Face to Face - Don´t Turn Away


Considerado por muito fãs como sendo um clássico, este album de estréia na Fat Wreck Chords (originalmente lançado na Doctor Strange, com somente alguns poucos milhares de cópias enviadas antes da compania sair do mercado) qualifica-se como essencial punk melódico dos anos 90. A primeira (e de longe a mais cru) das três gravações do Face to Face que incluem o mega sucesso de rádio "Disconnected", este disco de 13 faixas revela uma banda à beira do estrelato punk. "Don´t Turn Away" contém os membros originais Matt Riddle no baixo, Rob Kurth na bateria e o vocalista e guitarrista Trevor Keith. O único constante no que tornou-se uma mudança sem fim de formação. Keith demonstrou uma voz poderosa e bem definida, juntamente com um forte comprometimento para com o material. Cuidadosamente evitando o falso sotaque britânico marrento ao qual seus contemporâneos pop-punk dos meados dos 90 não conseguiam resistir. Fornecendo um excelente suporte para as criações características do líder da banda, a seção rítmica fica contida e fora do caminho através da maior parte de "Don´t Turn Away". O entusiasmo da banda extrai o melhor deles durante o material mais lento que soa inconsistente às vezes, mas muitos fãs devem considerar tais idiossincrasias cafeinadas até legais e esquecer os aborrecimentos quando o trio arremata versões de estúdio das aceleradas favoritas dos shows "You´ve Done Nothing" e "Pastel". Uma curtida retrô de "Don´t Turn Away" vai colocar novos ouvintes em algo que os aficcionados velha guarda do Face to Face já conheciam desde o lançamento do disco em 1992: desde o primeiro momento, Trevor Keith e companhia tinham os instintos para ao mesmo tempo reafirmar e transformar o punk. (Soa um pouco exagerado mesmo)
A classic!

A banda Billy Talent pegou sua curiosa denominação de um personagem do rockumentário ficcional e cômico de 1996 chamado "Hard Core Logo", o qual traçou as contínuas aventuras de uma banda punk envelhecida de Vancouver. A referência é provavelmente mais ressonante na base de origem do Talent, Toronto. Em qualquer outro lugar, fica um pouco estranho. Por sorte, o quarteto que dá nome ao lançamento pela Atlantic batalhou com afinco em fazer a música importar mais do que qualquer releitura ou revivescimento estilizado de um gênero. Por musculares, implacáveis e cruelmente cativantes 40 minutos, a banda atinge o cerdoso e melódico punk do Buzzcocks enquanto trabalha as dinâmicas de vocais duplos do Fugazi, costurando precisas quebras de guitarra em seus próprios hinos de três minutos. A influência de Buzzcocks é evidente e imediata. De fato, o Billy Talent convenientemente abriu em várias datas da turnê de reunião em 2003 dos veteranos. Assim como, o Talent se beneficiou da produção que trabalhou os refrões ao máximo em um pugilismo sônico. Mas enquanto Benjamin Kowalewicz berra e se esgoela nota-se que carrega algo da boca do interiorano e até melodramático Raine Maida do Our Lady Peace, suas letras pegajosas são ao mesmo tempo ásperas, e seu braço direito o guitarrista Ian D´Sa prefere tons mais tensos e angulares, ao invés da enorme compressão usada pelas bandas "punk de butique" que proliferaram na virada do século. "Try Honesty" e "This Is How It Goes" certamente possuem refrões pegajosos. Mas na última citada "Hold my breath until my heart explodes" é mais sombria do que qualquer tentativa banguela de desafiar autoridade do Good Charlotte. Não existem passagens hip hop ou power baladinhas aqui. "Living in the Shadows" e "Line & Sinker" são atos post-hardcore em petardos borbulhantes às raias do básico, mas reconstruídas com melodia. "The Ex" parece ser o mais direto revivalismo de dois minutos e meio de punk no Billy Talent. Mas mesmo sendo uma daquelas letras adolescentes de corno revolts os caras colocaram uma forte energia difícil de se falsificar. Acabou que o disco foi mega sucesso, não seria por menos.
Entertaining album.

Max Raptor - Portraits


Se é power pop post-punk com um toque contemporâneo que você procura, então não precisa olhar além do mini album de estréia "Portraits" da banda baseada em Midlands, Max Raptor.
Desde a primeira "The King is Dead" o som está cheio rock guiado por guitarras pegajosas. Na faixa 2 "The Great and the Good" é de se pensar, sim, uma banda com algo novo a dizer. É legal ver bandas que refletem seus tempos. Nos meus tempos de VHS e zines trocados pelo correio, havia bandas cheias de raiva assim.
A faixa 3 "Beasts", poderia ser um single de sucesso se tivesse divulgação no rádio. A faixa 4 "Obey the Whips" não fraqueja e parece um Dave Grohl da era Foo Fighters de quando eles ainda eram bons. Em "Carolina" fica claro que estava a uma aparição no Later With Jools Holland de estourar para valer. "Patron Saint (Of Nothing)" parece uma favorita de festival de verão.
No geral tem uma mistura de Killing Joke, The Clash e Red Lorry Yellow Lorry. Max Raptor tem aquela atitude british punk o que faz sem preguiça e ao contrário de outros grupos, de uma maneira sem parecer falso. Eles tem tocado ao vivo por anos anos e parece que acabaram colhendo frutos. Em "Portraits" o produtor Dan Weller captura a distinta energia da banda tocando ao vivo, como deveria ser.
Vale uma conferida.
Good debut.

The Darkness - Permission to Land


Como muitos hard-rock saudosistas daquele tempo, este quarteto estava imerso numa pegada de AC/DC e Queen antigo. Mas o Darkness tinha uma arma secreta: o vocalista desvairado de lycra Justin Hawkins, um homem sem medo de perpetrar falsettos à la Tiny Tim em cada música de seu album de estréia. Não se engane, o cara não está zoando. Músicas como "Get Your Hands Off My Woman" e "Givin´ Up" apresentam riffs de força industrial, vigorosos solos de guitarra com hammer-on e uma seção rítmica expressiva. Baladas como "Love Is Only a Feeling" são tocadas com tamanho gosto jamais sonhado por bandas de metal parodistas como Satanicide e Massacration. "Permission to Land" é um dos poucos albuns de retro-metal que merecem mais que uma risadinha momentânea. O hard rock oitentista reviveu por uns tempos neste album.
Hilarious but not a joke.

dark vfo perm hahfk


Airbourne - No Guts. No Glory


Neste segundo album, esses rockeiros doidos australianos estão exatamente um traje escolar de distância de serem uma banda cover de AC/DC. O homem de frente Joel O´Keefe aperfeiçoou os grunhidos de Bon Scott e os sons emulam perfeitamente nas guitarras os riffs de boogie-woogie backbeats do AC/DC. Como se não fosse o bastante, as letras ("As long as you're alive and we're alive / Rock'n'roll will never die!") e os títulos das músicas ("Born To Kill," "Overdrive," "Back On The Bottle") também possuem aquele sentido de "já não ouvi isso antes em algum lugar?". Originalidade à parte, mas chega a ser meio forçado.
No final das contas, tenho que admitir. Em tempos de rock maricota este disco veio para dar uma boa dose de testosterona antes que ficássemos todos andrógenos e ovulantes afins.
Great young band.



