshua Tree", trouxe à banda popularidade mundial, alavancando o U2 de nível de culto para aplausos quase universais.
Uma banda que produziu hinos idealistas para uma geração estava alcançando uma boa parte dela. Ao mesmo tempo, estavam tornando-se rock stars, susceptíveis a pressão e um senso convencido de significância. "Rattle and Hum" album complementar de um filme de uma tour tenta pôr juntos temas mundiais e locais. É uma bagunça. Partes das performances ao vivo são eletrizantes. ''I Still Haven't Found What I'm Looking For'' (em um arranjo transformado por um coro gospel e solistas), "Pride" (in the Name of Love) e "Silver and Gold" (uma parábola que urge sanções econômicas contra a África do Sul) capturam o senso elevado de solidariedade que U2 e sua audiência geram.
Mas a banda lançou um disco ao vivo, ''Under a Blood Red Sky,'' em 1983, e claramente quis fazer algo mais ambicioso com "Rattle and Hum". O album esbarra desde hinos de estádio até novas gravações de estúdio e snippets. O plano, claramente, era reter o fervor moral de "The Joshua Tree", e ainda variar o estilo tão imitado da banda, apra prestar homenagem a música americana, e resgatar alguma espontaneidade que o status de rockstar pode destruir. Infelizmente, o egocentrismo da banda entrou no caminho.
"Rattle and Hum" é pesteado pela tentativa da banda de agarrar qualquer manto do Hall da Fama do rock-and-roll. Mesmo estando em tour, a banda gravou no Sun Studio em Memphis (onde Elvis Presley registrou seus primeiros sucessos) com colaboraçãoes de Bob Dylan e B.B. King. O album inclui uma canção dos Beatles ("Helter Skelter"), uma de Dylan ("All Along the Watchtower") e um pouco da versão de Jimi Hendrix de "The Star-Sprangled Banner".
Cada tentativa é embaraçosa de sua maneira. Bono Vox, vocalista e letrista, abre o album com a cabeça na bunda quando anuncia na introdução de "Helter Skelter', dizendo, ''This is a song Charles Manson stole from the Beatles. We're stealing it back.'' Ele só se esqueceu que U2 não são os Beatles, e continua depois embaralhando a letra. Mr. Vox sentiu-se compelido a adicionar um verso messiânico à enigmática ''All Along the Watchtower'': ''All I've got is a red guitar/ three chords and the truth.''
Mas problemas maiores surgem nas novas canções da banda. Em "Rattle and Hum" a banda tenta mesclar dois estilos que dão autenticidade no rock. Um é o próprio estilo da banda de grandes arenas, um sentido aberto aberto literal. A voz sussurrada e aberta de Bono Vox, as guitarras de Edge (frequentemente usando quintas abertas no estilo medieval ao invés de maiores) e o crescendo dramático da banda toda, sabiamente usado sugerindo sentimentos de explosão e perda de controle.
O outro é o retorno às raizes musicais, com a conotação de que estilos antigos eram mais diretos e honestos, menos artificiais, do que os modernos. Junto com os tributos, a banda tenta seus próprios blues (''God Part II'' e ''When Love Comes to Town,'' com B.B. King no seu banquinho), Bo Diddley rock (''Desire'' and ''Hawkmoon 269'') Memphis soul dos anos 60 ("Angel of Harlem" com Memphis Horns) e rythm-and-blues ("Love Rescue Me").
Infelizmente, blues e soul não são as raízes principais da banda. O estilo da voz de Bono vem do hard rock, e é um estilo em que a paixão é assinalada com grande emoção. Grandes cantores de blues e soul sempre tinham algo na reserva guardado, liberando seus voos mais altos com uma virtuosidade estática que ainda demonstrava certo controle. Em ''When Love Comes To Town,'' B.B. King canta seus versos como um bluseiro. Mr. Vox apenas grita os seus incluindo o miserável e auto explicativo ''I ran into a juke joint.'' "Angel of Harlem", desesperadamente tenta prestar tributo a Billie Holiday mas acaba pretenciosa.
O problema não é raça ou geografia, mas o talento e inclinação. Outros artistas brancos através do Atlântico - os Rolling Stones, Eric Clapton, Steve Winwood, Van Morrison - conseguiram personalizar o blues americano e o soul. U2 entretanto tenta adotar a convicta sinceridade do soul enquanto ignora seus padrões.
Exceto por "Heartland", uma balada com imaginação que conecta escravidão e apartheid, o resto das novas canções da banda desapontam no que dizem. "The Joshua Tree" trazia imagens de amor, sofrimento e apocalipse, de compaixão pessoal e professia global, em letras que fizeram o imaginário bíblico parecer pessoal e tocado no coração. Em "Rattle and Hum" algumas canções resumem-se pelos próprios nomes - ''Desire,'' ''All I Want Is You'' - e a palavra "love" aparece constantemente. "Hawkmoon 269" asserta "I need your love". "Love Rescue Me" escrita por Bob Dylan, é um pouco mais complicada e piegas: ''Many lost who seek to find themselves in me/ They ask me to reveal/ The very thoughts they would conceal.'' "God Part II" conclui "I believe in love".
A banda poderia estar tentando imitar a efetividade direta do estilo de compor do soul, onde "love" liga o ardor gospel religioso a as paixões primitivas da música secular, mas o resultado é auto-parodioso.
Popularidade massiva pode ser difícil para os músicos, especialmente para o U2 que sempre tentou fazer as coisas da maneira mais sincera possível até então. Desde o início, sempre teve uma qualidade não preservada, um senso de urgência e vulnerabilidade que se manteve até mesmo quando sua audiência cresceu em milhões. Essa urgência se condensa de uma maneira ruim em "Rattle and Hum", onde a banda insiste que interpretar músicas de outras pessoas de maneira desastrada é tão importante como a coisa em si. O que temos aqui faixa após faixa é pura egomania.
Pretentious in a bad way.

