Noisia - Split the Atom

Após muitos EPs, o trio de drum n´ bass holandês finalmente aparece com seu debut album, e promete converter seguidores para sua causa. Com Enter Shikari, por exemplo, cumprindo a promessa com um segundo album de sucesso no ano passado, os holofotes mais uma vez apontam para a mistura simbiótica que o rock e a dance music proporcionam. Direto do underground do gênero, Noisia parece ser um sério candidato ou mainstream. Merecidamente, pois as faixas que vinham na coletânea "Fabriclive" já davam o sinal.
O primeiro single, "Machine Gun", por exemplo estabelece uma série de picos e rushes, sintetizadores crescentes e reverbs frenéticos antes de uma batida agressiva que DJ Shadow levaria para casa com o maior prazer.
No geral o album é bem variado, com participações e variações de batidas sem cair na mesmice.
To blow your speakers (in a good way).

The Prodigy - Firestarter [UK Vinyl 12" DJ Promo]

A música "Firestarter" foi lançada em 18 de março de 1996. Foi o primeiro single do album "The Fat of the Land", e o décimo da banda. Primeiro single da banda a chegar no topo máximo das paradas britânicas, também com repercussão internacional.
O vocal punk de Flint firma o mesmo como frontman neste single. As letras causaram grande controvérsia na época por sua natureza violenta, o que agravou mais ainda com o video clip que na época foi até rejeitado por algumas emissoras de TV por assustar criancinhas. Ele foi dirido por Walter Stern e filmado em túnel de metrô abandonado em Aldwych, e apresenta Flint em preto e branco com sua carinha doentia no maior estilo psicopata.
Os créditos da música são, além de Keith Flint e Liam Howlett, também de Kim Deal dos Breeders. Inclusive o loop de guitarras com wah-wah sampleadas são de The Breeders, da música "S.O.S.", do album "Last Splash".
Phat beats.
"Official Version" foi um bom album, mas este aqui foi além. Facilmente um dos maiores albuns de industrial de todos os tempos, Front 242 é por isso uma das bandas mais influentes do estilo (Até funk carioca rouba beats deles). Desde a capa até os video clips malucos seguem a linha maníaca eletrônica.
O album começa e termina no mesmo estilo, sem qualquer mudança de curso. A faixa mais famosa do disco é o EBM definitivo, "Headhunter". Ao contrário da baboseira que o funk carioca fez com ela, a música original traz um retrato do capitalismo como terrorismo mercenário com aquele baixo pegajoso que guia a melodia toda, faixa que merece esse destaque pois sua batida é contundente e os arranjos vocais foram um tiro certeiro. Richard 23 e Jean-Luc de Meyer fazem um coro step-by-step em perfeito balanço, o primeiro colocando as frases e o segundo chutando nos tons mais altos em seguida.
O album todo tem uma atmosfera coerente, compassado, militarista, desde a capa até as letras. Perfeito dentro do estilo do grupo.
Esta reedição de 1992 inclui mais uma versão de "Headhunter" além do EP "Never Stop" inteiro.
One, you lock the target. Two, you drop us a line. Thank you.

Ministry - With Sympathy


Ao invés do metal industrial quebra-ossos dos últimos anos, "With Sympathy" é pseudo-gótico new wave synthpop que soa nem um pouco metal mas sim como um irmão caçula de Human League. Pode ser bom, para quem identifica-se bastante com a personagem Allison Reynolds do filme "The Breakfest Club".
Os metais eletrônicos de "Here We Go" são um sonho de buzina para qualquer motorista de Kombi vendedor de sonhos ou biscoitos. "Work for Love" parece que lembra um pouco "Walk This Way", mas não tem aquelas letras malvadas de rap.
Al Jourgensen realmente é uma figura imbecil, hoje em dia ele diz ter vergonha deste album. Mas até sotaque britânico ele falsificou cantando aqui. O cara imigrou de Cuba, descobriu a heroína e a cocaína e resolveu depois fazer da família Bush seus inimiguinhos preferidos. Por essa e por outras que fica obrigatório escrever aqui que este é seu melhor album.
Never betray your nation.

