Face to Face - Don´t Turn Away


Considerado por muito fãs como sendo um clássico, este album de estréia na Fat Wreck Chords (originalmente lançado na Doctor Strange, com somente alguns poucos milhares de cópias enviadas antes da compania sair do mercado) qualifica-se como essencial punk melódico dos anos 90. A primeira (e de longe a mais cru) das três gravações do Face to Face que incluem o mega sucesso de rádio "Disconnected", este disco de 13 faixas revela uma banda à beira do estrelato punk. "Don´t Turn Away" contém os membros originais Matt Riddle no baixo, Rob Kurth na bateria e o vocalista e guitarrista Trevor Keith. O único constante no que tornou-se uma mudança sem fim de formação. Keith demonstrou uma voz poderosa e bem definida, juntamente com um forte comprometimento para com o material. Cuidadosamente evitando o falso sotaque britânico marrento ao qual seus contemporâneos pop-punk dos meados dos 90 não conseguiam resistir. Fornecendo um excelente suporte para as criações características do líder da banda, a seção rítmica fica contida e fora do caminho através da maior parte de "Don´t Turn Away". O entusiasmo da banda extrai o melhor deles durante o material mais lento que soa inconsistente às vezes, mas muitos fãs devem considerar tais idiossincrasias cafeinadas até legais e esquecer os aborrecimentos quando o trio arremata versões de estúdio das aceleradas favoritas dos shows "You´ve Done Nothing" e "Pastel". Uma curtida retrô de "Don´t Turn Away" vai colocar novos ouvintes em algo que os aficcionados velha guarda do Face to Face já conheciam desde o lançamento do disco em 1992: desde o primeiro momento, Trevor Keith e companhia tinham os instintos para ao mesmo tempo reafirmar e transformar o punk. (Soa um pouco exagerado mesmo)
A classic!

A banda Billy Talent pegou sua curiosa denominação de um personagem do rockumentário ficcional e cômico de 1996 chamado "Hard Core Logo", o qual traçou as contínuas aventuras de uma banda punk envelhecida de Vancouver. A referência é provavelmente mais ressonante na base de origem do Talent, Toronto. Em qualquer outro lugar, fica um pouco estranho. Por sorte, o quarteto que dá nome ao lançamento pela Atlantic batalhou com afinco em fazer a música importar mais do que qualquer releitura ou revivescimento estilizado de um gênero. Por musculares, implacáveis e cruelmente cativantes 40 minutos, a banda atinge o cerdoso e melódico punk do Buzzcocks enquanto trabalha as dinâmicas de vocais duplos do Fugazi, costurando precisas quebras de guitarra em seus próprios hinos de três minutos. A influência de Buzzcocks é evidente e imediata. De fato, o Billy Talent convenientemente abriu em várias datas da turnê de reunião em 2003 dos veteranos. Assim como, o Talent se beneficiou da produção que trabalhou os refrões ao máximo em um pugilismo sônico. Mas enquanto Benjamin Kowalewicz berra e se esgoela nota-se que carrega algo da boca do interiorano e até melodramático Raine Maida do Our Lady Peace, suas letras pegajosas são ao mesmo tempo ásperas, e seu braço direito o guitarrista Ian D´Sa prefere tons mais tensos e angulares, ao invés da enorme compressão usada pelas bandas "punk de butique" que proliferaram na virada do século. "Try Honesty" e "This Is How It Goes" certamente possuem refrões pegajosos. Mas na última citada "Hold my breath until my heart explodes" é mais sombria do que qualquer tentativa banguela de desafiar autoridade do Good Charlotte. Não existem passagens hip hop ou power baladinhas aqui. "Living in the Shadows" e "Line & Sinker" são atos post-hardcore em petardos borbulhantes às raias do básico, mas reconstruídas com melodia. "The Ex" parece ser o mais direto revivalismo de dois minutos e meio de punk no Billy Talent. Mas mesmo sendo uma daquelas letras adolescentes de corno revolts os caras colocaram uma forte energia difícil de se falsificar. Acabou que o disco foi mega sucesso, não seria por menos.
Entertaining album.