Cream - Disraeli Gears


Começou como uma piada. Mick Turner um dos roadies da banda estava conversando com o baterista, Ginger Baker, como ele incrementou uma bike com "Disraeli Gears". Ele quis dizer, é claro, derailleur gears (descarrilador de marcha), mas a banda achou o engano hilário e daí nasceu o nome de um dos maiores albuns psicodélicos do Reino Unido.
Por volta de 1967 Cream quase queimou a largada. "Fresh Cream", seu primeiro album foi lançado às pressas e era quase purista demais nos padrões blues e velharias, e já em 1966 era considerado fora de época com o que acontecia no mundo então. "I Feel Free" já tinha flertado com a forte corrente lisérgica, mas eles ainda estavam por encontrar a terra prometida no underground de Londres. Uma razão para isso ter acontecido foi o background da banda, não somente no blues (ao tempo que Eric Clapton deixou John Mayall´s Bluesbrakers) mas também no jazz. Ambos Jack Bruce e Baker tendo passado um tempo com Graham Bond. Por sorte esse diverso background foi de grande valia para o próximo passo da banda.
Neste segundo album as coisas saíram diferentes. As químicas tornaram-se parte, Clapton fez uma grande amizade com o artista australiano Martin Sharp que não somente ajudou nas letras de "Tales of Brave Ulysses" mas também veio com a esplêndida capa barrôca. Enquanto isso Jack Bruce estava agora trabalhando com o poeta underground, Pete Brown, do qual as letras são igualmente viajantes. "SWLABR" (que quer dizer "She walks like a bearded rainbow"), "Dance the Night Away" e "Sunshine of Your Love" foram perfeitos encapsulamentos de quando o blues tornou-se psicodélico e em troca tornou-se pesado. O riff de "Sunshine of Your Love" é totalmente icônico e define a estética do power trio que estava para tornar-se tão popular entre os muitos discípulos que estavam por vir.
O outro catalizador criativo foi o produtor Felix Pappalardi. Com co-autoria em "World of Pain", ele também ajudou a transformar a bluseira "Lawdy Mama" na marota "Strange Brew", uma candidata a melhor faixa de abertura de todos os tempos. A guitarra de Clapton agora tinha sido exposta aos efeitos de estilos mais pesados de Jimy Hendrix e seu uso pesado de wah-wah dá ao "Disraeli Gears" uma certa dose de estanheza, fazendo deste provavelmente o album mais experimental que ele já fez. A estilosa inclusão da redenção de Ginger Baker com "Mother´s Lament" foi a chave de ouro.
Para o destino final da banda, dois anos depois Clapton voltou para seu grande amor, o blues. E a banda tornou-se essa saudosa memória descrita aqui. Por um curto período eles trouxeram paz e amor para o mundo.
Creams masterpiece.



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