Asian Dub Foundation - Punkara [Japan Release]


Pelos tempos do auge do Asian Dub Foundation no final dos anos 90, tornou-se um cliché os enaltecerem como o que o Reino Unido tinha de mais perto de um Clash ou Sex Pistols moderno, carregando a tocha da rebeldia punk. Uma coisa preguiçosa de certa maneira. A idéia de qualquer música que vestisse a roupagem política dos idos de 77 (e todo o resto) parecia conservadora por si mesma. Uma tentativa de acorrentar uma banda que foi feita para quebrar qualquer corrente que encontrasse. É um tanto desapontador reportar, então, que uma década depois de seu album incendiário de sucesso, "Rafi´s Revenge" de 1998, o ADF retornou com um album entitulado "Punkara", um amálgama de punk e Bhangra, que soa como um gênero preparado por um jornalista em seu intervalo de almoço.
Descrito pela banda como "um passo além dos sons de baladas" em favor de um som mais pesado e ska-punk/rap-rock, "Punkara" inicialmente desapontou: francamente é um pouco de Limp Bizkit, porém com batidas mais rápidas, e com letras tendendo para o polêmico com o jogo de palavras espertinho que as banda de nu-metal adoram (vide "Altered Statesmen", sobre líderes mundiais e suas predileções por refrescos químicos).
Ainda assim, equanto que o formato geral de "Punkara" não pareça nada revolucionário, contém alguma diversão incendiária para se curtir. Um cover de "No Fun" com Iggy Pop nos vocais poderia ser um daqueles momentos "e daí?", mas o ADF recria a faixa com marcantes tambores asiáticos, flautas evidentes e para seus créditos Iggy não parece se importar nem um pouco. Destaque do album, "Speed of Light", enquanto mistura cordas de Bhangra, vocais etéreos femininos e tempos galopantes de drum ´n´ bass com um efeito genuinamente inspirador. Não é o melhor disco deles, mas o fato do Asian Dub Foundation ainda estar lutando foi reconfortante por si só.
Youthful and creative.


George Clinton - Computer Games [Vinyl LP]


Seguindo a dissolução de seu império do Parliament Funkadelic, que ruiu entre 1980-81 depois de um revés criativo e comercial, George Clinton reemergiu em 1982 na Capitol Records como artista solo. "Computer Games", sua estréia solo, é na verdade solo só no papel, uma vez que, o album apresenta no grosso vários músicos do P-Funk com os quais Clinton colaborou nos anos anteriores, mais notavelmente Bootsy Collins, Gary Shider, Fred Wesley e Walter "Junie" Morrison. Como sempre, Clinton fica em evidência o tempo todo em "Computer Games", e suas performances vocais são malucas e charmosas como sempre, especialmente nos dois singles de sucesso, "Atomic Dog" e "Loopzilla". De um ponto de vista musical, há uma pesada ênfase aqui em sintetizadores e baterias eltrônicas, consideravelmente maior do que em qualquer trabalho anterior do P-Funk. Parcialmente por causa da época, por ser começo dos 80, e também pelo menor leque de músicos à disposição na época. Seja qual for a razão, "Computer Games" marca uma guinada do passado de Clinton de várias maneiras, e mesmo que tenha sido um renascimento de sucesso, com "Atomic Dog" encabeçando as paradas de R&B e eventualmente tornando-se imortalizada por artistas de hip-hop pós-modernos, em um golpe do destino este esforço solo também marca o zênite de sua carreia solo, ao passo que ele vai progressivamente tropeçando criativamente nos anos subsequentes.
Supah funky!!!

Paris - The Devil Made Me Do It


Uma ouvida no "The Devil Made Me Do It" faz você pensar se Paris gravou o album em um buraco, ou um bunker gelado. Ou pelo menos o depósito abandonado em que ele e sua banca marcham através durante seus videos. Assim como os primeiros Public Enemy (uma inspiração básica) e os dois discos do X-Clan, os melhores momentos do disco de estréia de Paris trabalham em dois níveis. Muitas dessas faixas possuem grooves sombrios no meio delas, construídas em batidas excelentemente programadas e garras afiadas ao invés de refrões. Além disso, o grau de instrução de Paris e rimas venenosas que são embasadas em temas pro-black. Em um mar de rappers afrocêntricos do começo dos anos 90, Paris foi um dos mais distintos e talentosos em seu estilo, sua voz era cheia de raiva e tensa o suficiente para causar agonia em qualquer desavisado. Mesmo com as faixas apimentadas por samples de Chuck D, Panteras Negras e Malcom X, Paris não fica por baixo em nenhum momento. Faixas afiadas como "Break the Grip of Shame",  "The Hate That Hate Made", "The Devil Made Me Do It", e "Wretched" dizendo ("Mindless music for the masses makes ya think less of the one that hates ya") proporcionam uma audição prazerosa, porém tão parado no tempo hoje em dia quanto qualquer album hedonista e provocativo de gangsta rap.
Sick lyricist!


O EP está tão vivo hoje em dia quanto o 8 track e o 7" single: claro, você verá um de vez em quando, mas a maioria das vezes, as pessoas vão pegar e dizer, "Porra só cinco músicas? Foda-se", e colocam de volta na prateleira. O porquê delas fazerem isso quando na maioria dos albuns é sorte encontrar 5 músicas decentes por mais ou menos 16 dólares é incompreensível, mas este EP, juntamente com "This is an EP Release" do Digital Underground tamém lançado na mesma época, trouxeram o interesse da galera hip hop de volta para o formato moribundo. Mesmo não sendo tão longo, a intenção é fazer você gostar, saciá-lo enquanto o album completo não sai, e neste caso, sendo um trampo por si só, mesmo que mais curto do que o normal.
Mc Ren largou "Kizz My Black Azz" logo na cola de seu multi platina direto do topo das paradas "Niggaz4Life". Foi um choque naqueles tempos, que um album tão violento e tão gangsta fodão como o "niggaz..." chegasse no topo das paradas. Agora o DMX peida no bumbo e late para você e vai para o #1 na primeira semana, mas não irei fugir do assunto mais.
Naquele tempo, Cube tava pirado. Eazy todo mundo sabia o que rolava. Cacete, até o Dre começou a rimar mas Ren, amplamente conhecido como o verdadeiro MC no bando, ainda tinha que largar algo solo, então o EP veio como uma benção para as cabeças que imaginavam se Ren poderia mandar algo fodástico sozinho.
E pode crer que ele fez, mas honestamente, ele não é a melhor coisa neste EP, Bobcat é. A produção dele (ele trabalhou para LL, também) brilha muito neste disco. Camadas de samples no estilo "Paul´s Boutique", baixão bem temperado e batidas bem loucas providenciam um belo plano de fundo sonoro para a inconfundível voz de Ren mandar suas rimas. Porra, a segunda melhor música no EP é a instrumental de Bobcat "Intro: Check it Out Y´All", uma batida funkeada bem louca que roda uns cortes juntos de vocais do Ren no fundo como se ele quisesse dizer aquelas palavras. De quebra uns turntables cheios de manha, uns samples doidos e barulhos que lembram a produção daqueles tempos do Bomb Squad, mas com seu próprio tempero da costa oeste (o baixo é mais profundo e a batida é mais lenta).
Mas não quer dizer que Ren ficou só atrás do groove. Ele não seria o The Villain se fizesse isso. Na batida rápida da faixa título, ele cospe fogo em algumas (ele não diz os nomes) pessoas na indústria, também nos bastardos invejosos. Em retrospectiva, algumas de suas bravatas parecem um pouco malucas ("I'm tired of rappers with live instruments on the stage/save the shit for parades") mas isso tudo acontece quando você está escutando um lance de 1992.
"Final Frontier" é embalada por por uma batida encorpada e empolgante, que incorpora "The Bridge Is Over" e é ancorada por um refrão fodão pegajoso. E se me lembro bem, o refrão tornou-se uma camiseta, na real. Para dizer a verdade, a música é basicamente daquelas para animar a festa, porém pervertida e sujona. Onde você poderia ter "the girl looked fine, I stepped to her" e variações do gênero, você tem ao invés "It's just hardcore niggaz actin crazy on the stage/wearin gangsta clothes, yo, and spittin on the hoes" .
"Hounddogz" é legalzinha, nada especial, e "Right Up My Alley" é uma do jeito de Ren que a moçada já estava acostumada com o N.W.A., mas parada mais louca, a mais louca pela qual você deveria comprar o album, é "Behind The Scenes". Uma história bem doida rimada, que passa dos limites uma ou duas vezes talvez (porra, o último verso fala de orgia em família) é queira ou não uma loucuragem fodástica. A batida é definitivamente diferentona, a montagem no final é uma perfeição depravada ("DJ Train incessantemente jogando "She like suckin on DICK" "She Swallowed it" do N.W.A.) e a narração rimada de Ren brilha.
De qualquer forma o EP não tem enrolação. Direto na lata meia dúzia de sons bem loucos. Definitivamente melhor que um LP cheio de merdas no meio.
West Coast Classic!



ren my vfo azzzzo n.

