Santana - Abraxas


Carlos Santana é um dos guitarristas que chegam perto da polidez de B.B. King. Seus contemporâneos eram Eric Clapton e Michael Bloomfield, mas Santana tocava música latina, e não havia nenhuma banda de som latino com guitarras solo na época. O paradoxal sobre Santana foi o fato dele ser aceito por uma audiência de Grand Funk e Ten Years After e não por fãs de Chicago e John Mayall na época.
O coração da banda é o organista Gregg Roli e o baixista Dave Brown, que seguram bem o ritmo em que a percussão pode tocar em cima. Timbales, congas porto riquenhas e tambores decolam no ritmo de Brown e então o próprio Santana faz seu show com a guitarra solo.
Carlos Santana é um chicano e ele ama tocar sua guitarra, que sempre foi amplamente usada na música mexicana. Ele aperfeiçoou um estilo de blues e cool jazz cruzado com música latina. E funcionou muito bem, também porque a banda foi uma das mais coesas que já pisaram em um estúdio para gravar um disco. Das bandas de brancos na época, somente Chicago tinha uma percussão equivalente, mas era centrada mais nos metais enquanto Santana era mais em timbales e congas.
"Oye Como Va" é um ponto alto do album. Seu único ponto fraco é que o orgão de Roli foi mixado muito baixo. Essa foi uma viagem diferente para Santana, muito mais no estilo dos jovens porto-riquenhos de New York na época, como Orchestra DJ e Ray Olan, adiante milhas do percurso de seu primeiro disco. Para fãs de Herbie Mann e os Jazz Messengers por exemplo, este disco é realmente ouro. Assim como para apreciadores de boa música em geral.
"Abraxas" foi uma das novas produções independentes da Columbia na época no estúdio da Wally Heider, e o baixista Dave Brown participou bastante na gravação. Esse processo amadureceu bastante o som de Santana e desviou um pouco do público mais jovem, mas deu credibilidade à banda no meio de jazz e música latina. Com "Abraxas", Santana foi um Mono Santamaria popularizado e fez pela música latina o que Chuck Berry fez pelo blues.
As grandes banda latinas nos USA ganhavam em torno de $100 dólares por show na época, e ninguém conseguia ficar parado, branco ou latino. É de se acreditar que por causa de "Abraxas" os velhos mestres como La Pupe e Puente alcançaram grandes platéias nos USA.
De qualquer forma "Abraxas" é um clássico e uma excelente audiência do começo ao fim.
Timeless album.
Segundo album da banda de Boston, lançado em 1990, um pouco antes da era grunge acabar com o hair metal. O título é super radical, pornografia e graffitti, que medo. É fato que esses posers tocam bem, porém o som é aquela farofa. Letras idiotas e metidas a engraçadas, enquanto Nuno Bettencourt esmirilha o braço da guitarra muito bem. Também continuando no padrão de som estão as baladinhas, para melar cuequinhas.
Album que veio para colocar um funk no hair metal.
Good album to hang yourself.

Skid Row - Skid Row

Primeiro disco dos malvadões de New Jersey que deixa uma séria dúvida, de onde saíram as 5 platinas que ganharam com isso. Parece que alguém lá nas gravadoras conhecia a fórmula: guitarras de metal super amplificadas, sobre vocalzinho pop, vezes dez, igual a G N' R da costa leste. O esquema aqui é bancar o rejeitado e encontrar a salvação na imoralidade. A banda é composta por três putas de rua, um traveco drogado, e uma de luxo. Ponha tudo isso em um ônibus lotado, mais um deles gritando e chorando "baby, more, more, more", e pronto, o disco está feito. Sexismo, baboseiras e afins. Esse é Skid Row.
G_eeezus!

