Audioslave - Audioslave

A raiva incontida de Kurt Cobain voltou na forma de seus diários, Pearl Jam pareceu também tentar resgatar sua essência original, e ser amado novamente como foi. Mas nada parecia fazer alguém querer tirar sua velha camiseta do Lollapalooza lá de baixo das pilhas de roupas novamente, a não ser a voz poderosa de Chris Cornell novamente em sua velha forma. No Audioslave em sua colaboração com os três ex membros do Rage Against the Machine, Cornell consegue relembrar sua velha forma no Soundgarden plenamente. Perto dele os vocaizinhos de nu metal parecem adolescentes de bandas de garagem.
O retorno de sua voz poderosa foi tão inesperada quanto o lançado do album em si. Em seu único lançamento pós Soundgarden, sua voz tinha decaído e ele parecia ser uma má opção lógica para o lugar dos gritos nervosos de Zack de la Rocha. Cornell chegou até a desistir no meio da tour de verão da banda, e este album parecia ter um futuro nebuloso. Sem contar as declarações recentes de ambos os lados, Cornell e banda.
"Audioslave" foi muito mais sucesso do que fracasso apesar de tudo, e um grande exemplo de que os opostos podem dar certo. Em uma estranha tática reversa seu vocal arrebenta enquanto a banda segura a onda mas sem perder seu poder de fogo. O resultado não foi um Rage piorado ou falsificado, e sim mais uma continuação de "Superunknown" do Soundgarden que Cornell jamais poderia imaginar. As músicas mais contemplativas como "I Am the Highway" possuem o dedinho de Rick Rubin, como fez com Red Hot Chilli Peppers, e acaba sendo uma "Black Hole Sun" com algumas serpentinas e confetes em volta.
Tudo pareceu na época más notícias para os fãs de Rage sedentos das guitarras estilo scratches de Morello e as oratórias políticas de Zack. Porém há pitadas disso neste album, como por exemplo em "Cochise", que fala sobre o chefe Apache enquanto as guitarras de Morello no estilo velho do Rage gritam como um alarme de incêndio.
De qualquer forma é um album sem ressentimentos para ambos os lados, tratando-se dos fãs, pois o som da banda aqui é de primeira. Só torce o nariz quem for teimoso mesmo.
Great rock album in a long time.

Chevelle - Point #1



Album debut da banda em colaboração com Steve Albini, que resultou em um poderoso e empolgante indie rock. Ritmos dinâmicos e melodias predominam pelo album, e músicas como "Open", "Dos" e "Blank Earth" combinam delicados interlúdios com explosões de barulho. Na linha da ambiciosa cena rock de Chicago, Chevelle consegue bem alcançar seu objetivo.
Para deixar claro, Chevelle nunca lançou nada extraordinário inovador e provavelmente nunca lançará. Se for possível aceitar isso, então fica fácil de curtir o som da banda.
O que eles fizeram neste primeiro album foi chegar mais perto de algo único e inovador em toda a carreira da banda. Os últimos albuns mostram isso.
A great start.

Sinch - Clearing the Channel


Quando a maioria dos executivos de gravadoras pensam em Philadelphia, eles tendem a relacionar a cidade com R&B, jazz e hip-hop mais do que rock. Eles pensam em Gamble & Huff, Teddy Pendergrass, os Stylistics e os Intruders nos anos 70, ou Jill Scott, Roots, Eve e Beanie Sigel nos 90 e 2000. Eles pensam em John Coltrane, Lee Morgan, McCoy Tyner e vários outros pesos pesados do jazz que vieram da terra dos cheese-steaks, casas coladas e políticos inescrupulosos. Mas o fato dos caça talentos das gravadoras ignorarem a cena rock de Philly não quer dizer que a cidade não tenha muita atividade rock, e Sinch é uma das muitas bandas legais da área que arrebanhou fãs localmente nos anos 90 mesmo não sendo conhecidos nacionalmente. Mesmo que Sinch não seja a banda mais original e seminal do mundo, eles geralmente produzem um rock/post-grunge respeitável. Este lançamento de 2005, que vem após 11 anos da formação da banda, é uma boa demonstração da pegada rock pesado e também melódico deles. E como vários outras banda pós grunge, Sinch mostra que introspecção e volume não são coisas que não podem andar juntas. A banda soa agressiva a maioria do tempo, mas as letras são introspectivas e sombrias. Eles levam a herança de Pearl Jam/Stone Temple Pilots/Nirvana/Bush a sério, fazendo músicas bem derivadas porém bem legais. Novamente, ninguém irá acusar "Clearing the Channel" de tentar reinventar o rock/post-grunge alternativo, mas em termos gerais, o album é um sucesso. E serve como um lembrete de que a reputação de Philly como Mecca do R&B e jazz é bem merecida, e que porém sua contribuição para o rock não deve ser subestimada.
Very good alt rock cd.

Stone Sour - Come What(ever) May

O que separa Stone Sour dos outros de seu gênero, é a capacidade da banda de criar músicas de metal alternativo fáceis de tocar e serem ouvidas no rádio, sem aborrecer um público já cansado de tantos grupos pós grunge. O segredo está no estilo único do guitarrista James Root e na solidez intensa do baterista Roy Mayorga. Root e o vocalista Corey Taylor recriaram o Stone Sour após o sucesso de Slipknot no final dos anos 90. A intenção da banda era criar um ambiente mais introspectivo, melódico e criativo para eles sem decepcionar os fãs do Slipknot. Stone Sour é mais pesado do que a maioria dos grupos de metal alternativo, incorporando um heavy metal bem barulhento em várias músicas.
O agressivo album debut da banda auto intitulado foi mais uma remanescência de Slipknot, mas "Come What(ever) May" vai bem mais além, saindo do shock rock e rap rock que originalmente levou o Slipknot ao sucesso. Taylor solta seu vocal guturalizado (que se destaca bastante de seus contemporâneos) ocasionalmente, mas talvez não tanto quanto deveria. O melhores momentos do album são sentidos quando suas potentes cordas vocais, juntamente com riffs pesados de guitarras distorcidas e bateria com pedal duplo, abrem caminho pela produção aqui impecável. O album começa forte com o baixo e bateria pesados de "30/30-150". A música explode das caixas, sendo uma abertura sólida para um album que mistura rock alternativo, metal pesado e pós grunge. Infelizmente, nem todo o album é interessante. "Through the Glass" por exemplo vez com todo seu charme adolescente, mas é tão teen que fica difícil suportar se o humor da pessoa estiver um pouco irritadiço. O mesmo se aplica para "Sillyworld", uma faixa chatíssima com um leve toque de Pink Floyd.
De qualquer forma "Come What(ever) May" vem com vários momentos legais, e foi uma promessa de talento no marasmo do metal alternativo.
A good follow-up.
Mais um desenho do Mimi, uma personagem de uma história que ele estava desenhando.
Bonitos melões.