Shaquille O´Neal - Shaq Fu: Da Return


Segundo album do Shaq, ainda que um disco até decente de rap, não é nada demais. O que ele faz bem aqui é recrutar uma lista de colaboradores de primeira linha, como Warren G e Keith Murray. Este CD ficou conhecido pela pegada mais pessoal nas letras dele, como em "Biological Didn´t Bother", um testamento para seu padrasto a quem ele credita muito de seu sucesso. De qualquer fora parece que Shaq tinha algo a dizer aqui, pelo menos. (Em tempos de tcherecherê/tchu tcha tcha Shaquille O´Neal é Camões)
Listenable at least.


Antes mesmo de chegar nas prateleiras das lojas, o trio Fu-Schnickens de New York criou um certo bochicho por causa do nome bizonho do grupo. Logo que lançaram seu album de estréia, "F.U. Don´t Take It Personal", a música deles tornou-se muito curiosa e intrigante. A música é inundada com trechos de diálogos de filmes de kung fu e todas as maneiras de referências à cultura pop, com uma obscuridade particular por trás. O album tem um ar irônico e vivaz de desenho animado por assim dizer. Tudo isso contraposto pelas metralhadoras vocais dos três MCs (Poc, Chip e Moc Fu), que parecem fazer tudo telepaticamente em um transe verborrágico. Nesse ponto, eles encaixam-se perfeitamente com tais como Leaders of the New School e Brand Nubian, como parte daquela nova onda de hip hop do começo dos anos 90 que catapultaram o estilo para o futuro parte por manter aquela camaradagem dos grupos da velha guarda. Todos os grupos em paralelo, entretanto, eram tão progressivos porque cresceram imersos na cultura e no estilo de vida do hip hop, sabiam do que se tratava, assim desenvolvendo estilos únicos com temas variados para se sobresairem. O Fu-Schnickens não era diferente nesse aspecto, e mesmo que suas roupas (uniformes de kung fu na capa) e gosto nas influências tenha feito um impacto estranho, a pegada musical foi direta e séria no album de estréia, como pode-se notar. Com uma ajuda na produção de A Tribe Called Quest, eles criaram diferentes atmosferas e paisagens misturando batidas pesadas com reggae além de soul e assim por diante. No geral uma lição de rima rap.
Clever, fast and different.

Das EFX - Hold It Down


Mesmo que a dupla tenha tentado de verdade, não tem muito em "Hold It Down", o terceiro album do Das EFX, que faça dele muito diferente dos dois albuns anteriores. A produção é mais enxuta e o resultado mais direto, mas mesmo assim não disfarça o fato das batidas serem mais fracas que dos albuns anteriores, nem as rimas não serem mais legais ou inovadoras. Entretanto, há alguns bons momentos em "Hold It Down" que certamente agradam os fãs da dupla, mesmo que não tenha o mesmo apelo do album de estréia.
Real hip hop.

Grandmaster Flash & the Furious Five - The Message


"The Message" foi pioneiro no hip-hop, elevando o estilo de hinos de festinhas para o nível de trilha sonora das ruas. A música começou como um poema do professor secundário Bootee. O chefe da Sugar Hill, Robinson, decidiu fazer dele uma gravação de rap com Melle Mel dos Furious Five. Flash disse em 1997: "Eu odiei o fato de que foi anunciado como Grandmaster Flash and the Furious Five, porque as únicas pessoas na gravação eram Mel e Duke Bootee." Mas a música, guiada pelo riff de sintetizadores futuristas e a letra sombria sobre decadência urbana, tornou-se um sucesso instantâneo nas rádios hip-hop de New York. "It played all day, every day," disse Flash. "It put us on a whole new level."
O album também tem outros sons influentes como "It´s Nasty", bastante sampleada até os dias de hoje.
Led to what became a horrible genre of music.


Barulhento, irritante, autêntico, avant-garde, político e hilário. O brilhante segundo album do Public Enemy é tudo isso, de uma vez só. Chuck D arregaça nas rimas como um apresentador no estilo Marv Albert. O doidão Flavor Flav dá o tom cômico e alivia um pouco. O time de produção, Bomb Squad, constrói uma hipnose com samples empilhados em várias camadas e barulhos de sirenes espetadas no meio. O título e introdução de "Bring the Noise" são a mais pura verdade.  "If they're callin' my music 'noise," disse Chuck D, "if they're saying that I'm really getting out of character being a black person in America, then fine – I'm bringin' more noise". Na lata!
One of the greatest.



Um dos três vinis originais que saíram do segundo e clássico album "By All Means Necessary". A faixa "Stop The Violence" aparece 3 vezes em diferentes versões além da doiodona "Jimmy" com direito a sample de Wings.
Hip hop velha guarda como não se faz mais.
Classic!

De La Soul - Art Official Inteligence: Mosaic Thump


Imagine que não há popozuda. Nem gostosas com cabelos esvoaçantes. Nem Cristal na banheira. Nem Rolex no pulso. Agora imagine o De La Soul em 1989, ignorando a onda e o estilo do hip-hop com seu clássico album de estréia, "3 Feet High and Rising", rimando sobre buracos na grama, vestidos como fantoches Muppets que se perderam no caminho para o campo de golfe, sampleando qualquer coisa desde Steely Dan até Schoolhouse Rock. De La Soul era um grupo de hip-hop de cartoons de sábado de manhã, com o produtor Prince Paul providenciando as piadas mais engraçadas. Juntamente com seus manos do A Tribe Called Quest e os Jungle Brothers, o trio resumiu bem o estilo de hip-hop do Native Tongues: progressivo, brincalhão e leve nos pés. Como todas as coisas boas, o momento do Native Tongues acabou muito cedo, mas o De La Soul nunca jogou a toalha. No seu quinto album, "Art Official Inteligence: Mosaic Thump", Posdnuos, Dave (antes Trugoy) e Maseo continuam suas estranhas evoluções como embaixadores do hip-hop.
Os espertos jovens que fizeram "3 Feet High" são todos trintões agora, e mesmo que o som tenha ficado mais mela cueca, continua bem sacado, excêntrico e cheio de retornos e contornos inesperados. "Art Official Inteligence", foi o primeiro de uma trilogia planejada, e foi o primeiro album do De La Soul desde "Stakes Is High" de 1996, que foi o primeiro album deles em três anos. (Os caras estavam se achando os Pink Floyds da vida pelo jeito hehehe) Mas quando o De La Soul vai para o estúdio eles sabem como fazer a festa lá. "Oooh" é um tipo de funk bobo louco meio bagunçado que poucos artistas de hip-hop adultos tentariam, entrelaçado com o balbucio demente de Redman e as impresões do De La Soul Treacherous Three. "U Can Do (Life)" loopa um trecho de Chic "Le Freak" enquanto Posdnuos manda a rima, "They stressin' back in the day/I'm at the front of the night." Como todos os albuns do De La Soul, "Art Official Inteligence" tem muita encheção de linguiça indulgente, mas é o preço que eles pagam por experimentar, e as participações especiais de Busta Rhymes, Chaka Khan, Xzibit e dos Beastie Boys mantêm o corpos se mexendo. Mesmo sem muito alarde na mídia e nada de pose, De La Soul mostrou como o pessoal do hip-hop pode amadurecer no ofício.
O espírito do Native Tongues vivia na pretensão, os grupos de faculdades taxaram "o underground" como bando de crentes e os "backpackers" de céticos. O problema com o hip-hop underground era a música. A batida ficava fraca tipo jazz-fusion, enquanto os MCs tantavam muito soar sutis e desprendidos que a mistura toda acabava em uma meleca. O album de estréia em uma major do Dilated People, "The Plataform", foi um avanço comparado com o trabalho independente deles, graças às batidas fortes do DJ Babu e a ajuda de B Real do Cypress Hill, The Alkaholiks e o desaparecido em combate prog-rapper Aceyalone. Mas o Dilated People continuou dolorosamente domado no microfone, especialmente Evidence, que mandou uma pérola do ridículo no "The Plataform" sendo o primeiro rapper a cantar as palavras "between you and I." Os vocais afundam a música: esse é um tipo de album de hip-hop onde o MC se compara com Steve Howe, e enquanto você espera que ele esteja referindo-se ao jogador de baseball homônimo, você sabe que lá no fundo ele está se referindo ao guitarrista do Yes. Que pena que o People não sampleou "Roundabout" (hehehe).
Chega de descer a lenha em quem não tem nada com o disco postado aqui. Peço desculpas.
De qualquer forma o De La Soul e seus discípulos provaram que os mocinhos podiam continuar no páreo, sem pose e sem ignorância. Rap do bem.
Decent decline.