Bon Jovi - Slippery When Wet

Quantos clichés são possíveis em uma canção pop? Provavelmente não tantos quanto Jon Bon Jovi consegue colocar. Pegue apenas a música "Raise Your Hands" deste album, Bon Jovi começa com "nasty reputation, sticky situation, ain't nobody better, show me what you can do, under the gun, out on the run, set the night on fire, playin' to win". Impressionante, e este é somente o primeiro verso.
Talvez seja um pouco injusto. Ninguém ouve o pop metal de Bon Jovi por causa de suas letras, vai ver que as pessoas só querem melar suas cuecas ou calcinhas. É uma estratégia de marketing astuta, mas a banda de Bon Jovi é mal e parcamente funcional: solos de guitarra aparecem quase que atrasados, as linhas de baixo são infantis e os vocais de Jon Bon Jovi são gravados três ou quatro vezes em cima do outro para diminuir sua mediocridade. Bon Jovi tropeça em território sentimental em "Never Say Goodbye" mas delicadeza não é uma das virtudes da banda, Meat Loaf é sutil comparado a esses caras. A tijolada insensível "Remember when we lost the keys/And you lost more than that in my back seat" é a idéia evocativa de Bon Jovi na trapalhada de narrar uma história.
Jov Bon Jovi e sua banda servem sentimentos condescendentes, reduzindo qualquer expressão emocional a meros clichés. Talvez porque achem que seja só isso que sua audiência possa compreender ou porque só até aí eles possam ir. Em "Slippery When Wet", Bon Jovi soa como o lixo da quarta geração do metal, um xerox vagabundo de Quiet Riot.
Stay away if you have a taste in music.

Van Halen - 1984



Na época de seu lançamento, todo o ti-ti-ti ao redor de "1984" envolvia a adoção de sintetizadores pela banda, lembrando que este é o sexto album. As pessoas só esqueceram que a banda já fazia uso de synths desde seu terceiro album, "Women and Children First". Sim, esses sintetizadores eram enterrados entre guitarras ou usados como textura, até mesmo nas instrumentais onde eram o instrumento principal, mas neste album foram passados para primeiro plano em "Jump", o primeiro single e razão pela qual o album vendeu horrores, alavancando a banda para audiências que já flertaram mas nunca tinham conquistado. É claro, a mera adição de sintetizadores não seria a única razão pela qual novos fãs se agarrariam à banda, eles precisavam de canções populares e pegajosas, que "1984" tinha, mais precisamente na exuberante "Jump". Nessa música, os sintetizadores tocam um riff circular que não chega a apagar a guitarra, além da assinatura monolítica da banda com seu rock pulsante. Alex Van Halen e Michael Anthony deram peso à música enquanto David Lee Roth explodia em sua costumaz energia, o que fez "Jump" não ser somente mais uma faixa pop da época. O mesmo se aplica para o resto do album que caracteriza-se por um rock pesado como já vinha sendo feito desde "Women and Children First", exceto "I'll Wait" que aparece bem mais relaxada e pop do que o resto. Enquanto os albuns passados vinham com ênfase no ataque da banda, este vem bem mais uniforme e com uma coleção de clássicos. Certamente "Panama" e "Hot for Teacher" destacam-se por serem aquelas preferidas para serem tocadas cover por bandas de garagem. "Top Jimmy", "Drop Dead Legs" e a densa e funkeada "House of Pain" trazem riffs interessanes e bateras insanas.
O album fica como a melhor demonstração de força da banda, de Dave Lee Roth, e de suas carreiras. Sendo que Dave Lee Roth saiu da banda após este album e é de se duvidar que se ele continuasse com eles a banda bateria este album algum dia. Quanto às críticas sobre Sammy Hagar, é melhor deixar de lado por enquanto.
80's classic.