Resident Evil - Soundtrack

Trilha sonora com várias bandas interessantes como Slipknot, Mudvayne e Coal Chamber. Algumas em versões remix aguadas, outras na original.
Para os fãs de Marilyn Manson os scores são a melhor parte. Tratando-se de uma trilha sonora com vários artistas é de se esperar altos e baixos. Cabe ao ouvinte julgar.
A mixed bag but a good soundtrack after all.

Bionic Jive - Armageddon Through Your Speaker

Sendo um grupo da segunda onda do rap-metal chegando logo após a ascenção de Limp Bizkit ao inesperado sucesso, Bionic Jive não consegue soar imprevisível. É difícil não pensar em 311 ou Rage Against the Machine escutando "Armageddon Through Your Speakers", bandas que foram pioneiras nesse som rap-metal e foram bastante inovadoras. Mas Bionic Jive não apareceu em 1992 como Rage, ou em 1993 como 311, ou mesmo em 1997 como Limp Bizkit. Eles apareceram no final de 2001 e como resultado, soam datados. Afinal, onde dois ou três anos antes bandas de rap-metal eram anomalias, em 2001 elas soavam incrivelmente iguais e medíocres, com bandas como P.O.D. e Linkin Park vindo do nada e arrebentando nas paradas para o mainstream. Quem consegue relevar isso, ou não dar a mínima, pode achar esse debut album de Bionic Jive por uma major até impressionante.
O grupo apresenta um trio de baixo, batera e guitarra com dois MCs na frente, e a soma dessas parte é mesmo potente. Nada menos que excitante e maníaca em termos de energia. Além disso, o grupo fez músicas sólidas: as introduções frequentemente possuem riffs memoráveis, as partes possuem rimas intensas, os refrões são pegajosos como deveriam, e no geral, as rimas e riffs sintetizam-se surpeendentemente bem. Então, em suma, Bionic Jive parece ter um polido rap-metal e alguns poucos grandes momentos em "Shut Em Down", "I Shot Lucifer" e "Swarm". Mas há alguns problemas. Claro, há grandes momentos neste album, mas infelizmente também grande repetição. O grupo parece ter encontrado uma fórmula que não quis mais deixar de usar para experimentar algo a mais. E ouvintes de rap de longa data aqui nada mais acharão as rimas muito cliché, e até certo ponto, ou até mesmo fora de contexto. Letrinhas falando de dinheiro, champagne Möet, cafetinagem e malandragem não ajudam muito. E no final esse problema torna-se bastante grave. O album passa uma impressão de ser bem fabricado, no mau sentido. O melhor rap-metal emprega seus próprios motivos, desenha suas próprias estruturas, e mais que tudo cria seu próprio contexto. Infelizmente, poucas bandas de rap-metal da época de 2001 fizeram isso, e definitivamente Bionic Jive não foi uma delas. Eles apenas sintetizaram o que seria uma fórmula potente, que para um ouvinte mais experiente, simplesmente não cola. Fãs de P.O.D. e Limp Bizkit podem encontrar algo aqui que lhes interesse.
Talented but cheesy.

Kottonmouth Kings - Hidden Stash II: The Kream of the Krop


Kottonmouth Kings volta na fórmula rap-rock com "Hidden Stash, Vol 2", um album estrondoso com um som diferente do que eles vinham fazendo. Músicas como "Killa Kali" são simplistas, tons raivosos que levam a mesma atitude e pegada de Eminem, que parece ser uma influência levando-se em conta a produção e estilo da faixa. A diferença é que onde Eminem é mais espertinho nas sacadas das letras, tiradinhas engraçadas, mestre em criar controvérsias, Kottonmouth Kings falam somente de três coisas: o quanto eles são bons, o quanto eles odeiam todo mundo, e o quanto eles amam maconha. Não há qualquer traço de humor na maioria das faixas, enquanto eles tentam levar suas músicas punk e rap o mais sério possível. Isso enfatiza o quão raivosos eles são, mas tira toda a energia das letras e os deixa com um som forte porém com vocais sem muita expressão. Surpreendentemente eles possuem um grande talento para o reggae. Apesar das letras bobas, ambas "On the Run" e "Tell Me Why" são faixas bem legais nesse ponto. Em geral "Hidden Stash Vol 2" foi um album que correu atrás de seus contemporâneos mas perdendo de vista o que faz desse estilo interessante.
O segredo aqui deve ser ir fumando e escutando, e então descobrindo mais as músicas. E fumando... e fumando...
Pass the joint motherfuckah!
Primeiro album dessa moçada skate punk da California que versa sobre as preocupações do novo milênio: alienação juvenil, intenções contraditórias, a busca da pira perfeita. O som fica longe de ser original e limitado em idéias no geral. A melhor música é "Heaven Is a Halfpipe" mas nada que Sublime já não tenha feito mil vezes. Em geral o som da banda parece um Sublime infantil.
Bom para escutar sem qualquer avaliação crítica.
Not that good, but easy and fun listening.

Yellowman - Nobody Move Nobody Get Hurt

Winston Foster sempre destacou-se da multidão. Assim como qualquer albino jamaicano, com 1,80 de altura, vestido de amarelo faria. Mas foi pelo seu talento como letrista (a maioria pornográfica) que Yellowman encontrou fama, e esse vinil dele de 1984 é uma boa dose do deejay malandro.
A faixa título é tão boa quanto qualquer coisa da época. Construída ao redor daquele famoso refrão, sampleado pelo grupo de hip hop americano Poor Righteous Teachers, a música é um constante estado de improvisação. Linhas de baixo seguem Yellowman enquanto o mesmo manda ver sem qualquer restrição. Ele pode ter a boca suja mas ninguém pode acusá-lo de pronúncia pobre.
Reconhecimento também deve ser dado ao produtor Henry Junjo Lawes com quem Yellowman ja vinha trabalhando desde 1982. Faixas como "Hill & Gully Rider" e "Wreck A Pum Pum" permanecem como exemplos clássicos de sua arte em produção, com Junjo fazendo os twists no dial criando um vácuo perfeito para Yellow construir no lugar. Nada é exagerado e a banda de acompanhamento, Roots Radics, supre uma sucessão de arranjos intrigantes.
As letras podem ser entendidas rapidamente como uma série de tiradas pornográficas caricatas, mas para os padrões de hoje, Yellow soa bem domesticado. Nada selvagem como a famosa declaração de Peter Tosh chamando-o de machista.
De qualquer forma, Yellowman como performer demanda atenção e respeito. E "Nobody Move"... faz "Everybody Move", pois é um daqueles albuns que botava todo mundo para dançar vinte anos atrás e continua fazendo até hoje.
Lembrando que este album postado aqui é um vinil e a qualidade da gravação pode não agradar alguns.
For old school style reggae lovers.