Stevie Wonder - The Woman in Red [Soundtrack]


A carreira de Stevie Wonder nos anos 80 foi uma fonte de frustração para os fãs que ele ganhou nos anos 60 e 70. Em 1982, houveram algumas poucas novas canções em um album de greatest-hits e um dueto com Paul McCartney. Então veio esta trilha sonora para uma comédia de Gene Wilder que simultaneamente foi mais um album vocal pop do que a maioria das trilhas sonoras e ainda assim menos que um album de Wonder propriamente dito. A Globo de Ouro sucesso número um nas paradas foi a melosa "I Just Called to Say I love You", uma jogada de marketing das boas. "Love Light in Flight" também emplacou, e o album também teve Dionne Warwick em dois duetos e uma solo. Foi até um disco bacana, mas, após quatro anos, os fãs de Wonder queriam mais que isso.
Not exacly Wonder-ful.

Marvin Gaye - Midnight Love


Ele foi concebido como um album sobre salvação espiritual e sexual entitulado "Sexual Healing", com o mesmo nome da música que eventualmente tornou-se o maior sucesso da carreira de três décadas de duração de Marvin Gaye. Mas a nova gravadora do cantor, Columbia, não estava empolgada com o título, e por final nem mesmo Gaye, que estava preocupado que tal provocativo título estragasse o que ele esperava ser sua volta triunfal.
Gaye desistiu da idéia mas manteve a música "Sexual Healing", que ele corretamente acreditou desde o início ser um sucesso (alcançou a terceira posição na parada pop da Billboard). "They'll be jamming all over the world to this," ele disse ao seu biógrafo David Ritz, que colaborou com ele na letra da música.
Mesmo que "Midnight Love" não tenha sida a obra prima de Marvin Gaye (essa honra vai para o essencial album "What´s Going On") é um inspirado e maduro trabalho de um dos maiores cantores de soul, e cartamente é um dos melhores albuns de soul dos anos 80. Carregado de grooves dançantes, sofisticado trabalho de guitarras, ritmos exóticos e vocais sedutores, "Midnight Love" realmente provou ser a volta de Marvin Gaye. Infelizmente, foi também o último album que ele fez antes de ter sido morto a tiros pelo seu pai em abril de 1984.
"Marvin esteve vivendo na Europa, e ele foi influenciado por ambos reggae e trabalhos de sintetizadores de grupos como Kraftwerk", lembrou Larkin Arnold, um ex vice presidente da CBS Records que foi produtor executivo de "Midnight Love". "Ele pegou o ritmo do reggae, a nova tecnologia e o soul americano e veio com algo novo e único".
Mesmo que "Midnight Love" tenha um sentido urbano e até um pouco plastificado, o album na verdade foi concebido e criado enquanto Gaye esteve vivendo em Ostend, uma pacata cidade costeira na Bélgica, onde ele foi se esconder para escapar dos excessos de Hollywood e Londres. No começo ele trabalhou com seu cunhado o multi instrumentista Gordon Banks, no Studio Katy, em Ohaine, uma pequena cidade não distante de Brussels. Mais tarde o veterano produtor da Motown Harvey Furqua (que descobriu Gaye e colocou-o em seu histórico grupo de doo-wop os Moonglows em 1958) foi levado até lá para manter as coisas no lugar.
Gaye trabalhou esporadicamente no album por um período de nove meses. "Ele era teimoso", disse Arnold. "He enjoyed the role of the tortured and spurned artist. He would pout and go off. Two or three times he stopped working on the album. It was nerve-racking". Também disse ele. O custo financeiro da Columbia para colocar Gaye no estúdio e mantê-lo lá foi alto. Mais de $1.5 milhões para comprar seu contrato da Motown, uma entrada de $600,000 para o cantor e mais de $1.5 milhões de custo de gravação, de acordo com Curtis Shaw, o advogado de Gaye na época. Mas Arnold, que foi o mentor do negócio, coloca o custo da gravação de "Midnight Love" perto de $2 milhões.
Seja qual tenha sido o preço, o album foi um sucesso, vendendo 2.7 milhões de cópias no mundo todo, mais de 2 milhões delas nos Estados Unidos. Gaye viu seu album, que sucedeu dois albuns fracassados pela Motown, como um empreendimento comercial para ganhar de volta uma massa de audiência perdida. Em uma tipicamente franca entrevista, ele até descartou um par de músicas do album como "artificiais".
Deixando as pirações de Gaye sobre o fim do mundo da lado, ele acabou acertando em cheio com seu pré planejado intento aqui.
Este album aqui resenhado é uma reedição da Altaya, um selo espanhol, com uma capa alternativa.
The voice of a tortured and triumphant soul.

Robert Palmer - Riptide


Vindo na cola do massivo sucesso do Power Station, "Riptide" empacotou a suave personalidade e voz de Robert Palmer em uma série comercial na maioria de músicas de rock que pareciam ser feitas na medida para as paradas de sucesso. A conexão com o Power Station pareceu deixar forte demais o interesse usualmente mais eclético de Palmer, mas com o produtor e membro daquela banda Bernard Edwards tomando conta da produção e os membros Andy Taylor e Tony Thompson participando também, similaridades estilísticas ficaram inevitáveis. "Flesh Wound", entretanto, soa como uma versão de "Some Like It Hot", com suas guitarrinhas em staccato e bateria tribal imitando o hit single. "Hyperactive" adiciona um pouco de veneno pop para a fórmula, com seus teclados brilhosos da época do Miami Vice. Cafonalha nostálgica por assim dizer. "Addicted to Love" compartilha da mesma pegada, diminuindo o ritmo bombástico do Power Station em um mais meloso, território blues, ainda assim mantendo uma veia rock. A música emplacou no topo das paradas americanas e vendeu mais de um milhão de cópias no mundo todo como single. Um video clipe para a música, mostrando modelos rebolandinho de forma sexy no ritmo do som, sem dúvida ajudou nas vendas e alavancou uma nova fase na carreira de Palmer, onde video clipes podiam quase obscurecer suas composições. Igualmente pegajosa e quase tão bem sucedida foi a versão de Jimmy Jam e Terry Williams "I Didn´t Mean to Turn You On". É provavelmente a faixa mais arriscada de "Riptide", com suas nervosas notas fragmentadas, linhas de baixo funkeadas e bateria bem marcada encaixando com os vocais melosos de Palmer, criando mais uma música batuta para aquele pessoal do gelzinho no cabelo e terninhos com ombreiras da época. Também não pode ser deixada de lado a faixa de Earl King "Trick Bag", que Palmer transformou em um blues para época modernoso. Mesmo com "Riptide" usando o Power Station como base, suas maiores falhas são onde Palmer se destaca disso tudo, especialmente nas cafoníssimas duas versões de "Riptide" no começo e no final do album.
O album todo é um deleite cafona porém interessante peça para estudo da evolução dos anos 80.
F... the 80s.


As dez músicas neste CD vão do ótimo ao mediano, principalmente porque os Meters insistiram em cantar e simplesmente não eram grandes vocalistas. Suas conduções e harmonias em "Come Together" e "Bo Diddley", entre outras, foram exuberantes, mas não adicionam nada perante os originais. Por outro lado, não houveram muitos grupos em qualquer estilo que apresentassem tamanha química e alma juntos. Seus inspirados ritmos funk quase apagam os fracos vocais (fracos em comparação ao nível da banda, ainda superiores a qualquer tranqueira que escutamos hoje em dia).
Overlooked gem.