Steve Vai - Flex-Able Leftovers



Antes de suas gigs milionárias com David Lee Roth e Whitesnake, Steve Vai prestou serviço como guitarrista de Frank Zappa no começo dos anos 80. E analisando seus dois primeiros albuns solo lançados na época, "Flex-Able" de 1984 e "Flex-Able Leftovers", ele foi bastante influenciado pelo estilo de compor de Zappa. Apesar de ter um carimbo de Zappa nos sons, Vai deixa bem sua marca registrada na guitarra pelo album todo. Também, Vai foi um dos únicos guitar heroes dos anos 80 a dar mais importância às composições ao invés de só solar como um demente. Enquanto "Flex-Able" era um album completo, "Fleax-Able Leftovers" era para ser originalmente somente um EP do material que não saiu no primeiro album. Quando "Flex-Able" foi lançado em CD em 1988, algumas poucas faixas de "Leftovers" foram incluídas como bonus, e os fãs então imaginaram se o EP inteiro poderia algum dia sair em CD. Dez anos depois seus sonhos se realizaram. Não somente o EP foi relançado mas também faixas inéditas daquela época foram incluídas, fazendo um album completo.
Um humor idiota aparece em "#?@! Yourself", e também um humor mais maluco no maior estilo Zappa em "So Happy". Imenso talento e técnica na guitarra em "Massacre" e "Natural Born Boy". E Vai mostrando grande talento na composição em "Burning Down the Mountain", "The Beast of Love" e "Bledsoe Blvd".
Album recomendado para guitar maníacos e fãs de rock em geral.
Forced and pointless.

O segundo album de Stevie Ray Vaughan, "Couldn´t Stand the Weather", fez tudo que um segundo album poderia fazer: confirmou que o aclamado album de estréia não foi um golpe de sorte, ao mesmo tempo alcançando e até superando as vendas de seu predecessor, além de firmar Stevie Ray Vaughan como um gigante do blues moderno. Então por que talvez alguns ficariam desapontados? Talvez porque o disco oferece mais do mesmo, além de basear-se em covers. Das oito músicas, metade são covers, enquanto duas de suas quatro próprias são instrumentais, não necessariamente uma coisa ruim, mas dá a impressão que Vaughan lançou o album apressadamente, mesmo que ele não tenha feito isso.
Album clássico para os amantes de boa música.
All hail the master!

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Bob Dylan - New Morning


Mais um disco entre tantos desse carinha que continua por aí.
Dylan apressou o lançamento de "New Morning" logo em seguida do desastre crítico e comercial de "Self Portrait", e a diferença entre esses dois albuns sugere que o legendário fracasso do predecessor foi auto-sabotagem. "New Morning" expande do relaxado country-rock de "John Wesley Harding" e "Nashvile Skyline" adicionando um toque mais pronunciado de rock & roll. Enquanto há apenas um par de clássicos genuínos no disco ("If Not for You" e "One More Weekend"), a qualidade em geral é boa, e várias canções exploram rotas idiossincráticas que Dylan deixou intocadas previamente, tanto nas experimentações jazzísticas de "Sign on the Window" e "Winterlude", nas palavras confusas de "If Dogs Run Free" ou na parábola de Elvis em "Went to See the Gypsy". Essas canções offbeat fazem "New Morning" realmente ótimo perto de seu predecessor.
Para quem curte o som de Bob Dylan é um disco charmoso.
Underwhelming.

B Dyl mornin vfo

The Beatles - The Alternate Revolver

Existem várias series "Alternate" dos Beatles. Além da Pear tem as da Walrus, porém esta usa algumas faixas chupadas do "Anthology". As da Pear geralmente aparecem em digi packs. Em geral é uma boa série para quem quer começar a colecionar bootlegs dos Beatles, para quem já tem muitos bootlegs vai acabar adquirindo as mesmas faixas novamente. O selo Pear é um selo de cópia, ou seja, não lança material novo, porém agrega bem materiais como sobras de estúdio, ensaios, demos e gravações ao vivo de outros bootlegs mais antigos. Muita coisa vem dos bootlegs da Yellow Dog, que alguns não são tão fáceis de encontrar e a Pearl acaba fazendo boas coletâneas de material deles. Obviamente nada ideal. São discos bons de se escutar, porém a mistura de material de estúdio de boa qualidade com gravações ao vivo frequentemente de má qualidade estraga o barato um pouco. A Pear também faz questão de deixar explícito em seus materiais o não uso de material dos "Anthology", porém algmas canções soam a mesma coisa, exceto por em reverb aqui e ali as vezes.
"The Alternate Revolver" combina mixagens mono inglesas e americanas com "Here There and Everywhere" e "Yellow Submarine" do CD single "Real Love". Take 1 e 2 de "Paperback Writer" e "Rain" foram tiradas de outros bootlegs.
30 músicas para os beatlemanícos curtirem.
Good CD for the fans.