Dead Kennedys - Fresh Fruit for Rotting Vegetables



Album clássico da história do hardcore punk, ponto final, a resenha poderia parar por aqui.
Ok, chovendo no molhado a resenha continua para os que viveram em uma caverna até os dias de hoje ou são adolescentes que cresceram achando que Green Day é movimento punk.
Jello Biafra aqui consagra-se na sua marca registrada de confeccionar letras, misturando assuntos seríssimos com comédia e dramatizando completamente na hora de cantar. Sendo um pouco sarcásticos poderíamos dizer que ele estaria equiparado a um vibrato de Tiny Tim desempregado.
Neste album estão também os dois maiores clássicos da banda, "California Uber Alles" e "Holiday in Cambodia". A fato aqui é que este album é um daqueles como "London Calling" do Clash que vieram no lugar certo na hora certa. As letras de Jello aqui alcançam grandes autonomias abordando temas que passam por religião, idade, família, amigos, vida em geral, dinheiro etc...
A questão principal é que a música enquanto arte, mesmo sendo um rebuscado hardcore punk, ainda tinha algo a dizer. Com propriedade, não da boca para fora. É uma questão de perspectiva. Será que pagar 200 reais para ir em um mega show com tema de sustentabilidade, jogar lixo no chão e não levar nada com isso, somente fotos tiradas de um celular do último tipo para colocar no facebook, talvez seja a prática da vez?
Bla, bla, bla... Escutem o som aí. O punk não morreu não. Podem ter certeza. Hoje temos bandas poderosas com letras de grande significado como NXZero, Fresno e Good Charlotte. Aliás, nem escutem este disco do Dead Kennedys, é som velho, não presta. Melhor o top 10 da MTV.
Spitting venom classic.

Red Hot Chili Peppers - By the Way


 O oitavo album de estúdio de Red Hot Chili Peppers mostra os garanhões da California explorando estradas mais melódicas de harmonias e texturas, contrastando com o pioneirismo, dos becos funky do início. Por sorte, com esse som mais sofisticado, os Peppers não sacrificaram nenhuma de suas paixões pela vida, amor universal, energética marca registrada e (é claro) luxúria. Ainda que tenham gravado o provocativo "The Abbey Road E.P." em 1988, este album na verdade soa bem mais parecido com o "Abbey Road" dos Beatles, com um pouco de "Pet Sounds" e elementos dos arranjos luxuriantes de Phil Spector tudo destilado através dos experientes estilos funk-pop da banda. Vocais harmônicos e arranjos de cordas entraram no lugar de alguns dos baixos slap que inicialmente fizeram da banda reconhecida, mas fãs de ambos estilos do gentil e do agressivo Chili Peppers facilmente abraçam o primeiro single e faixa título, "By the Way". De fato, essa música por si só poderia contar uma breve história de tudo que Red Hot Chili Peppers já gravaram: incendioso funk de Hollywood, harmonias gentis, um pouco de letras sobre garotas, um pouco de curtir pelas ruas no verão, algumas rimas rápidas de Anthony Kiedis e algumas linhas de baixo nervosas de Flea. A canção toca como uma verão de áudio de um episódio de Behind the Music da VH1 de três minutos e meio. Em geral, o album tende mais para o lado melódico da obra da banda, mas eles despontaram para esse mais gentil e refinado modo de trabalhar progressivamente pouco a pouco, album a album. O que antes eram instantes espásticos de um estilo de vida punk-funk, cresceram em curtas porém coerentes histórias de introspecção e "Californication". Embora o passo do album dê uns tropeços algumas vezes (especialmente nos versos, os refrões são todos bem legais), é reconfortante ver que os quatro Chili Peppers continuam a crescer mais maduros e seguros de si mesmos, suas composições e habilidades parecem seguir uma cronologia adequada.
Sometimes, change is a good thing.
Megaupload
Audio do show que foi ao ar em março de 1992 pelo canal de televisão citado no título. O setlist foi espremido na época para encaixar-se ao formato de 30 minutos da emissora. Este CD contém alguns sons que não foram ao ar como "Oceans" e o cover de Neil Young "Rockin´ in the Free World".
Album que veio logo após o sucesso fenomenal de "Ten". De fato seis músicas desse disco aparecem aqui, assim como "State of Love and Trust" da trilha sonora do filme "Singles" e o cover de Neil Young. A voz de Eddie Vedder cumpre bem o seu papel aqui, deixando algumas músicas mais fortes que a versão original, como por exemplo "Black" que acaba soando mais obscura e animalesca que a versão baladinha gravada em "Ten".
Entretanto nota-se no som como tudo tinha vindo muito de repente para eles. Os violões tocados aqui são somente semi-acústicos e Jeff Ament toca baixo elétrico nas faixas mais pesadas. Em algumas faixas como "Evenflow" e "Jeremy" nota-se a falta de preparo na passagem da versão de estúdio para acústico, na verdade nenhum preparo anterior. Assistindo o DVD é possível perceber que a banda realmente estava mais no ímpeto de detonar tudo, como vinham fazendo, do que tocar no clima pretenso "Unplugged". E na verdade, nessa época a banda só tinha quatro músicas leves para serem facilmente colocadas em um acústico, se eles na época tivessem as músicas do "Vitalogy" este acústico estaria pau a pau com o tão aclamado do Nirvana.
E por falar em Nirvana, bem no final da última música deste CD, Vedder manda um recado para Kurt Cobain.
One of the landmark moments of the grunge era.