Galactic - Ruckus


No seu quarto disco de estúdio propriamente, ("Vintage Reserve" foi uma coletânea e "We Love ´Em Tonight" foi um ao vivo) Galactic move-se sem reservas para não muito longe de seu passado como uma banda da pesada de jazz & roll representando New Orleans, assim como move-se em direção a uma nova tradição deles, o Voodoo funk. Tem um algo a mais entretanto. Não meramente contentes em flertar com as estéticas de Mardi Gras Indians ou Dr. John, Galactic aponta firmemente em direção do presente tecnológico com sua música primordial de máquina de grooves. O baterista Stanton Moore usa tantos loops quanto os faz organicamente, baixo, baixo, e mais baixo é a ordem do dia, e estranhos sons de teclado aparecem borbulhando como se em uma sessão perdida de Lee Perry virasse digital. Isso faz deste um disco de techno ou electronica? Poupe-me. "Ruckus" é uma viagem sinistra para o outro lado da meia noite. A festa ou incendeia ou mela toda, isso acontece naquele distinto limiar, aquele ponto no tempo onde tudo é possível. E possibilidade é sobre o que se trata "Ruckus": orgãos fervilhantes encontram cordas acústicas e elétricas paralelamente sob uma série de ritmos sincopados de Moore em "Bongo Joe". Linhas pontudas de sintetizadores feitas por Richard Vogel encontram guitarras irregulares e pesadas tocadas por Jeffrey Raines em "The Moil". Monstruosos loops de ton ton colidem com linhas de baixo e riffs de teclados anes de Raines aparecer no rodapé acústico para aliviar o funk não convencional em "Kid Kenner". Isso é música como uma desconstrução da paleta acústica, com a desconstrução, morte e renascimento de uma banda. Como Medeski, Martin e Wood antes deles, o Galactic ficou bem melhor para seu novo e destemido direcionamento. "Ruckus" não é um album muito menos roots do que foi "Coolin´ Off". Talvez até seja mais porque para usar toda essa parfernália e criar esse tanto de grooves matadores que a banda apresenta aqui, só há um lugar onde se possa ir encontrar a fonte: no próprio ritmo (se você precisa de mais evidências escute "The Beast" e deixe ele mexer com sua cabeça e corpo). Altamente recomendado.
So funky!

Corrosion of Conformity - Corrosion of Conformity


Seria meio impossível precisar o papel crucial que o Corrosion of Conformity teve na evolução do heavy metal. A mistura do CoC de hardcore rebuscado, doom metal e Southern rock teve um papel central em definir a cena crossover dos anos 80, para sempre alterando os parâmetros do metal. Desde o começo da banda em Raleigh, North Carolina, em 1982, tornaram-se firmes favoritos entre os fãs e críticos do meio. Incorporando uma série de elementos pesados, um pouco de punk aqui, um pouco de thrash sujão ali, e riffs inspirados em Black Sabbath por todo lugar, o CoC passou sua carreira estrondando em frente com tons graves intimidantes e uma pegada indomável.
Após o último lançamento do CoC, o aclamado "In the Arms of God" de 2005, a banda entrou em hiato. Pepper Keenan, o vocalista principal da banda durante seu pico de popularidade comercial, foi dedicar seu tempo para a movida a maconha Down. Em 2010 foi anunciado que o mesmo venerado trio que gravou o album seminal do CoC "Animosity" estava se reunindo. O vocalista e baixista Mike Dean, o vocalista e guitarrista Woody Weatherman e o baterista Reed Mullin começaram a fazer shows com o propósito de gravar um novo album. Após uma aclamada turnê, o auto intitulado e mais novo album do CoC acaba com um longo período de seca de albuns. Com uma formação refletindo um período clássico da história do grupo, a expectativa foi às alturas.
Por atrelar a ira e paixão de seus primeiros anos, e combinando isso com os mais celebrados aspectos de seu trabalho das últimas duas décadas, o grupo produziu um album que genuinamente preenche uma brecha entre dois períodos distintos de sua carreira. O CoC pode ter mudado alguns membros, mas não perderam a potência. "Corrosion of Conformity" é um album com toda a força e integridade dos melhores trabalhos da banda.
Pepper is gone but Reed is back, now Conform yourself.


ANMOD - Entrevista


Entrevista com a banda Anmod de Curitiba. Contatei o baixista e vocalista da banda, Hernan Oliveira (gente boníssima), para uma entrevista rápida por email. Segue a bio que encontra-se na página oficial da banda e em seguida a entrevista.

Biografia:
A banda ANMOD iniciou suas atividades em 2005, das cinzas do Fornication, banda de death metal de Curitiba PR Brasil. O Fornication iniciou suas atividades em 1996, lançou 2 álbums: "Descendants of Degenerated Race" pela brasileira Black Hole Productions em 2003, e "Unleashed Wrath" pela colombiana Brutalized Records em 2004. A banda também gravou o clássico "Regurgitated Guts" do Death, que foi incluído na coletânea "Together As One - A tribute To Death", lançado pela Mondongo Canibale Productions da Espanha, em 2003.

Em 2004 o Fornication decide viajar para a Europa e dá início à "Unleashing Wrath Over Europe Tour 2004", uma turnê de 3 meses que passou por 9 países (Alemanha, França, Holanda, Austria, Italia, Belgica, Eslovenia, Hungria e Rep. Tcheca).
Depois da turnê, Gerson Watanabe (guitarra), Hernan Oliveira (baixo/vocal) e Johnny R.R. (bateria) decidem sair do Fornication e começam a compor novas músicas, agora como trio. Este foi o iníco da banda ANMOD, em 2005.
Como não ouvimos notícias do Fornication desde 2005, nossa conclusão é que a banda esteja parada desde então.
O estilo do ANMOD é um pouco diferente do Fornication. Foram adicionados mais elementos grindcore para as composições, assim como a veia death metal continua forte como sempre. Death metal e grindcore sõa estilos mandatórios neste momento nas novas composições da banda, tornado a sonoridade da banda extremamente brutal e caótica.

Entrevista:

Vfo - Pelo que vi no myspace de vocês a banda está inativa no momento. Por quê?


R: O Anmod no momento esta inativo devido a ausência de um dos membros (Johnny - Baterista) ele esta morando fora do Brasil, quando ele retornar reiniciaremos nossas atividades, a banda não acabou não mudará sua formação e deverá continuar suas atividades futuramente.

Vfo - Que bandas de Curitiba você curte e faz questão de citar aqui?

R: Cara gosto de muitas bandas daqui é difícil citar nomes seria injusto, gosto muito do Necrotério(Eternos Brothers), Scorner, Eternal Sorrow, Archityrants, Necrópsya, etc...estamos bem servidos de bandas, esta faltando público mesmo.

Vfo - Sobre esse papo de cena local. Como está Curitiba atualmente na sua opinião com relação a som extremo ou pesado?

R: A cena local de metal extremo anda muito amadora, infelizmente estamos enfrentando uma grave crise devido a diversos fatores ;
1.- Falta de comprometimento e honestidade entre bandas, organizadores, casas de shows, produtores e demais envolvidos.
2.- Inatividade de algumas bandas importantes para a cena (referência para novas bandas).
3.- Falta de renovação (com qualidade) referente a novas bandas.
4.- Ausência de shows e o aumento do custo para realização dos eventos.
5.- Despreparo geral e falta de organização dos produtores, casas de shows, e técnicos de som envolvidos.
6.- Falta de acompanhamento das novas tecnologias de som (tanto bandas como organizadores). Os tempos mudaram, o público é mais exigente e a falta de conhecimento é geral, as bandas devem se preocupar mais com o som que vai ao público, som extremo é complexo, e depende muito da aparelhagem e da organização dos produtores.
Sem esse inicio fica difícil exigir fidelidade do público, o produto oferecido é ruim e extremamente deficitário.

Vfo - Perguntinha estilo Marilia Gabriela para darmos umas risadas, lá vai... utilizando de uma até três palavras, como você definiria cada uma das seguintes bandas: 1 - Anmod, 2 - Napalm Death, 3 - Possessed, 4 - Obituary, 5- Sepultura, 6 - Sarcófago e 7 - Abba.

