Audioslave - Audioslave

A raiva incontida de Kurt Cobain voltou na forma de seus diários, Pearl Jam pareceu também tentar resgatar sua essência original, e ser amado novamente como foi. Mas nada parecia fazer alguém querer tirar sua velha camiseta do Lollapalooza lá de baixo das pilhas de roupas novamente, a não ser a voz poderosa de Chris Cornell novamente em sua velha forma. No Audioslave em sua colaboração com os três ex membros do Rage Against the Machine, Cornell consegue relembrar sua velha forma no Soundgarden plenamente. Perto dele os vocaizinhos de nu metal parecem adolescentes de bandas de garagem.
O retorno de sua voz poderosa foi tão inesperada quanto o lançado do album em si. Em seu único lançamento pós Soundgarden, sua voz tinha decaído e ele parecia ser uma má opção lógica para o lugar dos gritos nervosos de Zack de la Rocha. Cornell chegou até a desistir no meio da tour de verão da banda, e este album parecia ter um futuro nebuloso. Sem contar as declarações recentes de ambos os lados, Cornell e banda.
"Audioslave" foi muito mais sucesso do que fracasso apesar de tudo, e um grande exemplo de que os opostos podem dar certo. Em uma estranha tática reversa seu vocal arrebenta enquanto a banda segura a onda mas sem perder seu poder de fogo. O resultado não foi um Rage piorado ou falsificado, e sim mais uma continuação de "Superunknown" do Soundgarden que Cornell jamais poderia imaginar. As músicas mais contemplativas como "I Am the Highway" possuem o dedinho de Rick Rubin, como fez com Red Hot Chilli Peppers, e acaba sendo uma "Black Hole Sun" com algumas serpentinas e confetes em volta.
Tudo pareceu na época más notícias para os fãs de Rage sedentos das guitarras estilo scratches de Morello e as oratórias políticas de Zack. Porém há pitadas disso neste album, como por exemplo em "Cochise", que fala sobre o chefe Apache enquanto as guitarras de Morello no estilo velho do Rage gritam como um alarme de incêndio.
De qualquer forma é um album sem ressentimentos para ambos os lados, tratando-se dos fãs, pois o som da banda aqui é de primeira. Só torce o nariz quem for teimoso mesmo.
Great rock album in a long time.

Chevelle - Point #1



Album debut da banda em colaboração com Steve Albini, que resultou em um poderoso e empolgante indie rock. Ritmos dinâmicos e melodias predominam pelo album, e músicas como "Open", "Dos" e "Blank Earth" combinam delicados interlúdios com explosões de barulho. Na linha da ambiciosa cena rock de Chicago, Chevelle consegue bem alcançar seu objetivo.
Para deixar claro, Chevelle nunca lançou nada extraordinário inovador e provavelmente nunca lançará. Se for possível aceitar isso, então fica fácil de curtir o som da banda.
O que eles fizeram neste primeiro album foi chegar mais perto de algo único e inovador em toda a carreira da banda. Os últimos albuns mostram isso.
A great start.

Sinch - Clearing the Channel


Quando a maioria dos executivos de gravadoras pensam em Philadelphia, eles tendem a relacionar a cidade com R&B, jazz e hip-hop mais do que rock. Eles pensam em Gamble & Huff, Teddy Pendergrass, os Stylistics e os Intruders nos anos 70, ou Jill Scott, Roots, Eve e Beanie Sigel nos 90 e 2000. Eles pensam em John Coltrane, Lee Morgan, McCoy Tyner e vários outros pesos pesados do jazz que vieram da terra dos cheese-steaks, casas coladas e políticos inescrupulosos. Mas o fato dos caça talentos das gravadoras ignorarem a cena rock de Philly não quer dizer que a cidade não tenha muita atividade rock, e Sinch é uma das muitas bandas legais da área que arrebanhou fãs localmente nos anos 90 mesmo não sendo conhecidos nacionalmente. Mesmo que Sinch não seja a banda mais original e seminal do mundo, eles geralmente produzem um rock/post-grunge respeitável. Este lançamento de 2005, que vem após 11 anos da formação da banda, é uma boa demonstração da pegada rock pesado e também melódico deles. E como vários outras banda pós grunge, Sinch mostra que introspecção e volume não são coisas que não podem andar juntas. A banda soa agressiva a maioria do tempo, mas as letras são introspectivas e sombrias. Eles levam a herança de Pearl Jam/Stone Temple Pilots/Nirvana/Bush a sério, fazendo músicas bem derivadas porém bem legais. Novamente, ninguém irá acusar "Clearing the Channel" de tentar reinventar o rock/post-grunge alternativo, mas em termos gerais, o album é um sucesso. E serve como um lembrete de que a reputação de Philly como Mecca do R&B e jazz é bem merecida, e que porém sua contribuição para o rock não deve ser subestimada.
Very good alt rock cd.