Fear Factory - Archetype

O medo tornou-se fator para os fãs de Fear Factory em 2001 quando a banda abruptamente se desmanchou por causa de uma briga entre o guitarrista Dino Cazares e o vocalista Burton C. Bell. O selo ao qual pertenciam há longo tempo, Roadrunner, lhes abandonou. O futuro da banda parecia nada promissor. Por sorte, o baixista Christian Olde Wolbers quis pegar o lugar na guitarra e a banda chamou o ex Strapping Young Lad, Byron Stroud, para o baixo. O resultado desse tumulto todo foi "Archetype", lançado pelo selo Liquid 8. Um album raivoso porém que equilibra bem a percussão semi-humana semi-mecanizada, guitarras à altura, teclados sutis, e o vocal bipolar de Burton lançando gritos infernais cheios de reverb com partes quase góticas no estilo antigo Sisters of Mercy.
Melodias ecoam em "Bite the Hand That Bleeds" e "Undercurrent", mas não são páreo para as arrebentadoras de aortas "Slave Labor" e "Drones" ou a pegada death metal de "Cyberwaste". Algo que já tinha sido feito anteriormente, alguns podem achar datado. Esses últimos seriam os que correriam para a mamãe frente a "Act of God" e seus versos estilo guilhotina. "Default Judgement" também com seus baixos quase atonais e bem marcados serve como apresentação de Stroud. Mas através de "Archetype" é seu companheiro encarregado das batidas que realmente impressiona. Raymond Herrera abre fogo com seus bumbos duplos e metralhadas de caixas dando um fundo hardcore para faixas industriais como "Bonescraper".
Para uma banda deixada para os corvos pela antiga gravadora este é um belo tapa na cara, esse é o espírito de "Archetype". Podemos montar uma sequência de socos na cara da Roadrunner com "Drones", "Slave Labor" e "Corporate Cloning" - Fucking knockout!
A banda retorna também para um som orgânico que agrada os fãs antigos. Além de uma surpresa final, o cover de Nirvana da fase "Bleach" com "School" que aparece depois da faixa cheia de sintetizadores "Ascencion".
"Archetype" é um retorno triunfante e põe a banda de volta nos trilhos após o fiasco do disco anterior. A fábrica de medo revitalizada.
Great great album!!!

Kataklysm - Shadows & Dust


Disco dos canadenses veteranos do death metal mandando ver furiosamente e sem piedade. Ao contrário de maioria das bandas de death metal que tentam aumentar suas acessabilidades dando uns toques de teclados ou colocando algumas passagens melodiosas, Kataklysm aqui vem puro death metal, cuspindo agressão com um som técnico como o estilo deve ser. Nota-se também algumas influências de som black metal nos andamentos e nas guitarras, mas nada que descaracterize o som.
"Illuminati" por exemplo abre com uma batera no maior estilo metralhadora e depois dissolve-se em alguns grooves mid-tempo para voltar ao caos grindcore. Outra coisa interessante é a quase ausência de solos, poucos aparecem aqui e ali. Os vocais são perfeitamente inteligíveis o que é raro no gênero.
Audição intensa de algo em torno de 40 minutos e altamente recomendada.
Great album!!!
Outro pedaço de arte do Mimi desta vez representando uma festinha scat que nosso amigo Murer costuma fazer em sua casa.
Segue trechos de um diálogo no msn:
Murer: dude I was at a scat party last nite and I still have shit under my fingernails!
Mark: dude ur fucked up that's gross!!!

Six Feet Under - Maximum Violence

Contando com o ex vocalista do Cannibal Corpse, Chris Barnes, era de se apostar que o som seria death metal dos mais caricatos, e de fato é o que temos aqui. "Maximum Violence" é o terceiro album de estúdio da banda, nada diferente de seus predecessores. Basicamente riffs simples e lentos com algumas alterações de tempo aqui e ali, os vocais ridiculamente exagerados cospem contos de morte, desmembramento, e outras variações de tema gore e splatter. O grande problema com este disco é falta de variedade, em estilo e conteúdo. Os riffs podem ser mudados e colocados de uma música para outra sem que se note alguma diferença tamanha a mesmice.
Se você é fã antigo o album ainda agrada. Porém não espere o mesmo efeito do genial "Haunted" aqui. A adição de Steve Swanson ex Massacre mudou um pouco o som das guitarras. Porém a violência prometida fica um pouco a desejar. O album ainda inclui alguns covers, "War Machine" do Kiss, "Wrathchild" do Iron Maiden e "Jailbreak" do Thin Lizzy.
Not exacly innovative, but a decent album.

The DEADBEATS - Kill the Hippies [7" EP]


EPzinho de 1978 de mais uma banda de L.A. punk. Um dos discos mais radicais lançados na época. O som não parece ter sido gravado 30 anos atrás, e as bandas de ska punk atuais precisam dar uma ouvida neste album para entender como se faz.
"Kill the Hippies" é o hit do album, e marca bem que o rock setentista ficou para trás. Punk rock na veia. "Brainless" é toda experimental, estranha e tem um refrãozinho pegajoso.
No lado B temos "Final Ride" e "Deadbeat" dois sons bem legais que lembram uma mistura de Voodoo Glow Skulls e DEVO.
L.A. punk for life!