1.Anmod : Força Bruta Velocidade/ 2. Napalm Death : Genialidade / 3. Possessed : Criatividade 4.Obituary : Originalidade 5. Sepultura : Vontade Raça 6. Sarcofago: Morbidez 7. Abba : Desconheço

Vfo - Quando descobri a banda pela net sem querer, coloquei para tocar "Serpent-Legged" logo de cara e fiquei pasmo com a qualidade tanto da composição quanto da gravação. Como foi esse processo todo? Ensaios, gravação etc.

R: Todo o processo foi extremamente complexo, nesta época a cena estava bem em baixa, estavamos um pouco desanimados com tudo que estava acontecendo na cena local, tivemos que reencontrar buscar um novo método para composição, nesta época tinhamos saido do Fornication, e queriamos criar algo diferente do executado no ultimo disco do Fornication. Era uma nova banda, que teria mais liberdade nas composições, queriamos investir em outras sonoridades, ficamos muito contentes com o resultado final.

Vfo - Saindo um pouco do Anmod, pelo que vi você está tocando com o Tonho no Imperious Malevolence agora? Baita responsa nas mãos ocupar esse lugar não? E que novas influências você levou para o Imperious? Com sua bagagem que chegou de fora...

R: Realmente esta sendo uma experiência muito boa, quando aceitei o convite do Antônio já sabia da grande responsábilidade que teria, e confesso que fiquei bem surpreso com a saida do Rafahell, considero a presença dele importantissima no contexto do Imperious Malevolence, mais infelizmente aconteceu dele sair, uma terrivel baixa no line up da banda. A esperiência esta sendo boa, rolou o entrosamento e a pegada, eu tinha algumas dúvidas se isso realmente iria funcionar, mais acredito que as coisas estão encaminhando bem, não tenho intenção de substituir ninguém, vou apenas continuar fazerndo oque sempre fiz a 15 anos. Inicialmente estamos iniciando o processo de novas composições, esta rolando uma parceria legal e acredito muito no resultado final.

Vfo - Para finalizar não deixarei o espaço de praxe para considerações finais. Sim eu sou um tanto fora do convencional. (heheehehhe) Eu é que farei as considerações finais. Gostaria assim de agradecer a boa vontade e humildade em nos atender, e dizer que no que precisar este espaço está aberto para a(s) banda(s) e para você sempre. Grande abraço.

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Quem quiser conhecer mais acesse o myspace ou a página oficial dos caras.

Page oficial  http://anmod.50webs.com/


O crucial segundo album do Motörhead, "Overkill", marcou um grande salto adiante para a banda, e continua um de seus melhores, sem dúvida. Na verdade, alguns fãs consideram este o melhor da banda, mais ainda que "Ace of Spades". É um album feroz, com certeza, mostrando perfeitamente o estilo característico do Motörhead de um proto-thrash sem freios. Uma espécie de estilo heavy metal com punk bem cru e ainda assim direto na cara. "Motörhead", o auto intitulado album de estréia da banda de 1977, foi gravado nas coxas, seu som super cru e simples não era tão impressionante, pelo menos com relação ao que veio em seguida. "Overkill" é o que veio em seguida, gravado em dezembro de 1978 e janeiro de 1979, e lançado não muito depois. O som da banda está bem consolidado aqui, e explode na cara já na faixa título ao longo de seus cinco minutos. Um punhado de habituais tratando-se de Motörhead vem em seguida, entre elas "Stay Clean" e "No Class". Produzido por Jimmy Miller, que comandou vários albuns clássicos dos Rolling Stones ("Beggars Banquet", "Let It Bleed", "Sticky Fingers", "Exile on Main St." e "Goats Head Soup"), "Overkill" soa maravilhoso, especialmente nas versões remasterizadas, como esta. A formação clássica da banda (Lemmy - baixo e vocais, "Fast" Eddie Clark - guitarra e "Philthy Animal" Taylor - bateria) está bem firme aqui, e parecem dar tudo de si tudo em cada música. Isso tudo, mais o sólido repertório e a produção de Miller, fazem de "Overkill" um album perfeito do Motörhead. Vários grandes viriam, com certeza, mas "Overkill" foi o primeiro dos grandes, e talvez seja o maior de todos.
Motorhead´s first classic.


Zeke - Kicked in the Teeth


"Kicked in the Teeth", como todos os albuns que o precederam, baseia-se primariamente em riffs de guitarra punk e rock and roll rebuscado com bateria de hardcore, o CD inteiro moendo sem descanso. Pisque os olhos e já acabou. Como o primeiro album da banda pela Epitaph, um selo com um bolso consideravelmente grande, chega a ser surpreendente que "Kicked in the Teeth" não seja da mesma qualidade sonora de ambos "Super Sound Racing" ou "Flat Tracker", albuns feitos presumivelmente com um orçamento apertado. Musicalmente, é quase um equivalente ao "Flat Tracker", talvez não tão forte, mas o Zeke faz essencialmente uma coisa, e uma coisa bem, incrivelmente rápido, punk e rock and roll fora de controle, executado com um bom trabalho de guitarra principal. Há também, entretanto, alguns sons mais lentos. Afinal, Zeke não é uma típica banda americana de punk ou hardcore metidinha, apenas fazem seus trabalhos. Por exemplo, o cover bombado do Kiss "Shout It Out Loud" é tocado com convicção. Por isso é uma pena que o Zeke queira tocar apenas rápido e mais nada.
No melody just punk.

High on Fire - Blessed Black Wings


Para alguns fãs, a notícia de que Steve Albini tinha sido indicado para produzir o terceiro album do High on Fire foi motivo de grandes preocupações por vários motivos. A maior delas, o renomado produtor de rock alternativo tem uma notoriedade em deixar os sons das guitarras ultra comprimidos. O que parecia ser um grande contra com a arma mais letal do trio da California: a riffagem estrondosa do guitarrista e homem de frente Matt Pike. Felizmente, tais temores provaram-se injustificados quando o resultado final, "Blessed Black Wings" de 2005, apareceu esbofeteando com um heavy metal galopante com cada nível de volume e distorção do famoso album anterior, "Surrounded by Thieves". Até então tudo bem mas a pergunta que não queria calar tornou-se então: "Os dois albuns são muito parecidos?" Esteticamente, a resposta mais acertada seria sim, sendo que a seção rítmica do High on Fire (agora com a participação do novo baixista Joe Preston, juntando-se ao baterista de longa data Des Kensel) continua moendo seus ritmos, e a supremacia nas seis cordas de Pike continua imperando, seus solos continuam prostrando-se perante o massacre neolítico de power chords com suas paletadas. Faixas como "Devilution", "Cometh Down Hessian" e "Silver Back" são cospe fogo, porradarias semi-thrash. O metal velha guarda retumbando na faixa título e a última instrumental "Sons of Thunder" são claramente reverenciais ao amado de Pike, Celtic Frost. O impressionante colosso de power chords "Brother in the Wind", de arrancar pele da ponta dos dedos, facilmente qualifica-se como ponto alto da carreira da banda tão quanto qualquer coisa de seu predecessor "Surrounded by Thieves". De fato, "Blessed Black Wings" poderia ter usado mais apelo épico de seu predecessor, porém tem algumas nuances diferentes do usual da banda como as passagens mais limpas e semi grunges em "The Face of Oblivion" e na já tocada ao vivo na época "To Cross the Bridge", alguns elementos punks obscuros nos riffs apertados de "Anointing of Seer", tudo isso prova uma sutil inovação. Em outras palavras, o grosso de "Blessed Black Wings" segue a mesma fórmula que provou-se bem sucedida para o High on Fire anteriormente. Talvez até um problema para o futuro, mas dificilmente uma coisa ruim sendo que o ponto de origem foi algo que deu muito certo. E a verdade é que, poucas bandas seriam capazes de atingir um heavy metal tão visceral e ainda assim moderno, mesmo em seus momentos mais insiprados.
Accessible straight to the point metal.