Stone Sour - Come What(ever) May

O que separa Stone Sour dos outros de seu gênero, é a capacidade da banda de criar músicas de metal alternativo fáceis de tocar e serem ouvidas no rádio, sem aborrecer um público já cansado de tantos grupos pós grunge. O segredo está no estilo único do guitarrista James Root e na solidez intensa do baterista Roy Mayorga. Root e o vocalista Corey Taylor recriaram o Stone Sour após o sucesso de Slipknot no final dos anos 90. A intenção da banda era criar um ambiente mais introspectivo, melódico e criativo para eles sem decepcionar os fãs do Slipknot. Stone Sour é mais pesado do que a maioria dos grupos de metal alternativo, incorporando um heavy metal bem barulhento em várias músicas.
O agressivo album debut da banda auto intitulado foi mais uma remanescência de Slipknot, mas "Come What(ever) May" vai bem mais além, saindo do shock rock e rap rock que originalmente levou o Slipknot ao sucesso. Taylor solta seu vocal guturalizado (que se destaca bastante de seus contemporâneos) ocasionalmente, mas talvez não tanto quanto deveria. O melhores momentos do album são sentidos quando suas potentes cordas vocais, juntamente com riffs pesados de guitarras distorcidas e bateria com pedal duplo, abrem caminho pela produção aqui impecável. O album começa forte com o baixo e bateria pesados de "30/30-150". A música explode das caixas, sendo uma abertura sólida para um album que mistura rock alternativo, metal pesado e pós grunge. Infelizmente, nem todo o album é interessante. "Through the Glass" por exemplo vez com todo seu charme adolescente, mas é tão teen que fica difícil suportar se o humor da pessoa estiver um pouco irritadiço. O mesmo se aplica para "Sillyworld", uma faixa chatíssima com um leve toque de Pink Floyd.
De qualquer forma "Come What(ever) May" vem com vários momentos legais, e foi uma promessa de talento no marasmo do metal alternativo.
A good follow-up.
Mais um desenho do Mimi, uma personagem de uma história que ele estava desenhando.
Bonitos melões.

Resident Evil - Soundtrack

Trilha sonora com várias bandas interessantes como Slipknot, Mudvayne e Coal Chamber. Algumas em versões remix aguadas, outras na original.
Para os fãs de Marilyn Manson os scores são a melhor parte. Tratando-se de uma trilha sonora com vários artistas é de se esperar altos e baixos. Cabe ao ouvinte julgar.
A mixed bag but a good soundtrack after all.

Bionic Jive - Armageddon Through Your Speaker

Sendo um grupo da segunda onda do rap-metal chegando logo após a ascenção de Limp Bizkit ao inesperado sucesso, Bionic Jive não consegue soar imprevisível. É difícil não pensar em 311 ou Rage Against the Machine escutando "Armageddon Through Your Speakers", bandas que foram pioneiras nesse som rap-metal e foram bastante inovadoras. Mas Bionic Jive não apareceu em 1992 como Rage, ou em 1993 como 311, ou mesmo em 1997 como Limp Bizkit. Eles apareceram no final de 2001 e como resultado, soam datados. Afinal, onde dois ou três anos antes bandas de rap-metal eram anomalias, em 2001 elas soavam incrivelmente iguais e medíocres, com bandas como P.O.D. e Linkin Park vindo do nada e arrebentando nas paradas para o mainstream. Quem consegue relevar isso, ou não dar a mínima, pode achar esse debut album de Bionic Jive por uma major até impressionante.
O grupo apresenta um trio de baixo, batera e guitarra com dois MCs na frente, e a soma dessas parte é mesmo potente. Nada menos que excitante e maníaca em termos de energia. Além disso, o grupo fez músicas sólidas: as introduções frequentemente possuem riffs memoráveis, as partes possuem rimas intensas, os refrões são pegajosos como deveriam, e no geral, as rimas e riffs sintetizam-se surpeendentemente bem. Então, em suma, Bionic Jive parece ter um polido rap-metal e alguns poucos grandes momentos em "Shut Em Down", "I Shot Lucifer" e "Swarm". Mas há alguns problemas. Claro, há grandes momentos neste album, mas infelizmente também grande repetição. O grupo parece ter encontrado uma fórmula que não quis mais deixar de usar para experimentar algo a mais. E ouvintes de rap de longa data aqui nada mais acharão as rimas muito cliché, e até certo ponto, ou até mesmo fora de contexto. Letrinhas falando de dinheiro, champagne Möet, cafetinagem e malandragem não ajudam muito. E no final esse problema torna-se bastante grave. O album passa uma impressão de ser bem fabricado, no mau sentido. O melhor rap-metal emprega seus próprios motivos, desenha suas próprias estruturas, e mais que tudo cria seu próprio contexto. Infelizmente, poucas bandas de rap-metal da época de 2001 fizeram isso, e definitivamente Bionic Jive não foi uma delas. Eles apenas sintetizaram o que seria uma fórmula potente, que para um ouvinte mais experiente, simplesmente não cola. Fãs de P.O.D. e Limp Bizkit podem encontrar algo aqui que lhes interesse.
Talented but cheesy.