KRS-One - Return of the Boom Bap



O album de Boogie Down Productions de 1992, "Sex and Violence", foi de todas as formas um triunfo artístico e um desastre comercial. Sem sombra de dúvidas as batidas de Kenny Parker, Prince Paul, D-Square e Pal Joey eram poderosas. Sem sombra de dúvidas KRS-One mostrou algumas de suas letras e rimas mais hardcore em músicas como "Duck Down" e "Like a Throttle", e mandou lições que somente ele é capaz de dar em "Poisonous Products" e "Who Are the Pimps?". Poderia ter sido um triunfo para a nação hip-hop e uma aclamação mundial... mas falhou em fazer alguma diferença nas paradas e até mesmo com o público.
Talvez as batidas eram muito pesadas. Talvez a capa estilo Picasso era muito perturbadora. Talvez as pessoas acharam KRS-One muito didático. E ele encontrou sua própria solução para isso tudo, voltou desafiante com um novo LP próprio. Ninguém de sua base de fãs internacional se surpreendeu, sendo que KRS carregava o BDP liricamente nas costas desde quando Scott LaRock ainda era vivo. Realmente, ninguém queria saber de mais album de D-Nice, os vocais de Ms.Melodie, ou um single pesadão de Ill Will. Pode ser exagero dizer, mas a verdade dói: KRS-One era e é Boogie Down Productions. Logo que ele deixou de se auto-clamar BDP, BDP deixou de existir.
O último suspiro de BDP como conceito foi "Outta Here", o primeiro single do album de KRS-One, "Return of the Boom Bap". Desde os primeiros momentos da música de 270 segundos de duração, a estrondosa linha de baixo de DJ Premier cria uma vibe transcendental impossível de esquecer, elegante e simples. Logo em seguida, Primo manda uns scratches de "Boogie Down was performin, hey they ain´t no joke," palavras do amigo e lenda do rap de New York, Slick Rick. O triunfo são as letras, uma jornada pela história do hip-hop sob a ótica de primeira pessoa:
"Back in the days I knew rap would never die
I used to listen to Awesome 2, on WHBI
I used to hear all kind of rap groups before samplin loops
Rappers wore bell-bottom Lee suits
Me and Kenny couldn't afford that
So we would go to the park when they was jammin to hear rap
I used to listen 'til the cops broke it up
I always thought to myself -- Damn, why they fucked it up?"
Dentro de sua história há um aviso: rappers daqueles dias que alcançaram a fama e o estrelato desapareceram tão rápido quanto subiram, ou com ele diz, "They were large, but none of them could managed to stay on top." E logo após essas palavras que a potente ironia do primeiro album de KRS-One é sentida. Segue o refrão:
"Do you ever think about when you outta here?Record deal and video outta here?
Mercedes Benz and Range Rover outta here?
No doubt BDP is old school, but we ain't goin' out!"
Ninguém reclamaria de nada até aqui. A riqueza é furada se você não planejar para o futuro, mas indepentende de que rimas ele insere nessa parábola ele pontua cada verso da música com a linha, "No doubt BDP is old school, but we ain't goin' out!". A batida hipnotizante e as rimas de KRS-One escondem qualquer contradição, mas é bem óbvio que BDP "did go out", ou então este seria o album de Boogie Down Productions, "Return of the Boom Bap", e não de KRS-One solo. Do lançamento desta música em diante, BDP passou a existir somente em nome. Como um coletivo de artistas, eles silenciosamente foram sumindo, e poucas pessoas até mesmo lamentaram. Contanto que KRS-one continuasse a fazer rap, ninguém dava a mínima.
Levando-se em conta a alta qualidade deste album, isso tudo não é surpresa alguma. Primo foi a força guia por trás deste album basicamente, e fez sua presença sentida diretamente em músicas como a jazzy "Mortal Thought" e a espiritualmente funky "Higher Level". Ele também co-produziu "I Can´t Wake Up" juntamente com KRS-One, o lado B do primeiro single. Por alguma razão, as pessoas interpretaram essa música como um ataque direto contra marijuana, ao invés de uma fantástica viagem onde um rapper cai em um sonho induzido por hipnose onde ele tornar-se um baseado que é passado de mão em mão entre os tais do hip-hop. Para os que não entenderam, "Spark Mad Izm" do Channel Live depois resolveria o problema, mas naquele tempo as atenções estavam voltadas para o segundo single "Sound of Da Police" produzida por Showbiz. Enquanto o projeto paralelo de Ice-T, Body Count, estava atraindo todas as atenções da mídia para "Cop Killer", KRS-One mandava um verdadeiro balaço na bunda dos porcos:
"Now here's a likkle truth, ppen up your eyes
While you're checking out the boom-bap, check the exercise
Take the word "overseer," like a sample
Repeat it very quickly in a crew for example
Overseer.. Overseer.. Overseer.. Overseer
Officer, Officer, Officer, Officer!
Yeah, officer from overseer
You need a little clarity? Check the similarity!
The overseer rode around the plantation
The officer is off patroling all the nation
The overseer could stop you what you're doing
The officer will pull you over just when he's pursuing
The overseer had the right to get ill
And if you fought back, the overseer had the right to kill
The officer has the right to arrest
And if you fight back they put a hole in your chest!
(Woop!) They both ride horses
After 400 years, I've _got_ no choices!
The police them have a likkle gun
So when I'm on the streets, I walk around with a bigga one!"
Dadas as tensões raciais após as revoltas urbanas de L.A. em 93, é incrível que esta música não tenha despertado algum mal estar no estilo Ice-T. Mas talvez as pessoas estivessem finalmente acordando para o fato de que após anos de músicas como "Fuck the Police" do N.W.A. e "Headcracker" do Double XX Posse estavam chegando em alguma conclusão. Que brutalidade policial é baboseira. Infelizmente as lições que Rodney King deixou serviram de nada, porque anos depois a sociedade passou por tudo isso novamente com Abner Louima. KRS-One deveria ter colocado uma continuação no refrão, "WOOP WOOP! I stick de plunger up your ass, WOOP WOOP! I'm a pig wit no class" mas infelizmente essas pessoas que mais deveriam ouvir essas músicas nunca as ouviram.
Surpreendentemente as faixas mais legais do album são as produzidas pelo próprio KRS-One. O baixo pulsante da faixa título, o beatboxing minimalista de "Uh Oh" e o simples porém efetivo loop de "Black Cop" (lançada previamente com uma pequena fanfarra na trilha sonora de "CB4") todas são tiro certo. Todos os beats dos projetos de KRS-One desde 1993 estavam na borda entre quase lá ou apenas medíocres, o que novamente é fácil de presumir os créditos da influência de DJ Premier neste album. Nos créditos ele recebe nota a mais contribuições e é o único assinalado com um * ou + ao lado dos títulos. Em outras palavras, quando não há algum crédito extra vai automaticamente para ele. Pena que Primo nunca tenha se unido com KRS-One nesse nível após, salvo algumas pequenas mudanças no album seguinte e alguns projetos esporádicos desde então.
Independentemente que alguém ache que KRS-One é mais legal com ou sem Kenny Parker, seu irmão não faz falta alguma aqui. Com todos os produtores citados até aqui Kid Capri ainda não foi mencionado, e ele manda excelentes músicas com "Brown Skin Woman" e "Stop Frontin´". Ainda mandando uns raps supreendentemente legais na última citada:
"You wanna step to Kid Capri, COME COME COME!!
I break em up, just for actin like a superstar
Around the way, we got a neighborhood trooper car
We ride by, and spray your crew, and your honies too
And rip you open and drink your blood like a Mountain Dew"
É! O garoto estava nervoso nessa. No geral, há somente duas coisas para se queixar neste album: a clássica lado B "Hip Hop V. Rap" do segundo single não foi incluída, e cinquenta e seis minutos desse pulsante rap parece pouco aqui. Esse foi KRS-One no auge de sua prosa, poder e popularidade, mostrados em todos os aspectos. O que faz terminar o album com "Higher Level" perfeitamente apropriado. Quando as pessoas falam do porquê KRS-One ainda ser respeitadíssimo apesar da lista de atitudes contraditórias e material absurdamente metido a didático na última década, albuns como este são o motivo. Ame ou odeie, não podemos negar que ele é um dos grandes de todos os tempos. E este album é a prova.
This is real rap.

