Pelos tempos do auge do Asian Dub Foundation no final dos anos 90, tornou-se um cliché os enaltecerem como o que o Reino Unido tinha de mais perto de um Clash ou Sex Pistols moderno, carregando a tocha da rebeldia punk. Uma coisa preguiçosa de certa maneira. A idéia de qualquer música que vestisse a roupagem política dos idos de 77 (e todo o resto) parecia conservadora por si mesma. Uma tentativa de acorrentar uma banda que foi feita para quebrar qualquer corrente que encontrasse. É um tanto desapontador reportar, então, que uma década depois de seu album incendiário de sucesso, "Rafi´s Revenge" de 1998, o ADF retornou com um album entitulado "Punkara", um amálgama de punk e Bhangra, que soa como um gênero preparado por um jornalista em seu intervalo de almoço.
Descrito pela banda como "um passo além dos sons de baladas" em favor de um som mais pesado e ska-punk/rap-rock, "Punkara" inicialmente desapontou: francamente é um pouco de Limp Bizkit, porém com batidas mais rápidas, e com letras tendendo para o polêmico com o jogo de palavras espertinho que as banda de nu-metal adoram (vide "Altered Statesmen", sobre líderes mundiais e suas predileções por refrescos químicos).
Ainda assim, equanto que o formato geral de "Punkara" não pareça nada revolucionário, contém alguma diversão incendiária para se curtir. Um cover de "No Fun" com Iggy Pop nos vocais poderia ser um daqueles momentos "e daí?", mas o ADF recria a faixa com marcantes tambores asiáticos, flautas evidentes e para seus créditos Iggy não parece se importar nem um pouco. Destaque do album, "Speed of Light", enquanto mistura cordas de Bhangra, vocais etéreos femininos e tempos galopantes de drum ´n´ bass com um efeito genuinamente inspirador. Não é o melhor disco deles, mas o fato do Asian Dub Foundation ainda estar lutando foi reconfortante por si só.
Youthful and creative.