The Who - Higher Education

Bootleg lançado pela Tendolar com boa qualidade sonora. O disco tem as mesmas faixas do show no McDonough Gymnasium (Georgetown University, Washington DC, USA) em um domingo de de novembro de 1969, que apareceram em outro bootleg original chamado "Cops and Robbers". Na realidade "Higher Education" é o show contido em "Cops and Robbers" com as músicas fielmente na mesma ordem, mais faixas das demos de Pete Townshend e cortes de estúdio.
Oldie.

Alice Cooper - Billion Dollar Babies

Com "Billion Dollar Babies", Alice Cooper refinou a crueza de seus albuns anteriores em favor de um som mais polido (cortesia do super produtor Bob Ezrin), resultando em um disco de mega sucesso, #1 nas paradas da época. Faixa a faixa, o disco é o melhor e mais forte da banda original. Músicas como "Hello Hooray", a batida letal da faixa título, a desafiadora "Elected" (uma canção mais antiga chamada "Reflected" que foi reescrita), e a super conhecida "No More Mr. Nice Guy" permanecem até hoje entre as maiores conquistas de Alice Cooper musicalmente. Também faixas que foram o embrião do gênero gore/splatter das tantas bandas de hoje, como a necrófila "I Love the Dead" e a macabra "Sick Things". Também as menos conhecidas porém fortes "Raped and Freezin´", "Unfinished Sweet" e um daqueles clássicos que ficam ignorados pelo tempo, "Generation Landslide".
Nada parecia deter essa grande banda de hard rock na época, mas tensões entre os membros nos bastidores forçaram a estelar formação original se dissolver com apenas mais um album.
"Billion Dollar Babies" não somente é um dos melhores de Cooper, mas também um dos albuns essenciais da história do rock.
One of the best of 70´s hard rock.

Big Country - The Seer


Terceiro album propriamente dito do quarteto escocês que começa de cara com "Look Away", um conto marginal com um trabalho de guitarra bem legal de Bruce Watson e do cantor Stuart Adamson. A marca registrada da banda eram essas guitarras simulando gaita de fole, o que dava um ar folk local ao som. As melodias deste album levam o ouvinte exatamente para os lagos e montanhas da Escócia, com letras cheias de aventura e romance em um ambiente quase inocente. A banda esbanja aqui um talento perdido no tempo que não vemos mais nas bandas atuais, e comprova o fato de Big Country ser uma das bandas mais injustiçadas de todos os tempos, no rock, no pop ou seja no que for.
Besteira de quem diz que a banda estava ficando fraca em "The Seer". Um album que o pop/rock atual não é capaz de fazer. Além da faixa de abertura, temos a faixa título, "The Teacher", "I Walk the Hill", e algumas outras boas canções.
Este CD é um relançamento remasterizado de 1996 com algumas faixas bonus. Album para fãs da banda. Para os que ficam falando besteira sobre este disco, é recomendável comprar CD da Lady Gaga e chafurdar na lama da enganação.
Beautiful album from an underrated band.

Pretenders - Pretenders

Garotas fortes, garotas fortes. De repente o mundo estava inundado de garotas fortes. E Chrissie Hynde é uma das boas. Talvez nem todas as suas canções sejam singles campeões, mas ela tinha mais a oferecer emocionalmente e musicalmente (e sexualmente) do que a maioria da competição, a não ser que Patti Smith conte. Ela parece que toca para si mesma aqui mas também para os outros. Quando alterna entre força e ternura não parece que esteja fingindo ou exagerando, entretanto poderia estar. E ela converge essas mudanças com sua voz assim como com suas letras bem sacadas, com pitadas de gírias. O mesmo se aplica para as guitarras de James Honeyman Scott.
Not that consistent but a classic.