Noisia - Split the Atom

Após muitos EPs, o trio de drum n´ bass holandês finalmente aparece com seu debut album, e promete converter seguidores para sua causa. Com Enter Shikari, por exemplo, cumprindo a promessa com um segundo album de sucesso no ano passado, os holofotes mais uma vez apontam para a mistura simbiótica que o rock e a dance music proporcionam. Direto do underground do gênero, Noisia parece ser um sério candidato ou mainstream. Merecidamente, pois as faixas que vinham na coletânea "Fabriclive" já davam o sinal.
O primeiro single, "Machine Gun", por exemplo estabelece uma série de picos e rushes, sintetizadores crescentes e reverbs frenéticos antes de uma batida agressiva que DJ Shadow levaria para casa com o maior prazer.
No geral o album é bem variado, com participações e variações de batidas sem cair na mesmice.
To blow your speakers (in a good way).

The Prodigy - Firestarter [UK Vinyl 12" DJ Promo]

A música "Firestarter" foi lançada em 18 de março de 1996. Foi o primeiro single do album "The Fat of the Land", e o décimo da banda. Primeiro single da banda a chegar no topo máximo das paradas britânicas, também com repercussão internacional.
O vocal punk de Flint firma o mesmo como frontman neste single. As letras causaram grande controvérsia na época por sua natureza violenta, o que agravou mais ainda com o video clip que na época foi até rejeitado por algumas emissoras de TV por assustar criancinhas. Ele foi dirido por Walter Stern e filmado em túnel de metrô abandonado em Aldwych, e apresenta Flint em preto e branco com sua carinha doentia no maior estilo psicopata.
Os créditos da música são, além de Keith Flint e Liam Howlett, também de Kim Deal dos Breeders. Inclusive o loop de guitarras com wah-wah sampleadas são de The Breeders, da música "S.O.S.", do album "Last Splash".
Phat beats.
"Official Version" foi um bom album, mas este aqui foi além. Facilmente um dos maiores albuns de industrial de todos os tempos, Front 242 é por isso uma das bandas mais influentes do estilo (Até funk carioca rouba beats deles). Desde a capa até os video clips malucos seguem a linha maníaca eletrônica.
O album começa e termina no mesmo estilo, sem qualquer mudança de curso. A faixa mais famosa do disco é o EBM definitivo, "Headhunter". Ao contrário da baboseira que o funk carioca fez com ela, a música original traz um retrato do capitalismo como terrorismo mercenário com aquele baixo pegajoso que guia a melodia toda, faixa que merece esse destaque pois sua batida é contundente e os arranjos vocais foram um tiro certeiro. Richard 23 e Jean-Luc de Meyer fazem um coro step-by-step em perfeito balanço, o primeiro colocando as frases e o segundo chutando nos tons mais altos em seguida.
O album todo tem uma atmosfera coerente, compassado, militarista, desde a capa até as letras. Perfeito dentro do estilo do grupo.
Esta reedição de 1992 inclui mais uma versão de "Headhunter" além do EP "Never Stop" inteiro.
One, you lock the target. Two, you drop us a line. Thank you.

Ministry - With Sympathy


Ao invés do metal industrial quebra-ossos dos últimos anos, "With Sympathy" é pseudo-gótico new wave synthpop que soa nem um pouco metal mas sim como um irmão caçula de Human League. Pode ser bom, para quem identifica-se bastante com a personagem Allison Reynolds do filme "The Breakfest Club".
Os metais eletrônicos de "Here We Go" são um sonho de buzina para qualquer motorista de Kombi vendedor de sonhos ou biscoitos. "Work for Love" parece que lembra um pouco "Walk This Way", mas não tem aquelas letras malvadas de rap.
Al Jourgensen realmente é uma figura imbecil, hoje em dia ele diz ter vergonha deste album. Mas até sotaque britânico ele falsificou cantando aqui. O cara imigrou de Cuba, descobriu a heroína e a cocaína e resolveu depois fazer da família Bush seus inimiguinhos preferidos. Por essa e por outras que fica obrigatório escrever aqui que este é seu melhor album.
Never betray your nation.

