Paris - The Devil Made Me Do It


Uma ouvida no "The Devil Made Me Do It" faz você pensar se Paris gravou o album em um buraco, ou um bunker gelado. Ou pelo menos o depósito abandonado em que ele e sua banca marcham através durante seus videos. Assim como os primeiros Public Enemy (uma inspiração básica) e os dois discos do X-Clan, os melhores momentos do disco de estréia de Paris trabalham em dois níveis. Muitas dessas faixas possuem grooves sombrios no meio delas, construídas em batidas excelentemente programadas e garras afiadas ao invés de refrões. Além disso, o grau de instrução de Paris e rimas venenosas que são embasadas em temas pro-black. Em um mar de rappers afrocêntricos do começo dos anos 90, Paris foi um dos mais distintos e talentosos em seu estilo, sua voz era cheia de raiva e tensa o suficiente para causar agonia em qualquer desavisado. Mesmo com as faixas apimentadas por samples de Chuck D, Panteras Negras e Malcom X, Paris não fica por baixo em nenhum momento. Faixas afiadas como "Break the Grip of Shame",  "The Hate That Hate Made", "The Devil Made Me Do It", e "Wretched" dizendo ("Mindless music for the masses makes ya think less of the one that hates ya") proporcionam uma audição prazerosa, porém tão parado no tempo hoje em dia quanto qualquer album hedonista e provocativo de gangsta rap.
Sick lyricist!


O EP está tão vivo hoje em dia quanto o 8 track e o 7" single: claro, você verá um de vez em quando, mas a maioria das vezes, as pessoas vão pegar e dizer, "Porra só cinco músicas? Foda-se", e colocam de volta na prateleira. O porquê delas fazerem isso quando na maioria dos albuns é sorte encontrar 5 músicas decentes por mais ou menos 16 dólares é incompreensível, mas este EP, juntamente com "This is an EP Release" do Digital Underground tamém lançado na mesma época, trouxeram o interesse da galera hip hop de volta para o formato moribundo. Mesmo não sendo tão longo, a intenção é fazer você gostar, saciá-lo enquanto o album completo não sai, e neste caso, sendo um trampo por si só, mesmo que mais curto do que o normal.
Mc Ren largou "Kizz My Black Azz" logo na cola de seu multi platina direto do topo das paradas "Niggaz4Life". Foi um choque naqueles tempos, que um album tão violento e tão gangsta fodão como o "niggaz..." chegasse no topo das paradas. Agora o DMX peida no bumbo e late para você e vai para o #1 na primeira semana, mas não irei fugir do assunto mais.
Naquele tempo, Cube tava pirado. Eazy todo mundo sabia o que rolava. Cacete, até o Dre começou a rimar mas Ren, amplamente conhecido como o verdadeiro MC no bando, ainda tinha que largar algo solo, então o EP veio como uma benção para as cabeças que imaginavam se Ren poderia mandar algo fodástico sozinho.
E pode crer que ele fez, mas honestamente, ele não é a melhor coisa neste EP, Bobcat é. A produção dele (ele trabalhou para LL, também) brilha muito neste disco. Camadas de samples no estilo "Paul´s Boutique", baixão bem temperado e batidas bem loucas providenciam um belo plano de fundo sonoro para a inconfundível voz de Ren mandar suas rimas. Porra, a segunda melhor música no EP é a instrumental de Bobcat "Intro: Check it Out Y´All", uma batida funkeada bem louca que roda uns cortes juntos de vocais do Ren no fundo como se ele quisesse dizer aquelas palavras. De quebra uns turntables cheios de manha, uns samples doidos e barulhos que lembram a produção daqueles tempos do Bomb Squad, mas com seu próprio tempero da costa oeste (o baixo é mais profundo e a batida é mais lenta).
Mas não quer dizer que Ren ficou só atrás do groove. Ele não seria o The Villain se fizesse isso. Na batida rápida da faixa título, ele cospe fogo em algumas (ele não diz os nomes) pessoas na indústria, também nos bastardos invejosos. Em retrospectiva, algumas de suas bravatas parecem um pouco malucas ("I'm tired of rappers with live instruments on the stage/save the shit for parades") mas isso tudo acontece quando você está escutando um lance de 1992.
"Final Frontier" é embalada por por uma batida encorpada e empolgante, que incorpora "The Bridge Is Over" e é ancorada por um refrão fodão pegajoso. E se me lembro bem, o refrão tornou-se uma camiseta, na real. Para dizer a verdade, a música é basicamente daquelas para animar a festa, porém pervertida e sujona. Onde você poderia ter "the girl looked fine, I stepped to her" e variações do gênero, você tem ao invés "It's just hardcore niggaz actin crazy on the stage/wearin gangsta clothes, yo, and spittin on the hoes" .
"Hounddogz" é legalzinha, nada especial, e "Right Up My Alley" é uma do jeito de Ren que a moçada já estava acostumada com o N.W.A., mas parada mais louca, a mais louca pela qual você deveria comprar o album, é "Behind The Scenes". Uma história bem doida rimada, que passa dos limites uma ou duas vezes talvez (porra, o último verso fala de orgia em família) é queira ou não uma loucuragem fodástica. A batida é definitivamente diferentona, a montagem no final é uma perfeição depravada ("DJ Train incessantemente jogando "She like suckin on DICK" "She Swallowed it" do N.W.A.) e a narração rimada de Ren brilha.
De qualquer forma o EP não tem enrolação. Direto na lata meia dúzia de sons bem loucos. Definitivamente melhor que um LP cheio de merdas no meio.
West Coast Classic!



ren my vfo azzzzo n.