The Damned - Machine Gun Etiquette


Juntando forças sem Brian James, que seguiu interesses próprios desde então (somente jutando-se novamente à banda no final dos 80 para o "farewell" show), os três que sobraram trouxeram o jovem porém veterano Algy Ward do Saints para o baixo, gravaram um album, e seja o que Deus quiser. Isso acabou dando mais do que certo. Enquanto singles entravam nas paradas, "Machine Gun Etiquette" merecidamente era aclamado como mais um clássico da banda. Com o tempo, sua reputação cresceu ao ponto do original "Damned, Damned, Damned". Enquanto não menos forte que aquele album, a banda aqui traz uma variedade de toques e influências para criar um disco que a maioria de seus contemporâneos nunca poderiam nem imaginar. A banda não perdeu seu jeito punk esperto nem um pouco.
A faixa de abertura, "Love Song", é um amontoado engraçado de clichés românticos (exemplo: "I'll be the rubbish, you'll be the bin!") que mal dura dois minutos, enquanto "Noise, Noise Noise" e "Liar" trabalham na mesma veia. Essas, entretando, somente arranham a superfície. "Melody Lee", escrita por Captain Sensible para um personagem favorito dele das tiras de quadrinhos, começa com uma introdução no piano bem bacana, enquanto a raiva celebradora de "I Just Can't Be Happy Today" desemboca da garagem com teclados á la Electric Prunes. Outros pontos altos incluem "Plan 9 Channel 7", uma narrativa de drama épico sobre James Dean e Vampira com um vocal caprichado de Vanian. O casamento macabro de "These Hands" (que pertencem a um palhaço de circo assassino, com direito a música temática, é claro). E a versão para "Looking at You" do MC5. Outra supresa aparece no final com "Smash It Up" dividida em dois números com a primeira um tributo instrumental para um amigo de longa data e herói de Captain Sensible, Marc Bolan. E a segunda parte uma party/pop/punk/rock/r&b para fechar a festa.
Esta reedição em CD inclui algumas faixas adicionais como o cover de "Ballroom Blitz" do Sweet e "White Rabbit" de Grace Slick.
Creative punk.

The Misfits - Earth A.D./Wolfs Blood

Post de Halloween, um pouco atrasado. Último album com Glenn Danzig, ou o que seria o Misfits original, LP contendo nove músicas. O disco é curto e grosso. Ao invés de musiquinhas melódicas como antes, a banda vem com músicas rápidas, curtas e furiosas. As letras também ficaram mais gore, violentas e endiabradas. Album para os fãs mais dedicados da banda.
Hardcore from hell.

Ritchie Valens - Ritchie Valens


Ritchie Valens tinha apenas 17 quando ele morreu em 1959 no mesmo acidente de avião que ceifou as vidas de Buddy Holly e Big Bopper, e ele estava trabalhando há somente sete meses em um disco de estúdio quando a tragédia ocorreu. Por isso, seu legado musical baseia-se em mais ou menos um album e meio de material de estúdio terminado, um show high-school mal gravado, e um bando de fitas de ensaios e demos. Este album é basicamente um relançamento direto do primeiro de Valens para o selo de Bob Keane, Del-Fi, e apresenta essencialmente o único e verdadeiro material terminado por ele. Inclui o grande hit, "La Bamba". Virando o disco, "Donna" (que era na realidade lado A mas "La Bamba" emergiu com o tempo como sinônimo de Ritchie Valens). Uma bela versão de "Bluebirds Over the Mountain" e a cheia de clima "In a Turkish Town". Para quem for comprar fica mais aconselhável procurar a coletânea da Rhino, "Best of Ritchie Valens", que tem todas as melhores músicas do primeiro album e também as melhores de seu enjambrado segundo album, "Ritchie". É impossível adivinhar em que tipo de artista Valens poderia ter se desenvolvido. Mas este disco já dá uma boa idéia do que poderia ser. Uma lição para a molecada que se acha roqueira hoje em dia.
Before The Day the Music Died...