Dead Kennedys - Fresh Fruit for Rotting Vegetables



Album clássico da história do hardcore punk, ponto final, a resenha poderia parar por aqui.
Ok, chovendo no molhado a resenha continua para os que viveram em uma caverna até os dias de hoje ou são adolescentes que cresceram achando que Green Day é movimento punk.
Jello Biafra aqui consagra-se na sua marca registrada de confeccionar letras, misturando assuntos seríssimos com comédia e dramatizando completamente na hora de cantar. Sendo um pouco sarcásticos poderíamos dizer que ele estaria equiparado a um vibrato de Tiny Tim desempregado.
Neste album estão também os dois maiores clássicos da banda, "California Uber Alles" e "Holiday in Cambodia". A fato aqui é que este album é um daqueles como "London Calling" do Clash que vieram no lugar certo na hora certa. As letras de Jello aqui alcançam grandes autonomias abordando temas que passam por religião, idade, família, amigos, vida em geral, dinheiro etc...
A questão principal é que a música enquanto arte, mesmo sendo um rebuscado hardcore punk, ainda tinha algo a dizer. Com propriedade, não da boca para fora. É uma questão de perspectiva. Será que pagar 200 reais para ir em um mega show com tema de sustentabilidade, jogar lixo no chão e não levar nada com isso, somente fotos tiradas de um celular do último tipo para colocar no facebook, talvez seja a prática da vez?
Bla, bla, bla... Escutem o som aí. O punk não morreu não. Podem ter certeza. Hoje temos bandas poderosas com letras de grande significado como NXZero, Fresno e Good Charlotte. Aliás, nem escutem este disco do Dead Kennedys, é som velho, não presta. Melhor o top 10 da MTV.
Spitting venom classic.

Red Hot Chili Peppers - By the Way


 O oitavo album de estúdio de Red Hot Chili Peppers mostra os garanhões da California explorando estradas mais melódicas de harmonias e texturas, contrastando com o pioneirismo, dos becos funky do início. Por sorte, com esse som mais sofisticado, os Peppers não sacrificaram nenhuma de suas paixões pela vida, amor universal, energética marca registrada e (é claro) luxúria. Ainda que tenham gravado o provocativo "The Abbey Road E.P." em 1988, este album na verdade soa bem mais parecido com o "Abbey Road" dos Beatles, com um pouco de "Pet Sounds" e elementos dos arranjos luxuriantes de Phil Spector tudo destilado através dos experientes estilos funk-pop da banda. Vocais harmônicos e arranjos de cordas entraram no lugar de alguns dos baixos slap que inicialmente fizeram da banda reconhecida, mas fãs de ambos estilos do gentil e do agressivo Chili Peppers facilmente abraçam o primeiro single e faixa título, "By the Way". De fato, essa música por si só poderia contar uma breve história de tudo que Red Hot Chili Peppers já gravaram: incendioso funk de Hollywood, harmonias gentis, um pouco de letras sobre garotas, um pouco de curtir pelas ruas no verão, algumas rimas rápidas de Anthony Kiedis e algumas linhas de baixo nervosas de Flea. A canção toca como uma verão de áudio de um episódio de Behind the Music da VH1 de três minutos e meio. Em geral, o album tende mais para o lado melódico da obra da banda, mas eles despontaram para esse mais gentil e refinado modo de trabalhar progressivamente pouco a pouco, album a album. O que antes eram instantes espásticos de um estilo de vida punk-funk, cresceram em curtas porém coerentes histórias de introspecção e "Californication". Embora o passo do album dê uns tropeços algumas vezes (especialmente nos versos, os refrões são todos bem legais), é reconfortante ver que os quatro Chili Peppers continuam a crescer mais maduros e seguros de si mesmos, suas composições e habilidades parecem seguir uma cronologia adequada.
Sometimes, change is a good thing.
Megaupload
Audio do show que foi ao ar em março de 1992 pelo canal de televisão citado no título. O setlist foi espremido na época para encaixar-se ao formato de 30 minutos da emissora. Este CD contém alguns sons que não foram ao ar como "Oceans" e o cover de Neil Young "Rockin´ in the Free World".
Album que veio logo após o sucesso fenomenal de "Ten". De fato seis músicas desse disco aparecem aqui, assim como "State of Love and Trust" da trilha sonora do filme "Singles" e o cover de Neil Young. A voz de Eddie Vedder cumpre bem o seu papel aqui, deixando algumas músicas mais fortes que a versão original, como por exemplo "Black" que acaba soando mais obscura e animalesca que a versão baladinha gravada em "Ten".
Entretanto nota-se no som como tudo tinha vindo muito de repente para eles. Os violões tocados aqui são somente semi-acústicos e Jeff Ament toca baixo elétrico nas faixas mais pesadas. Em algumas faixas como "Evenflow" e "Jeremy" nota-se a falta de preparo na passagem da versão de estúdio para acústico, na verdade nenhum preparo anterior. Assistindo o DVD é possível perceber que a banda realmente estava mais no ímpeto de detonar tudo, como vinham fazendo, do que tocar no clima pretenso "Unplugged". E na verdade, nessa época a banda só tinha quatro músicas leves para serem facilmente colocadas em um acústico, se eles na época tivessem as músicas do "Vitalogy" este acústico estaria pau a pau com o tão aclamado do Nirvana.
E por falar em Nirvana, bem no final da última música deste CD, Vedder manda um recado para Kurt Cobain.
One of the landmark moments of the grunge era.

The Who - Higher Education

Bootleg lançado pela Tendolar com boa qualidade sonora. O disco tem as mesmas faixas do show no McDonough Gymnasium (Georgetown University, Washington DC, USA) em um domingo de de novembro de 1969, que apareceram em outro bootleg original chamado "Cops and Robbers". Na realidade "Higher Education" é o show contido em "Cops and Robbers" com as músicas fielmente na mesma ordem, mais faixas das demos de Pete Townshend e cortes de estúdio.
Oldie.

Alice Cooper - Billion Dollar Babies

Com "Billion Dollar Babies", Alice Cooper refinou a crueza de seus albuns anteriores em favor de um som mais polido (cortesia do super produtor Bob Ezrin), resultando em um disco de mega sucesso, #1 nas paradas da época. Faixa a faixa, o disco é o melhor e mais forte da banda original. Músicas como "Hello Hooray", a batida letal da faixa título, a desafiadora "Elected" (uma canção mais antiga chamada "Reflected" que foi reescrita), e a super conhecida "No More Mr. Nice Guy" permanecem até hoje entre as maiores conquistas de Alice Cooper musicalmente. Também faixas que foram o embrião do gênero gore/splatter das tantas bandas de hoje, como a necrófila "I Love the Dead" e a macabra "Sick Things". Também as menos conhecidas porém fortes "Raped and Freezin´", "Unfinished Sweet" e um daqueles clássicos que ficam ignorados pelo tempo, "Generation Landslide".
Nada parecia deter essa grande banda de hard rock na época, mas tensões entre os membros nos bastidores forçaram a estelar formação original se dissolver com apenas mais um album.
"Billion Dollar Babies" não somente é um dos melhores de Cooper, mas também um dos albuns essenciais da história do rock.
One of the best of 70´s hard rock.