Kottonmouth Kings - Hidden Stash II: The Kream of the Krop


Kottonmouth Kings volta na fórmula rap-rock com "Hidden Stash, Vol 2", um album estrondoso com um som diferente do que eles vinham fazendo. Músicas como "Killa Kali" são simplistas, tons raivosos que levam a mesma atitude e pegada de Eminem, que parece ser uma influência levando-se em conta a produção e estilo da faixa. A diferença é que onde Eminem é mais espertinho nas sacadas das letras, tiradinhas engraçadas, mestre em criar controvérsias, Kottonmouth Kings falam somente de três coisas: o quanto eles são bons, o quanto eles odeiam todo mundo, e o quanto eles amam maconha. Não há qualquer traço de humor na maioria das faixas, enquanto eles tentam levar suas músicas punk e rap o mais sério possível. Isso enfatiza o quão raivosos eles são, mas tira toda a energia das letras e os deixa com um som forte porém com vocais sem muita expressão. Surpreendentemente eles possuem um grande talento para o reggae. Apesar das letras bobas, ambas "On the Run" e "Tell Me Why" são faixas bem legais nesse ponto. Em geral "Hidden Stash Vol 2" foi um album que correu atrás de seus contemporâneos mas perdendo de vista o que faz desse estilo interessante.
O segredo aqui deve ser ir fumando e escutando, e então descobrindo mais as músicas. E fumando... e fumando...
Pass the joint motherfuckah!
Primeiro album dessa moçada skate punk da California que versa sobre as preocupações do novo milênio: alienação juvenil, intenções contraditórias, a busca da pira perfeita. O som fica longe de ser original e limitado em idéias no geral. A melhor música é "Heaven Is a Halfpipe" mas nada que Sublime já não tenha feito mil vezes. Em geral o som da banda parece um Sublime infantil.
Bom para escutar sem qualquer avaliação crítica.
Not that good, but easy and fun listening.

Yellowman - Nobody Move Nobody Get Hurt

Winston Foster sempre destacou-se da multidão. Assim como qualquer albino jamaicano, com 1,80 de altura, vestido de amarelo faria. Mas foi pelo seu talento como letrista (a maioria pornográfica) que Yellowman encontrou fama, e esse vinil dele de 1984 é uma boa dose do deejay malandro.
A faixa título é tão boa quanto qualquer coisa da época. Construída ao redor daquele famoso refrão, sampleado pelo grupo de hip hop americano Poor Righteous Teachers, a música é um constante estado de improvisação. Linhas de baixo seguem Yellowman enquanto o mesmo manda ver sem qualquer restrição. Ele pode ter a boca suja mas ninguém pode acusá-lo de pronúncia pobre.
Reconhecimento também deve ser dado ao produtor Henry Junjo Lawes com quem Yellowman ja vinha trabalhando desde 1982. Faixas como "Hill & Gully Rider" e "Wreck A Pum Pum" permanecem como exemplos clássicos de sua arte em produção, com Junjo fazendo os twists no dial criando um vácuo perfeito para Yellow construir no lugar. Nada é exagerado e a banda de acompanhamento, Roots Radics, supre uma sucessão de arranjos intrigantes.
As letras podem ser entendidas rapidamente como uma série de tiradas pornográficas caricatas, mas para os padrões de hoje, Yellow soa bem domesticado. Nada selvagem como a famosa declaração de Peter Tosh chamando-o de machista.
De qualquer forma, Yellowman como performer demanda atenção e respeito. E "Nobody Move"... faz "Everybody Move", pois é um daqueles albuns que botava todo mundo para dançar vinte anos atrás e continua fazendo até hoje.
Lembrando que este album postado aqui é um vinil e a qualidade da gravação pode não agradar alguns.
For old school style reggae lovers.