Mastodon - Blood Mountain


O metal em excesso voltou: como prova principal veio "Blood Mountain" após a grande façanha de 2004, "Leviathan", que pegou "Moby Dick" de Herman Melville e repaginou-o em uma canção de marinheiros infernal dos mares profundos. A banda de Atlanta consiste de quatro caras que parecem mecânicos tatuados, mas soam como se usassem capas e cuspissem fogo. "Blood Mountain" transforma embromações de auto-ajuda sobre superar grandes obstáculos em uma jornada fascinante de ficção através de uma terra infestada de bestas ou feras, incluindo um ciclope ("Circle Cysquatch"), guerreiros do povo árvore ("Colony of Birchmen") e algum tipo de gigante adormecido. Por baixo de todo esse sangue e trovão medievais existem na verdade tonalidades transbordantes com riffs à la montanha russa ("Bladecatcher" merece uma indicação para o Air Guitar Hall of Fame), sensações de estar perdido em catacumbas ("Sleeping Giant") e traçantes ofuscantes de brilho estelar acústico ("Pendulous Skin"). Melodia interessa tanto quanto porradaria, e as traiçoeiras mudanças de tempo são conduzidas brilhantemente pelo baterista Brann Dailor, que transforma "Capillarian Crest" em uma estonteante perseguição através de uma nevasca. Sim, algumas vezes mais é melhor.
Brutal yet beautiful.

Dying Fetus - War of Attrition


O lançamento de 2007 do Dying Fetus, "War of Attrition" continuou no mesmo caminho de metal extremo que eles seguiram através da carreira toda. Em outras palavras, letras indecifráveis (mas fica fácil deduzir que são malvadonas), bateria precisa no metrônomo e riffs técnicos agressivos sem parar. O album veio com uma formação completamente reformulada, exceto pelo vocalista principal e guitarra John Gallagher. A banda continuou uma máquina afiada de metal. Tanto que em certos pontos, parece que são máquinas mesmo tocando para eles, especialmente em faixas como "Fate of the Condemned" e "Insidious Repression". Este sexto lançamento da banda é basicamente um death metal tocado com precisão extrema, ponto final.
Intense death metal.


Com suas composições intrincadas de dar nó na cabeça e aquela ferocidade urbana, o primeiro album do Suffocation, "Effigy of the Forgotten", deu um verdadeiro modelo para o death metal dos anos 90. Então a expectativa para o album seguinte estava bem elevada. O pior aconteceu com este album de 1993, que foi duramente criticados pelos fãs e mídia por vários motivos, desde sua curta duração até a repetição da mesma fórmula de seu predecessor (um pouco injusto pois o som continuou mais complexo aqui), e talvez a crítica mais justa seria a mixagem final bem porca que carece das linhas de grave do "Effigy". Sem dúvida as navalhadas acústicas de "Beginning of Sorrow", "Anomalistic Offerings" e a faixa título perderam todo seu fio, enquanto faixas secundárias como "Marital Decimation" e "Ornaments of Decrepancy" caíram em um embolado marasmo death metal. A performance da banda certamente não perdeu a intensidade, com os guitarristas Doug Cerrito e Terrance Hobbs e suas guitarras hiperativas e técnicas (mesmo que algo tenha se perdido na cocofonia geral), o baterista Mike Smith moendo com seus blastbeats manuais e o monstrinho da bolacha Frank Mullen urrando ininteligivel porém convincente, como esperado. Dito isso tudo, ninguém irá negar que "Breeding the Spawn" falhou em pegar a tocha acendida pelo seu predecessor, porém não mancha seu legado, e mesmo assim seria recomendado para qualquer fã de carteirinha da banda.
Terrible production.

Autopsy - The Tomb Within


"The Tomb Within" poderia ser considerado um retorno estilístico à velha forma da banda, e provavelmente o melhor deles desde "Mental Funeral", porque o que seguiu o clássico de 91 foi uma lenta transição para o que se tornou o Abscess, uma banda que não valia muito a pena dar atenção. O que pode-se esperar aqui em uma primeira audição é um par de clássicos death metal, no mínimo. Bem melhor que as tentativas de volta à velha forma do Helmet por exemplo.
Preto no branco, "The Tomb Within" é um EP sólido mas longe de alguém poder dizer que realmente seja um retorno à velha forma. O Autopsy volta a gravar sons mais longos que dois minutos, e mais uma escrevendo músicas de death metal direto ao ponto, porém através dos 20 minutos de duração do album fica claro que alto está faltando. "The Tomb Within" não tem aquele fedorzinho de podridão que definiu seus melhores trabalhos. Sem dúvida esses cinco sons foram um passo na direção certa, e a energia e virilidade da faixa de abertura mostra que eles ainda têm a manha de tocar o gênero que eles ajudaram a fundar, porém com exceção de "Mutant Village" o EP todo parece feito às pressas ou nas coxas. "Seven Skulls" soa como uma barulheira desorganizada e "My Corpse Shall Rise" não passa de alguns bons riffs passando por transições mal feitas. Até "Human Genocide", uma faixa que a banda demorou quase 23 anos para aperfeiçoar, parece inacabada.
Nenhuma música do disco é realmente ruim porém no todo acaba sendo um daqueles que ficarão empoirados na prateleira. Outro aspecto presente são os vocais de Reifert que parecem ter perdido força.
No geral "The Tomb Within" é um esforço no caminho do que veio a se tornar "Macabre Eternal", nada mais.
A little taste of death.

Entombed - Serpent Saints: The Ten Amendments


"Serpent Saints" é o primeiro album do Entombed em quatro longos anos, e ainda assim incrivelmente parecido com seu predecessor, "Inferno" de 2003, não somente em termos de som mais também de estilo, como se tivesse sido gravado na mesma sessão de estúdio. Na verdade, todos os albuns de estúdio do Entombed dos anos 2000 ( "Uprising" de 2000, "Morning Star" de 2002, "Inferno" de 2003, e até mesmo o album ao vivo "Unreal Estate" de 2005) são incrivelmente similares, ao contrário dos albuns dos anos 90, que são bem diversos. A consistência do Entombed mais recente é uma faca de dois gumes: por um lado, é uma consistência bem vinda, sendo que os fãs podem saber o que esperar de cada lançamento; por outro lado, os fãs ficam menos inclinados a comprar todos os lançamentos, sendo eles uma mesmice em vários aspectos. Ainda bem que qualidade é um dos aspectos presentes nesses últimos albuns. Os veteranos suecos, que estreiaram em 1990 na Earache Records com o marco do death metal "Left Hand Path", têm um firme comando sobre seus talentos. O vocalista L.G. Petrov permanece vociferante após todos esses anos, enquanto os puristas do death metal possam sentir falta do gutural que tornou-se marca registrada desse estilo de música, é até legal conseguir compreender tudo o que está sendo cantado palavra por palavra, apesar das letras serem sérias e obscuras e até bem escritas algumas vezes, o resultado final é um blá blá blá cheio de negatividade. As dez músicas são creditadas à todos os quatro integrantes (Petrov, Alex Hellid, Nico Elgstrand e Olle Dahlstedt), e o resultado de fato parece um esforço em grupo. Novamente, fica evidente que esses caras se acomodaram em uma fórmula repetida. Desenvolveram um estilo que serve bem para seus propósitos; longe de ser inovador, acaba sendo não menos potente e satisfatório para qualquer um que curta metal pesado direto na veia livre de teatrinhos black metal, pompa e pretensão. Os 41 minutos parecem pouco, porém até satisfatórios. Começando com duas boas músicas, "Serpent Saints" e "Masters of Death", a segunda com participação especial de Killjoy do Necrophagist nos backings, há pouca enrolação e a banda vai direto ao ponto. Metal na veia como sempre. "Serpent Saints" acaba sendo um album para os fãs costumazes da banda, nada de novo.
New and old.