Eric Clapton - Unplugged

Eric Clapton "Unplugged" foi responsável por tornar os acústicos e unplugged em particular, modinha nos anos 90. Este acústico não foi somente um dos melhores da série "Unplugged", mas também um dos melhores trabalhos que Clapton gravou em anos. Ao invés de produções superficiais que impregnavam seus albuns nos anos 80, este vem direto, alternando entre números pop e músicas tradicionais do blues. O resultado foi um som dos mais genuínos e cheios de paixão que o guitarrista já colocou em uma gravação. Também um de seus mais populares que acabou vendendo mais de sete milhões de cópias nos Estados Unidos e lhe rendeu vários Grammies.
Get your dose of CRAPton.

Bo Diddley - Bo Diddley [Japan SHM-CD]

Para quem quer que seja que queira tocar rock & roll, verdadeiro rock & roll, este é um dos poucos albums que a pessoa precisa. Juntamente com Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis, Muddy Waters, B.B. King e alguns poucos outros, Bo Diddley foi o fundador do formato. E ele fez como nenhum nenhum outro. Diddley tinha somente um único estilo, que era a pegada Bo Diddley, uma rítmica sincopada carregada de tremolo. Há 12 exemplos disso neste album e é tudo que é preciso. É um daqueles albuns que após ouvir algumas poucas partes a pessoa se pega batucando no ritmo em qualquer superfície ao seu redor. A guitarra e o vocal de Diddley têm uma característica bluseira que lembra Waters, ainda assim com seu estilo próprio. Reforçado por bateria, piano funky e usualmente maracas acaba ficando contagiante.
Album que influenciou os grandes e que fez uma transição na história da música moderna.
Immensely influential.

B.B. King - Live at the Regal [Original Master Recording]

B.B. King não é somente um legendário cantor e guitarrista, ele é também um entertainer nato, e em "Live at the Regal" o ouvinte é levado a uma exibição desses três talentos. Com hits de metais espalhados e shuffles rolantes, B.B. King trata uma entusiasmada audiência (às vezes até demais) com uma coleção de grandes sucessos. A banda de acompanhamento é afiada como navalhada, acompanhando as sacadas de King de forma telepática. A voz de B.B. King aqui está em uma forma rara, variando entre seu falsetto e seu alcance regular, atingindo o microfone com ênfase e também com doçura em momentos mais intimistas. Isso fica mais evidente em "How Blue Can You Get" no seu clímax ou "Worry, Worry" onde pode-se notar Chicago ao ponto de explodir. Obviamente, a guitarra de mestre King está por toda a gravação, e a execução aqui é uma das melhores de sua longa carreira. Mostrando uma sensibilidade jazzística, algumas linhas soam bastante sofisticadas até para os dias de hoje.
Mais do que qualquer coisa, "Live at the Regal" é uma aula de como se deve fazer um show ao vivo. Falando com a platéia, acertando os tons com uma vinheta, King é um entertainer consumado. "Live at the Regal" é uma aquisição absolutamente necessária para fãs de B.B. King ou de blues em geral. Alguns artistas, incluindo Eric Clapton e John Mayer, admitiram ouvirem este album no aquecimento de seus shows como inspiração.
Classic live album.