Segundo album dos judeuzinhos malucos de New York. Lançado após "Licensed to Ill" que foi um album que fãs e crítica achavam ser insuperável, além da banda ter passado por um litígio com a Def Jam e ter se mudado de New York para Los Angeles, tudo indicava que o grupo tinha perdido o fio da meada. Muitos críticos até mesmo na época não entenderam o album e acharam um som bagunçado, o que realmente com o peso dos samples denota um tanto, mas que o ouvinte precisa escutar para ir captando o charme de cada faixa. Do hard rock presente em "Licensed to Ill" para samples e beats pesados que vão além do psicodélico, são verdadeiras pinturas com som. O resultado foi um album único no estilo. Como os Rolling Stones em 1972, os Beastie Boys estavam em exílio e acabaram por compor uma carta de amor à sua cidade natal, mesmo com os nativos de L.A. Dust Brothers ajudando a redefinir a base de samples que formaria o album. Tristemente, a banda nunca mais repetiu essa dose de samples em sua carreira devido a quantidade de processos por direitos autorais que levaram na cabeça, como Gillbert O'Sullivan o fez com "Biz Markie" que proibia até tocá-la ao vivo. Uma lástima pois "Paul's Boutique" provou que samples poderiam ser usados artísticamente em uma extensão nunca imaginada. Os samples usados de forma não convencional vão desde Curtis Mayfield com "Superfly", Sly Stone com "Loose Booty", Loggins & Messina com "Your Momma Don't Dance" e Ramones com "Suzy Is a Headbanger". O que os Dust Brothers e Beastie Boys fizeram com esses samples malucos, beats, loops e pequenos truques foi criar uma atmosfera hyper surreal e romantizada de New York onde se reflete toda a cultura da cidade em vários sentidos, antagonicamente até mesmoalgums vezes, como nunca antes. O que confundiu ouvintes em geral e crítica na época foi essa densidade musical, que precisa ser digerida com várias audições para que se quebre a barreira da absurda quantidade de referências e informações presentes no som.
Até hoje poucos grupo de rap conseguiram contexto similar musicalmente. As letras em "Paul's Boutique" trazem piadas afiadas com narrativas bem estruturadas e personagens bem descritos e colocados em situações e lugares perfeitamente descritos.
Mesmo sem o impacto merecido na época, este album fica como uma lição de como se fazer rap, continuando divertido e inovador até hoje.
A genre-busting masterpiece.
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