Meshuggah - Nothing


No reino do metal, poucas bandas são tão peculiares e técnicas quanto o Meshuggah. Esses suecos fazem música para descontrutivistas clinicamente doentes, coisa de louco mesmo. "Nothing", o quarto petardo deles, somente cimenta seus lugares como criadores do metal cósmico calculado. Podem chamar de Einstein metal se quiserem. O que ainda lhes dá um crédito extra é que eles são os únicos nesse "sub-sub gênero". Quando círculos de riffs bizarros, vocais de robóticos da morte, cromas neo-jazzísticos e composições musicais matemáticas são a arma principal, é fácil se colocar em um canto criativo. Para onde o Meshuggah poderia ir após a porrada de "Destroy Erase Improve" e logo após com o sufocante e violento "Chaosphere"? Bem, eles ficaram mais pesados ainda. Os guitarristas Marten Hagstrom e Fredrik Thordendal usaram guitarras de oito cordas para dar um grave extra para o que já era pesado, e umas pitadas de dissonâncias. O apropriadamente entitulado "Nothing" mostra arranjos mais esparsos, o tempo e a cadência colidem até que o som entre um buraco negro sonoro consumindo-se (por exemplo "Glints Collide" e a mais de sete minutos "Close Eye Visual"). Desse buraco negro, a luz rebate em "Nothing", o tema do album baseado no existencialismo e no trauma psíquico que causa na mente. O exercício cerebral continua, através de "Straws Pulled at Random", "Spasm" e a paisagem lunar arrepiante de "Obsidian", todas sendo anti melódicas, de ranger o dentes em regiões matemáticas opacas, importando um pouco da psicodelia do Tool com Death e até Gang of Four. "Nothing" dá um novo significado para a palavra pesado, empurrando o metal para as fronteiras da ciência abstrata. Para aqueles sortudos o suficiente para viajar no som do album, como toda boa arte, irá fazer cócegas em seus subconscientes conectando o interno (mente) e o externo (espaço). Novas fronteiras se abrem. Pena que poucas bandas arriscam tanto quanto eles.
Antidote for generic metal.


Scarve - Irradiant


Uma das bandas mais talentosas e ferozes da França. Se qualquer desavisado se der ao trabalho de procurar, irá encontrar um número surpreendente de bandas pesadas de ponta pelo país de Napoleon, bandas como Gojira e similares. O Scarve de Nancy chegou no seu melhor com este terceiro album, "Irradiant" de 2004. De fato, se o album tivesse alguma falha evidente, seria ter assimilado muitas vertentes extremas no seu espectro sonoro, mas desde quando isso é uma coisa ruim? Pelo menos até quando o artista em questão souber dizer "quando". O Scarve tem um pé bem fincado no prog metal o que fica facilmente reconhecível em "Hyper Conscience" e "The Perfect Disaster", o que faz o album necessitar uma audição mais atenta.
Tudo isso faz de "Irradiant" um album bem maduro e de mente aberta. Nada aqui é impossivelmente complexo porém muito bem composto e arquitetado. Passagens melódicas bem inseridas com porradarias bem equilibradas.
Solid album.

Aniversário de 2 anos do blog!!!


Isso mesmo pessoal, agora após mais de 90000 visitas (no niver de 1 ano estávamos na marca dos 30000) comemoramos 2 anos de blog (atrasados pois a data foi no começo do mês).
A proposta não mudou e a resistência continua, apesar da caça às bruxas que anda acontecendo especialmente com os hosts. Continuamos dizendo "fuck the majors".
Não posso deixar de mencionar e agradecer o Mimi que sempre apoiou o blog e é parte disso tudo tanto quanto eu.
Amigos Bobster metro stud, Murer (rulivi), Mark presidiário do kct e loko.
Enfim, obrigado a todos.

Algumas palavrinhas sobre SOPA e PIPA.


A coisa está realmente feia. Este mesmo post que estou editando aqui já foi censurado anteriormente, porém continha um texto extensivo e com um conteúdo mais pesado. Por isso vou ser breve. Talvez decidam tirá-lo do ar também.
Que fique um alerta para a molecada sem cérebro que prefere cruzar os braços. Impotentes são os covardes que se calam, votam nos mesmos, vão trabalhar no outro dia e não mudam nada. Ok "bando de moleque besta"? Agora vão se masturbar e comer caramelos, conformistas e escravos do consumo. A vida é muito mais do que seus inferninhos familiares e diplomas universitários da indústria do papel timbrado.
Por aqui a guerra está apenas começando. Eu disse GUERRA!

Yyrkoon - Oniric Transition


Mais um album de metal francês nada tradicional.
Yyrkoon mudou muito durante os anos, este album é a sua estréia, também o mais distinto de toda sua discografia. Um album muito estranho, o que também pode se dizer da banda.
"Oniric Transition" é uma viagem com mudanças abruptas. Do black metal feroz para flautas, gothic rock para o mais denso rock progressivo. E assim vai...
O album segue uma fórmula batida na época, que outras bandas como Dimmu Borgir, Borknagar e Cradle of Filth também seguiram. Fórmula já bem batida em 2012, o que atualmente dá um certo saudosismo.
Em geral o album é bem decente, assim como a banda. Vale uma conferida para quem ainda não conhecia. Para o resto é um som datado e é recomendado apenas para colecionadores e fãs da banda.
A trip.

Soilwork - The Panic Broadcast [Limited Box Edition]


"The Panic Broadcast" não foi somente um lançamento crucial para o Soilwork, foi também o album que definiu o que a banda se tornou. As raízes de death metal melódico são agora nada mais que fragmentos espelhados pelos riffs e solos de guitarra, tendo alguma influência sobre a direção da música, mas para todos os efeitos deixadas para trás, até que enfim. Ao invés, o album começa com "Late for the Kill, Early for the Slaughter", uma adaptação bastarda demetal alternativo, nu-metal, death metal melódico e até mesmo thrash, enquanto isso tudo permanece por bem ou por mal até o fim do disco. Baseados fortemente em passagens pegajosas e refrões cantadinhos em coro seguem uma fórmula previsível do metal moderno com passagens de vocais limpos e padrões pesadões nos versos também. Isso soa ruim mesmo, especialmente considerando que "Late for the Kill, Early for the Saughter" é uma das músicas mais fracas do album, e foi colocada por razões obscuras como faixa de abertura. Entretanto, isso pinta um quadro borrado e injusto do album, escondendo o quão sólidas algumas faixas de "The Panic Broadcast" são.
Os vocais limpos e o solo de guitarra ressonante em "The Thrill" são um bom exemplo do porquê do sucesso de "The Panic Broadcast". Seu valor de "hit" é massivo. Não é música para ser levada tão seriamente, mas para ser ouvida ocasionalmente, e é justamente aqui que o valor do album realmente aparece. Os vocais de Strid, realmente, não chegam nem perto da perfeição. Seus guturais não são profundos nem brutais, mas sim são pseudo-gritos que encaixam-se bem ao passo das músicas. Junte isso com guitarrinhas mais brandas que saem bem do death melódico de Gothenburg, e você tem uma receita para uma audição cativante que não se leva tão a sério ou tenta aventurar-se por lugares pelos quais não deveria. De fato, qualquer um familiar com o estilo do Soilwork não sentirá muita diferença no som em geral, mas sim a mudança será notada na qualidade das músicas. O coração do album contém faixa após faixa do melhor material produzido pelo Soilwork em sete ou oito anos, e realmente, o que mais alguém poderia querer aqui?
A vazada acústica no final de "King of the Threshold" desliza lindamente para "diferentona" "Let This River Flow", uma faixa que leva o ouvinte com as guitarras que dobram-se sobre si em um movimento não usual no som da banda que define o fator crucial do sucesso de "The Panic Broadcast". O brilhante porém não exagerado instrumental juntamente com a letra muito bem escrita, fazem as pequenas escorregadas dos vocais de Strid não terem importâcia alguma e até nem serem notadas. Não é um album para puristas, já fica o aviso, mas se o ouvinte não ligar para a fórmula que já foi feita anteriormente, e nem para essas transições de vocais gritados para limpos nas músicas, então não há com o que se procupar aqui. As poucas músicas que são realmente ruins aqui são logo esquecidas com a sucessão de bons sons no decorrer do album. Parece que o Soilwork está numa ascendente pelos próximos anos pelo que se pode notar em "The Panic Broadcast".
A mixed bag here.