Big Country - The Seer


Terceiro album propriamente dito do quarteto escocês que começa de cara com "Look Away", um conto marginal com um trabalho de guitarra bem legal de Bruce Watson e do cantor Stuart Adamson. A marca registrada da banda eram essas guitarras simulando gaita de fole, o que dava um ar folk local ao som. As melodias deste album levam o ouvinte exatamente para os lagos e montanhas da Escócia, com letras cheias de aventura e romance em um ambiente quase inocente. A banda esbanja aqui um talento perdido no tempo que não vemos mais nas bandas atuais, e comprova o fato de Big Country ser uma das bandas mais injustiçadas de todos os tempos, no rock, no pop ou seja no que for.
Besteira de quem diz que a banda estava ficando fraca em "The Seer". Um album que o pop/rock atual não é capaz de fazer. Além da faixa de abertura, temos a faixa título, "The Teacher", "I Walk the Hill", e algumas outras boas canções.
Este CD é um relançamento remasterizado de 1996 com algumas faixas bonus. Album para fãs da banda. Para os que ficam falando besteira sobre este disco, é recomendável comprar CD da Lady Gaga e chafurdar na lama da enganação.
Beautiful album from an underrated band.

Pretenders - Pretenders

Garotas fortes, garotas fortes. De repente o mundo estava inundado de garotas fortes. E Chrissie Hynde é uma das boas. Talvez nem todas as suas canções sejam singles campeões, mas ela tinha mais a oferecer emocionalmente e musicalmente (e sexualmente) do que a maioria da competição, a não ser que Patti Smith conte. Ela parece que toca para si mesma aqui mas também para os outros. Quando alterna entre força e ternura não parece que esteja fingindo ou exagerando, entretanto poderia estar. E ela converge essas mudanças com sua voz assim como com suas letras bem sacadas, com pitadas de gírias. O mesmo se aplica para as guitarras de James Honeyman Scott.
Not that consistent but a classic.

The Damned - Machine Gun Etiquette


Juntando forças sem Brian James, que seguiu interesses próprios desde então (somente jutando-se novamente à banda no final dos 80 para o "farewell" show), os três que sobraram trouxeram o jovem porém veterano Algy Ward do Saints para o baixo, gravaram um album, e seja o que Deus quiser. Isso acabou dando mais do que certo. Enquanto singles entravam nas paradas, "Machine Gun Etiquette" merecidamente era aclamado como mais um clássico da banda. Com o tempo, sua reputação cresceu ao ponto do original "Damned, Damned, Damned". Enquanto não menos forte que aquele album, a banda aqui traz uma variedade de toques e influências para criar um disco que a maioria de seus contemporâneos nunca poderiam nem imaginar. A banda não perdeu seu jeito punk esperto nem um pouco.
A faixa de abertura, "Love Song", é um amontoado engraçado de clichés românticos (exemplo: "I'll be the rubbish, you'll be the bin!") que mal dura dois minutos, enquanto "Noise, Noise Noise" e "Liar" trabalham na mesma veia. Essas, entretando, somente arranham a superfície. "Melody Lee", escrita por Captain Sensible para um personagem favorito dele das tiras de quadrinhos, começa com uma introdução no piano bem bacana, enquanto a raiva celebradora de "I Just Can't Be Happy Today" desemboca da garagem com teclados á la Electric Prunes. Outros pontos altos incluem "Plan 9 Channel 7", uma narrativa de drama épico sobre James Dean e Vampira com um vocal caprichado de Vanian. O casamento macabro de "These Hands" (que pertencem a um palhaço de circo assassino, com direito a música temática, é claro). E a versão para "Looking at You" do MC5. Outra supresa aparece no final com "Smash It Up" dividida em dois números com a primeira um tributo instrumental para um amigo de longa data e herói de Captain Sensible, Marc Bolan. E a segunda parte uma party/pop/punk/rock/r&b para fechar a festa.
Esta reedição em CD inclui algumas faixas adicionais como o cover de "Ballroom Blitz" do Sweet e "White Rabbit" de Grace Slick.
Creative punk.

The Misfits - Earth A.D./Wolfs Blood

Post de Halloween, um pouco atrasado. Último album com Glenn Danzig, ou o que seria o Misfits original, LP contendo nove músicas. O disco é curto e grosso. Ao invés de musiquinhas melódicas como antes, a banda vem com músicas rápidas, curtas e furiosas. As letras também ficaram mais gore, violentas e endiabradas. Album para os fãs mais dedicados da banda.
Hardcore from hell.

Ritchie Valens - Ritchie Valens


Ritchie Valens tinha apenas 17 quando ele morreu em 1959 no mesmo acidente de avião que ceifou as vidas de Buddy Holly e Big Bopper, e ele estava trabalhando há somente sete meses em um disco de estúdio quando a tragédia ocorreu. Por isso, seu legado musical baseia-se em mais ou menos um album e meio de material de estúdio terminado, um show high-school mal gravado, e um bando de fitas de ensaios e demos. Este album é basicamente um relançamento direto do primeiro de Valens para o selo de Bob Keane, Del-Fi, e apresenta essencialmente o único e verdadeiro material terminado por ele. Inclui o grande hit, "La Bamba". Virando o disco, "Donna" (que era na realidade lado A mas "La Bamba" emergiu com o tempo como sinônimo de Ritchie Valens). Uma bela versão de "Bluebirds Over the Mountain" e a cheia de clima "In a Turkish Town". Para quem for comprar fica mais aconselhável procurar a coletânea da Rhino, "Best of Ritchie Valens", que tem todas as melhores músicas do primeiro album e também as melhores de seu enjambrado segundo album, "Ritchie". É impossível adivinhar em que tipo de artista Valens poderia ter se desenvolvido. Mas este disco já dá uma boa idéia do que poderia ser. Uma lição para a molecada que se acha roqueira hoje em dia.
Before The Day the Music Died...