KRS-One - Return of the Boom Bap



O album de Boogie Down Productions de 1992, "Sex and Violence", foi de todas as formas um triunfo artístico e um desastre comercial. Sem sombra de dúvidas as batidas de Kenny Parker, Prince Paul, D-Square e Pal Joey eram poderosas. Sem sombra de dúvidas KRS-One mostrou algumas de suas letras e rimas mais hardcore em músicas como "Duck Down" e "Like a Throttle", e mandou lições que somente ele é capaz de dar em "Poisonous Products" e "Who Are the Pimps?". Poderia ter sido um triunfo para a nação hip-hop e uma aclamação mundial... mas falhou em fazer alguma diferença nas paradas e até mesmo com o público.
Talvez as batidas eram muito pesadas. Talvez a capa estilo Picasso era muito perturbadora. Talvez as pessoas acharam KRS-One muito didático. E ele encontrou sua própria solução para isso tudo, voltou desafiante com um novo LP próprio. Ninguém de sua base de fãs internacional se surpreendeu, sendo que KRS carregava o BDP liricamente nas costas desde quando Scott LaRock ainda era vivo. Realmente, ninguém queria saber de mais album de D-Nice, os vocais de Ms.Melodie, ou um single pesadão de Ill Will. Pode ser exagero dizer, mas a verdade dói: KRS-One era e é Boogie Down Productions. Logo que ele deixou de se auto-clamar BDP, BDP deixou de existir.
O último suspiro de BDP como conceito foi "Outta Here", o primeiro single do album de KRS-One, "Return of the Boom Bap". Desde os primeiros momentos da música de 270 segundos de duração, a estrondosa linha de baixo de DJ Premier cria uma vibe transcendental impossível de esquecer, elegante e simples. Logo em seguida, Primo manda uns scratches de "Boogie Down was performin, hey they ain´t no joke," palavras do amigo e lenda do rap de New York, Slick Rick. O triunfo são as letras, uma jornada pela história do hip-hop sob a ótica de primeira pessoa:
"Back in the days I knew rap would never die
I used to listen to Awesome 2, on WHBI
I used to hear all kind of rap groups before samplin loops
Rappers wore bell-bottom Lee suits
Me and Kenny couldn't afford that
So we would go to the park when they was jammin to hear rap
I used to listen 'til the cops broke it up
I always thought to myself -- Damn, why they fucked it up?"
Dentro de sua história há um aviso: rappers daqueles dias que alcançaram a fama e o estrelato desapareceram tão rápido quanto subiram, ou com ele diz, "They were large, but none of them could managed to stay on top." E logo após essas palavras que a potente ironia do primeiro album de KRS-One é sentida. Segue o refrão:
"Do you ever think about when you outta here?Record deal and video outta here?
Mercedes Benz and Range Rover outta here?
No doubt BDP is old school, but we ain't goin' out!"
Ninguém reclamaria de nada até aqui. A riqueza é furada se você não planejar para o futuro, mas indepentende de que rimas ele insere nessa parábola ele pontua cada verso da música com a linha, "No doubt BDP is old school, but we ain't goin' out!". A batida hipnotizante e as rimas de KRS-One escondem qualquer contradição, mas é bem óbvio que BDP "did go out", ou então este seria o album de Boogie Down Productions, "Return of the Boom Bap", e não de KRS-One solo. Do lançamento desta música em diante, BDP passou a existir somente em nome. Como um coletivo de artistas, eles silenciosamente foram sumindo, e poucas pessoas até mesmo lamentaram. Contanto que KRS-one continuasse a fazer rap, ninguém dava a mínima.
Levando-se em conta a alta qualidade deste album, isso tudo não é surpresa alguma. Primo foi a força guia por trás deste album basicamente, e fez sua presença sentida diretamente em músicas como a jazzy "Mortal Thought" e a espiritualmente funky "Higher Level". Ele também co-produziu "I Can´t Wake Up" juntamente com KRS-One, o lado B do primeiro single. Por alguma razão, as pessoas interpretaram essa música como um ataque direto contra marijuana, ao invés de uma fantástica viagem onde um rapper cai em um sonho induzido por hipnose onde ele tornar-se um baseado que é passado de mão em mão entre os tais do hip-hop. Para os que não entenderam, "Spark Mad Izm" do Channel Live depois resolveria o problema, mas naquele tempo as atenções estavam voltadas para o segundo single "Sound of Da Police" produzida por Showbiz. Enquanto o projeto paralelo de Ice-T, Body Count, estava atraindo todas as atenções da mídia para "Cop Killer", KRS-One mandava um verdadeiro balaço na bunda dos porcos:
"Now here's a likkle truth, ppen up your eyes
While you're checking out the boom-bap, check the exercise
Take the word "overseer," like a sample
Repeat it very quickly in a crew for example
Overseer.. Overseer.. Overseer.. Overseer
Officer, Officer, Officer, Officer!
Yeah, officer from overseer
You need a little clarity? Check the similarity!
The overseer rode around the plantation
The officer is off patroling all the nation
The overseer could stop you what you're doing
The officer will pull you over just when he's pursuing
The overseer had the right to get ill
And if you fought back, the overseer had the right to kill
The officer has the right to arrest
And if you fight back they put a hole in your chest!
(Woop!) They both ride horses
After 400 years, I've _got_ no choices!
The police them have a likkle gun
So when I'm on the streets, I walk around with a bigga one!"
Dadas as tensões raciais após as revoltas urbanas de L.A. em 93, é incrível que esta música não tenha despertado algum mal estar no estilo Ice-T. Mas talvez as pessoas estivessem finalmente acordando para o fato de que após anos de músicas como "Fuck the Police" do N.W.A. e "Headcracker" do Double XX Posse estavam chegando em alguma conclusão. Que brutalidade policial é baboseira. Infelizmente as lições que Rodney King deixou serviram de nada, porque anos depois a sociedade passou por tudo isso novamente com Abner Louima. KRS-One deveria ter colocado uma continuação no refrão, "WOOP WOOP! I stick de plunger up your ass, WOOP WOOP! I'm a pig wit no class" mas infelizmente essas pessoas que mais deveriam ouvir essas músicas nunca as ouviram.
Surpreendentemente as faixas mais legais do album são as produzidas pelo próprio KRS-One. O baixo pulsante da faixa título, o beatboxing minimalista de "Uh Oh" e o simples porém efetivo loop de "Black Cop" (lançada previamente com uma pequena fanfarra na trilha sonora de "CB4") todas são tiro certo. Todos os beats dos projetos de KRS-One desde 1993 estavam na borda entre quase lá ou apenas medíocres, o que novamente é fácil de presumir os créditos da influência de DJ Premier neste album. Nos créditos ele recebe nota a mais contribuições e é o único assinalado com um * ou + ao lado dos títulos. Em outras palavras, quando não há algum crédito extra vai automaticamente para ele. Pena que Primo nunca tenha se unido com KRS-One nesse nível após, salvo algumas pequenas mudanças no album seguinte e alguns projetos esporádicos desde então.
Independentemente que alguém ache que KRS-One é mais legal com ou sem Kenny Parker, seu irmão não faz falta alguma aqui. Com todos os produtores citados até aqui Kid Capri ainda não foi mencionado, e ele manda excelentes músicas com "Brown Skin Woman" e "Stop Frontin´". Ainda mandando uns raps supreendentemente legais na última citada:
"You wanna step to Kid Capri, COME COME COME!!
I break em up, just for actin like a superstar
Around the way, we got a neighborhood trooper car
We ride by, and spray your crew, and your honies too
And rip you open and drink your blood like a Mountain Dew"
É! O garoto estava nervoso nessa. No geral, há somente duas coisas para se queixar neste album: a clássica lado B "Hip Hop V. Rap" do segundo single não foi incluída, e cinquenta e seis minutos desse pulsante rap parece pouco aqui. Esse foi KRS-One no auge de sua prosa, poder e popularidade, mostrados em todos os aspectos. O que faz terminar o album com "Higher Level" perfeitamente apropriado. Quando as pessoas falam do porquê KRS-One ainda ser respeitadíssimo apesar da lista de atitudes contraditórias e material absurdamente metido a didático na última década, albuns como este são o motivo. Ame ou odeie, não podemos negar que ele é um dos grandes de todos os tempos. E este album é a prova.
This is real rap.