Santana - Abraxas


Carlos Santana é um dos guitarristas que chegam perto da polidez de B.B. King. Seus contemporâneos eram Eric Clapton e Michael Bloomfield, mas Santana tocava música latina, e não havia nenhuma banda de som latino com guitarras solo na época. O paradoxal sobre Santana foi o fato dele ser aceito por uma audiência de Grand Funk e Ten Years After e não por fãs de Chicago e John Mayall na época.
O coração da banda é o organista Gregg Roli e o baixista Dave Brown, que seguram bem o ritmo em que a percussão pode tocar em cima. Timbales, congas porto riquenhas e tambores decolam no ritmo de Brown e então o próprio Santana faz seu show com a guitarra solo.
Carlos Santana é um chicano e ele ama tocar sua guitarra, que sempre foi amplamente usada na música mexicana. Ele aperfeiçoou um estilo de blues e cool jazz cruzado com música latina. E funcionou muito bem, também porque a banda foi uma das mais coesas que já pisaram em um estúdio para gravar um disco. Das bandas de brancos na época, somente Chicago tinha uma percussão equivalente, mas era centrada mais nos metais enquanto Santana era mais em timbales e congas.
"Oye Como Va" é um ponto alto do album. Seu único ponto fraco é que o orgão de Roli foi mixado muito baixo. Essa foi uma viagem diferente para Santana, muito mais no estilo dos jovens porto-riquenhos de New York na época, como Orchestra DJ e Ray Olan, adiante milhas do percurso de seu primeiro disco. Para fãs de Herbie Mann e os Jazz Messengers por exemplo, este disco é realmente ouro. Assim como para apreciadores de boa música em geral.
"Abraxas" foi uma das novas produções independentes da Columbia na época no estúdio da Wally Heider, e o baixista Dave Brown participou bastante na gravação. Esse processo amadureceu bastante o som de Santana e desviou um pouco do público mais jovem, mas deu credibilidade à banda no meio de jazz e música latina. Com "Abraxas", Santana foi um Mono Santamaria popularizado e fez pela música latina o que Chuck Berry fez pelo blues.
As grandes banda latinas nos USA ganhavam em torno de $100 dólares por show na época, e ninguém conseguia ficar parado, branco ou latino. É de se acreditar que por causa de "Abraxas" os velhos mestres como La Pupe e Puente alcançaram grandes platéias nos USA.
De qualquer forma "Abraxas" é um clássico e uma excelente audiência do começo ao fim.
Timeless album.
Segundo album da banda de Boston, lançado em 1990, um pouco antes da era grunge acabar com o hair metal. O título é super radical, pornografia e graffitti, que medo. É fato que esses posers tocam bem, porém o som é aquela farofa. Letras idiotas e metidas a engraçadas, enquanto Nuno Bettencourt esmirilha o braço da guitarra muito bem. Também continuando no padrão de som estão as baladinhas, para melar cuequinhas.
Album que veio para colocar um funk no hair metal.
Good album to hang yourself.

Skid Row - Skid Row

Primeiro disco dos malvadões de New Jersey que deixa uma séria dúvida, de onde saíram as 5 platinas que ganharam com isso. Parece que alguém lá nas gravadoras conhecia a fórmula: guitarras de metal super amplificadas, sobre vocalzinho pop, vezes dez, igual a G N' R da costa leste. O esquema aqui é bancar o rejeitado e encontrar a salvação na imoralidade. A banda é composta por três putas de rua, um traveco drogado, e uma de luxo. Ponha tudo isso em um ônibus lotado, mais um deles gritando e chorando "baby, more, more, more", e pronto, o disco está feito. Sexismo, baboseiras e afins. Esse é Skid Row.
G_eeezus!

Bon Jovi - Slippery When Wet

Quantos clichés são possíveis em uma canção pop? Provavelmente não tantos quanto Jon Bon Jovi consegue colocar. Pegue apenas a música "Raise Your Hands" deste album, Bon Jovi começa com "nasty reputation, sticky situation, ain't nobody better, show me what you can do, under the gun, out on the run, set the night on fire, playin' to win". Impressionante, e este é somente o primeiro verso.
Talvez seja um pouco injusto. Ninguém ouve o pop metal de Bon Jovi por causa de suas letras, vai ver que as pessoas só querem melar suas cuecas ou calcinhas. É uma estratégia de marketing astuta, mas a banda de Bon Jovi é mal e parcamente funcional: solos de guitarra aparecem quase que atrasados, as linhas de baixo são infantis e os vocais de Jon Bon Jovi são gravados três ou quatro vezes em cima do outro para diminuir sua mediocridade. Bon Jovi tropeça em território sentimental em "Never Say Goodbye" mas delicadeza não é uma das virtudes da banda, Meat Loaf é sutil comparado a esses caras. A tijolada insensível "Remember when we lost the keys/And you lost more than that in my back seat" é a idéia evocativa de Bon Jovi na trapalhada de narrar uma história.
Jov Bon Jovi e sua banda servem sentimentos condescendentes, reduzindo qualquer expressão emocional a meros clichés. Talvez porque achem que seja só isso que sua audiência possa compreender ou porque só até aí eles possam ir. Em "Slippery When Wet", Bon Jovi soa como o lixo da quarta geração do metal, um xerox vagabundo de Quiet Riot.
Stay away if you have a taste in music.

Van Halen - 1984



Na época de seu lançamento, todo o ti-ti-ti ao redor de "1984" envolvia a adoção de sintetizadores pela banda, lembrando que este é o sexto album. As pessoas só esqueceram que a banda já fazia uso de synths desde seu terceiro album, "Women and Children First". Sim, esses sintetizadores eram enterrados entre guitarras ou usados como textura, até mesmo nas instrumentais onde eram o instrumento principal, mas neste album foram passados para primeiro plano em "Jump", o primeiro single e razão pela qual o album vendeu horrores, alavancando a banda para audiências que já flertaram mas nunca tinham conquistado. É claro, a mera adição de sintetizadores não seria a única razão pela qual novos fãs se agarrariam à banda, eles precisavam de canções populares e pegajosas, que "1984" tinha, mais precisamente na exuberante "Jump". Nessa música, os sintetizadores tocam um riff circular que não chega a apagar a guitarra, além da assinatura monolítica da banda com seu rock pulsante. Alex Van Halen e Michael Anthony deram peso à música enquanto David Lee Roth explodia em sua costumaz energia, o que fez "Jump" não ser somente mais uma faixa pop da época. O mesmo se aplica para o resto do album que caracteriza-se por um rock pesado como já vinha sendo feito desde "Women and Children First", exceto "I'll Wait" que aparece bem mais relaxada e pop do que o resto. Enquanto os albuns passados vinham com ênfase no ataque da banda, este vem bem mais uniforme e com uma coleção de clássicos. Certamente "Panama" e "Hot for Teacher" destacam-se por serem aquelas preferidas para serem tocadas cover por bandas de garagem. "Top Jimmy", "Drop Dead Legs" e a densa e funkeada "House of Pain" trazem riffs interessanes e bateras insanas.
O album fica como a melhor demonstração de força da banda, de Dave Lee Roth, e de suas carreiras. Sendo que Dave Lee Roth saiu da banda após este album e é de se duvidar que se ele continuasse com eles a banda bateria este album algum dia. Quanto às críticas sobre Sammy Hagar, é melhor deixar de lado por enquanto.
80's classic.

Steve Vai - Flex-Able Leftovers



Antes de suas gigs milionárias com David Lee Roth e Whitesnake, Steve Vai prestou serviço como guitarrista de Frank Zappa no começo dos anos 80. E analisando seus dois primeiros albuns solo lançados na época, "Flex-Able" de 1984 e "Flex-Able Leftovers", ele foi bastante influenciado pelo estilo de compor de Zappa. Apesar de ter um carimbo de Zappa nos sons, Vai deixa bem sua marca registrada na guitarra pelo album todo. Também, Vai foi um dos únicos guitar heroes dos anos 80 a dar mais importância às composições ao invés de só solar como um demente. Enquanto "Flex-Able" era um album completo, "Fleax-Able Leftovers" era para ser originalmente somente um EP do material que não saiu no primeiro album. Quando "Flex-Able" foi lançado em CD em 1988, algumas poucas faixas de "Leftovers" foram incluídas como bonus, e os fãs então imaginaram se o EP inteiro poderia algum dia sair em CD. Dez anos depois seus sonhos se realizaram. Não somente o EP foi relançado mas também faixas inéditas daquela época foram incluídas, fazendo um album completo.
Um humor idiota aparece em "#?@! Yourself", e também um humor mais maluco no maior estilo Zappa em "So Happy". Imenso talento e técnica na guitarra em "Massacre" e "Natural Born Boy". E Vai mostrando grande talento na composição em "Burning Down the Mountain", "The Beast of Love" e "Bledsoe Blvd".
Album recomendado para guitar maníacos e fãs de rock em geral.
Forced and pointless.

O segundo album de Stevie Ray Vaughan, "Couldn´t Stand the Weather", fez tudo que um segundo album poderia fazer: confirmou que o aclamado album de estréia não foi um golpe de sorte, ao mesmo tempo alcançando e até superando as vendas de seu predecessor, além de firmar Stevie Ray Vaughan como um gigante do blues moderno. Então por que talvez alguns ficariam desapontados? Talvez porque o disco oferece mais do mesmo, além de basear-se em covers. Das oito músicas, metade são covers, enquanto duas de suas quatro próprias são instrumentais, não necessariamente uma coisa ruim, mas dá a impressão que Vaughan lançou o album apressadamente, mesmo que ele não tenha feito isso.
Album clássico para os amantes de boa música.
All hail the master!

http://www.mediafire.com/?32m3gqj3ew16y8e

Bob Dylan - New Morning


Mais um disco entre tantos desse carinha que continua por aí.
Dylan apressou o lançamento de "New Morning" logo em seguida do desastre crítico e comercial de "Self Portrait", e a diferença entre esses dois albuns sugere que o legendário fracasso do predecessor foi auto-sabotagem. "New Morning" expande do relaxado country-rock de "John Wesley Harding" e "Nashvile Skyline" adicionando um toque mais pronunciado de rock & roll. Enquanto há apenas um par de clássicos genuínos no disco ("If Not for You" e "One More Weekend"), a qualidade em geral é boa, e várias canções exploram rotas idiossincráticas que Dylan deixou intocadas previamente, tanto nas experimentações jazzísticas de "Sign on the Window" e "Winterlude", nas palavras confusas de "If Dogs Run Free" ou na parábola de Elvis em "Went to See the Gypsy". Essas canções offbeat fazem "New Morning" realmente ótimo perto de seu predecessor.
Para quem curte o som de Bob Dylan é um disco charmoso.
Underwhelming.

B Dyl mornin vfo

The Beatles - The Alternate Revolver

Existem várias series "Alternate" dos Beatles. Além da Pear tem as da Walrus, porém esta usa algumas faixas chupadas do "Anthology". As da Pear geralmente aparecem em digi packs. Em geral é uma boa série para quem quer começar a colecionar bootlegs dos Beatles, para quem já tem muitos bootlegs vai acabar adquirindo as mesmas faixas novamente. O selo Pear é um selo de cópia, ou seja, não lança material novo, porém agrega bem materiais como sobras de estúdio, ensaios, demos e gravações ao vivo de outros bootlegs mais antigos. Muita coisa vem dos bootlegs da Yellow Dog, que alguns não são tão fáceis de encontrar e a Pearl acaba fazendo boas coletâneas de material deles. Obviamente nada ideal. São discos bons de se escutar, porém a mistura de material de estúdio de boa qualidade com gravações ao vivo frequentemente de má qualidade estraga o barato um pouco. A Pear também faz questão de deixar explícito em seus materiais o não uso de material dos "Anthology", porém algmas canções soam a mesma coisa, exceto por em reverb aqui e ali as vezes.
"The Alternate Revolver" combina mixagens mono inglesas e americanas com "Here There and Everywhere" e "Yellow Submarine" do CD single "Real Love". Take 1 e 2 de "Paperback Writer" e "Rain" foram tiradas de outros bootlegs.
30 músicas para os beatlemanícos curtirem.
Good CD for the fans.

Eric Clapton - Unplugged

Eric Clapton "Unplugged" foi responsável por tornar os acústicos e unplugged em particular, modinha nos anos 90. Este acústico não foi somente um dos melhores da série "Unplugged", mas também um dos melhores trabalhos que Clapton gravou em anos. Ao invés de produções superficiais que impregnavam seus albuns nos anos 80, este vem direto, alternando entre números pop e músicas tradicionais do blues. O resultado foi um som dos mais genuínos e cheios de paixão que o guitarrista já colocou em uma gravação. Também um de seus mais populares que acabou vendendo mais de sete milhões de cópias nos Estados Unidos e lhe rendeu vários Grammies.
Get your dose of CRAPton.

Bo Diddley - Bo Diddley [Japan SHM-CD]

Para quem quer que seja que queira tocar rock & roll, verdadeiro rock & roll, este é um dos poucos albums que a pessoa precisa. Juntamente com Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis, Muddy Waters, B.B. King e alguns poucos outros, Bo Diddley foi o fundador do formato. E ele fez como nenhum nenhum outro. Diddley tinha somente um único estilo, que era a pegada Bo Diddley, uma rítmica sincopada carregada de tremolo. Há 12 exemplos disso neste album e é tudo que é preciso. É um daqueles albuns que após ouvir algumas poucas partes a pessoa se pega batucando no ritmo em qualquer superfície ao seu redor. A guitarra e o vocal de Diddley têm uma característica bluseira que lembra Waters, ainda assim com seu estilo próprio. Reforçado por bateria, piano funky e usualmente maracas acaba ficando contagiante.
Album que influenciou os grandes e que fez uma transição na história da música moderna.
Immensely influential.